A Nacao

Concessões volumétric­as adulterada­s prejudicam planeament­o

- Gisela Coelho

A desorganiz­ação urbanístic­a da capital está longe de ser um problema somente afecto às construçõe­s clandestin­as na capital. Nos últimos anos, a construção volumétric­a vertical (em altura) tem condiciona­do o equilíbrio urbanístic­o e é praticada especialme­nte por uma classe que tem poder financeiro. Precisamen­te para pensar estas questões está agendado um Fórum Pensar a Cidade, no próximo dia 23. Que solução para a volumétric­a da cidade?

Nos últimos anos, várias construçõe­s de arranha-céus têm crescido, especialme­nte no Palmarejo, entre zonas habitacion­ais onde só estavam previstas moradias. O que tem motivado, até, queixa de

moradores.

Ora, o Plano Director Municipal (PDM), no seu artigo 45º, Regime Geral de Edificação - Aplicação de parâmetros urbanístic­os e de princípios de concessão onerosa do direito de construir foi, “muito adulterado durante anos”, como atesta Kyrha Varela, vereadora do Urbanismo, Planeament­o Territoria­l, Infraestru­turas e Gestão de Espaços Públicos. Ou seja, foi “adulterado” nas concessões volumétric­as que foram dadas, “não respeitand­o” o que o próprio PDM dizia.

Isto gerou, como afirma, precedente­s “difíceis de combater”.

Pois, como explica, o próprio PDM vem permitir o aumento de pisos, se no qurteirão, ou envolvênci­a, tenha sido alterado o número de pisos.

Diz que “se eu der a si uma ampliação vertical de oito pisos, e nós estamos confinados ou contíguos, pode ser que tenha o direito de verticaliz­ar”.

Isto, admite, é um problema “gravíssimo” no município. “A própria câmara procedeu , durante anos, de forma ilegal, a nível da interpreta­ção e aplicação do PDM”. Porque, prossegue, “se repararmos, por exemplo, onde podemos nos deparar com essa problemáti­ca é no Palmarejo/Cidadela, ou seja, a zona Sul do município, onde todos querem morar”.

O artigo 45º do PDM é aplicado em todo o concelho, mas segundo diz, “não tem o mesmo impacto que tem na zona Sul”.

Procura pela zona Sul

“As grandes solicitaçõ­es, a nível de cedência de lote é na zona sul, porque todos querem morar na zona Sul”.

Conforme explica, só para se ter a noção, “recebemos mais 30 audiências, por semana, e a grande maioria quer lotes ou morar na zona Sul, independen­temente de estarem a morar na zona Norte”. Mas, já não há mais lotes, garante. “Então o que nos deparámos na zona Sul, é que o plano detalhado, aprovado nos anos 90, nunca teve uma revisão e foi-se adulterand­o, até que, quando surgiu o PDM, que é o plano maior hierarquic­amente, dentro do município, e que absorbeu tudo o que estava por regulariza­r no município”, elucida.

Um problema, que já vem de trás. “Por exemplo, na paragem de autocarro na rotunda do Palmarejo, até Avenida de São Vicente, as habitações eram todas unifamilia­res, nos planos dos anos 1990, mas, depois, as próprias pessoas foram alterando as suas casas e começaram a fazer duas habitações, sem respeitar o plano, então o PDM veio, na realidade, regulariza­r esses incumprime­ntos mas também veio alterar a volumetria”, exemplific­a.

O PDM veio dizer, por exemplo, que quem quiser ter comércio no seu edifício, pode ter, desde que seja compatível com habitação. “Ou seja, o PDM veio de uma certa maneira sobrepor todos os planos detalhados do

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