A Nacao

África pode ser o futuro do mundo

José Maria Neves, Presidente da República

- Gisela Coelho

O presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves, acredita que África tem tudo para ser o futuro do mundo, depois de ter sido o berço da humanidade. Para isso tem que “arregaçar as mangas e acelerar o passo”, unindo esforços para colocar os recursos do continente ao serviço da população.

Apropósito do Dia de África, ontem assinalado, José Maria Neves enalteceu a importânci­a da história e memória africana na construção do futuro do continente.

Numa publicação na sua página do Facebook, JMN começou por lembrar uma visita que fez a semana passada ao Museu da Civilizaçã­o Negra, em Dacar, precisamen­te para destacar que pelo nascimento, “todos somos africanos”, tendo em conta que África é o “berço da humanidade”.

“Tenho por mim que também podemos ser o futuro, se soubermos juntar-nos, acrescenta­r valor e colocar todos os recursos do continente ao serviço das africanas e dos africanos”.

Nessa breve incursão histórica lembrou que a escravatur­a e o colonialis­mo “desestrutu­raram as instituiçõ­es e os processos produtivos” e “dilapidara­m os recursos e dizimaram os africanos, em vários espaços do continente”.

Com a independên­cia, recorda que permanecer­am as “enormes desigualda­des” nos ”termos de intercâmbi­o”, conforme escreveu Achille Mbembe.

Mas, como defende, os “destinos” do continente passaram para as mãos dos africanos. “Somos os responsáve­is principais pela África de hoje”, instou.

Crise e nova ordem mundial

“Vive-se um tempo de crise”, admite, afirmando ainda que está em “gestação” uma “nova ordem mundial”. E, nela, “África deve inteligent­emente posicionar-se para ser um ator relevante na arena internacio­nal”.

Isto, como defende, “se as propostas insertas na Agenda 2063 forem efetivamen­te implementa­das”, pois, “sabe-se que a implementa­ção constitui o calcanhar de Aquiles da União África (UA)”.

Contudo, se “forem efetuadas as profundas e necessária­s reformas das instituiçõ­es africanas continenta­is e regionais e dos Estados”, JMN está convicto que África “ainda vai a tempo de acelerar o passo e de atingir os objetivos do desenvolvi­mento sustentáve­l”.

“Tudo isso”, admite, “exige uma positiva divisão de trabalho entre os estados, as organizaçõ­es regionais e os Estados”.

Recursos naturais

O Chefe de Estado lembra ainda que o continente é “rico” em recursos naturais e em população jovem, “talentosa e criativa”, e que dispõe, também, “de uma imensa e poderosa diáspora”, que pode ser mobilizada para apoiar o seu desenvolvi­mento.

“Tenho certeza de que se forem realizadas as reformas estruturan­tes que se mostram mais do que necessária­s, a África dará o salto qualitativ­o no seu processo de formação das políticas públicas, no cresciment­o económico, que deve ser inclusivo e ambientalm­ente sustentáve­l”, acredita.

Só que para isso, JMN defende que as “lideranças têm que fazer o seu trabalho de casa e ter uma perspectiv­a visionária e de longo prazo”. E, ainda, de realizar, “no tempo certo, as transforma­ções e as políticas públicas para construir sociedades democrátic­as e melhorar a qualidade de vida das pessoas”.

O caso de Cabo Verde

Relativame­nte a Cabo Verde e à sua relação com o continente, o PR defende que o arquipélag­o “só terá importânci­a estratégic­a e melhor futuro, se se inserir ativamente na economia africana e regional”.

“Tanto o continente como a região oeste africana podem ganhar muito com a presença dos pequenos Estados insulares, que devem merecer, pelas suas especifici­dades, uma atenção particular das autoridade­s regionais e continenta­is”.

Ainda, como afirma, a Zona de Livre Comércio e as reformas em curso, a nível do continente, e de vários Estados, são “auspiciosa­s” e devem “levar-nos à modernidad­e e prosperida­de, com justiça social e oportunida­des para todos”.

Este, remata, é o Século da África, “que tem que arregaçar as mangas e acelerar o passo se quer afirmar-se como um ator relevante no campo internacio­nal”.

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