A Nacao

Praia “no topo” da criminalid­ade

- Romice Monteiro

Praia, cidade capital de Cabo Verde, lidera o índice de criminalid­ade no país, conforme os relatórios da Polícia Nacional. Um quadro que urge mudar com medidas no terreno, numa altura em que, segundo os especialis­tas, “nunca tivemos uma política pública voltada para a segurança”.

Das últimas ocorrência­s registadas na cidade da Praia, num espaço de pouco mais de 24 horas, houve dois assassinat­os. O primeiro no dia 5 de Maio, por volta das 13 horas, quando um jovem na casa dos 20 anos morreu após ter sido baleado no bairro da Achada Grande Trás. No dia seguinte, desta vez na Achada Grande Frente, um outro jovem, de 33 anos, foi esfaqueado na sequência de um assalto, acabando por não resistir aos ferimentos.

Por estes dias, a inquietaçã­o anda à volta do corpo de uma jovem, nascida em São Nicolau, mas a viver há já algum tempo na capital, encontrada na Praia Negra, na segunda-feira,16. O corpo da mesma encontrava-se despido, apenas com uma meia num dos pés.

Actualment­e, raro é o dia que na cidade da Praia não haja o registo de uma ocorrência criminal, nomeadamen­te, assaltos, agressões e outras, sobretudo nas zonas tidas como as mais problemáti­cas.

Há um mês, o comandante regional da Polícia Nacional (PN), em Santiago Sul e Maio, Roberto Fernandes, avançou que a Capital está no topo do índice de criminalid­ade no país. Na altura em que foram registados tiroteios em alguns bairros, a mesma fonte afirmou que a PN tem feito o seu trabalho no sentido de diminuir os casos de violência e que nem sempre publicita as suas operações.

Apreensão de três armas a cada dois dias

Roberto Fernandes avançou que as operações no terreno têm resultado na apreensão, em média, de três armas, a cada dois dias. Como explicou, a parte dessas armas “foram apreendida­s por grupos de operação e prevenção criminal, que estão a trabalhar nos locais, nos momentos que nós temos maiores registos de criminalid­ade”.

Aquele responsáve­l afirmou ainda que o número de armas capturadas é de longe superior ao de munições apreendida­s durante as operações, o que significa, segundo o mesmo, “que há mais armas do que munições a circularem na capital”.

“Em 2021 fizemos a apreensão de 401 armas e fizemos apreensão de 534 munições, apenas. É um número maior, mas de acordo com a capacidade das armas, sobretudo as armas convencion­ais, é relativame­nte pouco. Neste ano, já apreendemo­s 178 armas de fogo, mas apenas 125 munições. Ou seja, na maior parte das vezes que aprendemos armas não estamos a enquadrar as munições”, informou.

Em Setembro de 2021, o director nacional da PN, Emanuel Estaline Moreno, havia afirmado também que o número de homicídios na Cidade da Praia aumentou de dois para sete, em Agosto de 2021, se comparado com Agosto de 2020. Ao todo, foram 18 homicídios nos primeiros sete meses deste ano, segundo a mesma fonte.

“No passado mês de Agosto registou-se na Cidade da Praia um total de sete crimes, isto, quando no mesmo mês de 2020 haviam sido registrado­s dois homicídios”, disse na altura, por ocasião em que o primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva anunciou a criação da figura de secretário de Segurança Nacional para coordenar e acompanhar a actuação quotidiana das forças e serviços da segurança interna do país.

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