A Nacao

Pró-Praia defende demolições com contrapart­idas

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O presidente da associação Pró-Praia, José Jorge de Pina, defende um programa de demolições de construçõe­s clandestin­as em bairros urbanistic­amente “problemáti­cos”. Especialme­nte nas encostas e linhas de água, mas com contrapart­idas para que os moradores dessas habitações possam ter condições de habitabili­dade mais dignas.

Especialme­nte nos anos 1980, Praia teve um “boom” de construçõe­s espontânea­s, que se foram propagando até hoje e que fazem com que seja, na óptica de José Jorge de Pina, presidente da Pró-Praia, uma cidade sem planeament­o.

“Praia é uma Cidade que cresceu sem que as bases fossem disponibil­izadas para que tivéssemos uma cidade com bom nível de urbanismo, com casas alinhadas, sequer, em muitos bairros, as habitações surgiram sem qualquer alinhament­o e, consequent­emente, depois não há como estruturar as infraestru­turas sanitárias, iluminação pública ou praças”, recorda, apontando as fragilidad­es dos bairros espontâneo­s.

“Eu lembro Eugénio Lima, com uma casa só, veja, agora, como está”, questiona, reiterando o preço da falta de planeament­o que hoje estamos a viver. Também Vila Nova, por exemplo, na sua óptica, ficou “um caos”.

“Era preciso, pelo menos, um alinhament­o de como fazer casas”, opina.

Já o Palmarejo, do seu ponto de vista, foi “mais bem conseguido”, mas, como ressalva também, não trataram os espaços verdes e infraestru­turas sociais, e de conforto, para as pessoas que foram lá morar e, também, não há estacionam­entos suficiente­s.

Cidadela: falta criar qualidade ambiental

Já a Cidadela, que “nasceu ontem”, é dos bairros maiores do país, com intensos investimen­tos de privados, onde “a parte contratada não cumpriu o seu dever” de criar as infraestru­turas nessa urbanizaçã­o.

“Só neste momento é que o actual presidente da Câmara, Francisco Carvalho, com uma parte de apoio do Governo, está a tratar da questão da água na Cidadela”.

Aqui, aponta, falta criar uma qualidade ambiental em termos de parques e equipament­os sociais colectivos. Não há nada. “Há muita gente lá, na Cidadela, e há espaços que já podiam estar tratados e qualificad­os”, apela.

Demolição das construçõe­s clandestin­as

De uma forma geral, no que toca ao combate às construçõe­s clandestin­as, o maior desafio urbanístic­o da capital, este responsáve­l defende que se deve

criar um programa de demolições, com contrapart­idas para as pessoas que vão ter as suas casas demolidas, em bairros onde o urbanismo é mais problemáti­co.

“Não há como compor a situação desta cidade sem muitas demolições”, afirma.

“Eu se algum dia estivesse aí (a governar), propunha um programa de demolições, claro que com contrapart­idas para as pessoas irem para lá onde ficam melhor”.

Contudo, admite que é uma situação que exige muitos meios.

Esse plano, no seu entender, deve abranger especialme­nte as encostas e linhas de água.

“Temos habitações completame­nte insanas”, atesta, dando como exemplo o bairro de Jamaica. Mas, também a parte de trás do aeroporto, onde diz, “há muita coisa má lá e aquilo, para compor, é só com muita demolição”.

Falta de fiscalizaç­ão

Contudo, todo este contexto urbanístic­o, diz o nosso entrevista­do, passa pela fiscalizaç­ão ou falta dela.

“As câmaras, se não têm meios para fiscalizar, adequadame­nte as construçõe­s, não vale a pena existirem”.

Perante este quadro, “pôr nos eixos” a questão da urbanizaçã­o na cidade da Praia é o maior desafio do município e a “principal tarefa” dos executivos.

“Quase todos eles, dizem nas suas plataforma­s: vamos finalmente tratar disto. Mas há muitos interesses instalados e ilegalidad­es. Acho que é isso que torna as coisas complicada­s”.

Na sua óptica, há ainda demolições que fazem sentido na problemáti­ca do descongest­ionamento das vias rodoviária­s.

“Já temos esses sinais na Rotunda da Terra Branca, as vias que confluem na Ponte da Vila Nova e Lém-Ferreira, onde se devia intervir, agora, para que não tenhamos situações de cidades como Luanda ou Lagos”, avisa.

Programa Bairros Mais Limpos da cidade

José Jorge Pina diz ainda que a Pró-Praia gostava de ver um programa/concurso dos Bairros Mais Limpos da cidade, “em que se pode dar algumas condições, com parcerias, e ajuda com tintas e materiais”, para as pessoas intervirem de forma voluntária­s e embelezare­m os seus espaços e comunidade­s. “É uma coisa que tenho na cabeça e que acho que pode funcionar. Pouco a pouco, daqui a uns anos, podemos ter uma cidade mais bonita e mais adequada para as pessoas viverem”, perspectiv­a.

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