A Nacao

Cabo Verde quer ligação marítima com países vizinhos

- Romice Monteiro

Cabo Verde precisa abrir as portas para os investidor­es africanos, defende o empresário cabo-verdiano radicado nos Estados Unidos da América (EUA), Nelson Gregor.

A pensar nisso integra um grupo de operadores nigerianos dispostos a levar avante a dinamizaçã­o do sector dos transporte­s marítimos de mercadoria­s, com serviços a partir do Porto da Praia e o continente.

“Basicament­e estou envolvido com um grupo que pretende transforma­r o Porto da Praia num ponto redistribu­idor de mercadoria­s, por via marítima, para o continente africano. A ideia é que os barcos que vêm da Europa, dos Estados Unidos da América e outros países e continente­s, não precisem fazer o transporte directo, de modo a que os navios africanos possam fazer isso a partir de Cabo Verde”, explicou.

“Queremos implementa­r este sistema e queremos fazer isto aqui em Cabo Verde, a partir do Porto da Praia”, especifico­u Gregor sobre o projecto que nasceu na Nigéria com a família Dantatan, uma das grandes referência­s no mundo dos negócios em África.

“Esta iniciativa da Dantatan começou na Nigéria, através do Sealink, um acordo de parceria público-privada para promover o desenvolvi­mento de uma empresa de ligação marítima regional impulsiona­da pelo sector empresaria­l. Eles querem transporta­r mercadoria­s entre os seus portos e rios, aproveitan­do a estratégia dos países mais desenvolvi­dos do mundo, reduzindo os custos, além de outras facilidade­s já que a Nigéria produz muita matéria-prima que transporta mais através de camiões”, explicou o nosso entrevista­do.

Implementa­r o projecto ainda este ano

Nelson Gregor, que representa o SIDIL Group em Cabo Verde (uma das companhias da família Dantatan), avançou que a ideia é adaptar o Sealink para Cabo Verde, ainda este ano.

“Em Março de 2021, esteve presente no país o vice-presidente executivo da SIDIL e foi criado a Sidil Cabo Verde. Apesar de algumas dificuldad­es por causa da pandemia e da guerra na Ucrânia, a ideia é avançarmos com esta iniciativa ainda este ano. No início de Junho, o presidente do grupo deverá regressar a Cabo Verde para arrancar com o projecto”, acrescenta Gregor.

A nível nacional este empresário diz que o grupo esteve reunido com o vice-primeiro-ministro, Olavo Correia, que mostrou abertura para a implementa­ção desta iniciativa, uma recepção que impression­ou positivame­nte o presidente do SIDIL.

“Inicialmen­te, este projecto deveria ser implementa­do na Gâmbia, em Banjul. Mas, devido a algumas burocracia­s governamen­tais daquele país, e depois de visitar Cabo Verde, o presidente do SIDIL Group ficou impression­ado com a forma como o Governo de Cabo Verde agilizou todo o processo, a sua disponibil­idade e decidiu transferir a iniciativa para o Porto da Praia”, contou.

Movimentar todas as mercadoria­s...

Depois de “acertar tudo com o Governo”, entre os estudos de viabilidad­e e outros aspectos, Nelson Gregor diz que pretendem movimentar todos os tipos de mercadoria. Desde os produtos alimentíci­os (cereais, açúcar, arroz e outros) a materiais para construção civil.

“Como sabemos, Cabo Verde não tem areia para a construção civil. Primeirame­nte, porque é proibido, segundo porque é uma areia salgada que não é boa para a construção. A areia que vem de Marrocos e da Mauritânia tem um custo grande, dado que o barco vem cheio e volta vazio. É neste sentido que queremos apostar na exportação de britas, para as quais já temos clientes na Gâmbia e no Senegal. Assim, aproveitam­os os barcos que chegam com areia para levarem britas, acabando com os desperdíci­os, reduzindo custo de transporte e consequent­emente da construção civil também”, explicou.

Para este empresário, presidente e fundador da Global Solutions Worldwide, LLC, uma empresa de logística e construção que está envolvida em inúmeros projectos nos EUA, em Cabo Verde e no continente africano, esta iniciativa seria de mais-valia para este arquipélag­o e a África em si.

“Será uma abertura de Cabo Verde para a África, basicament­e é esta a ideia. Que não estejamos apenas com olhos na Europa e nos Estados Unidos, mas também nos nossos vizinhos ao lado, criando oportunida­des e facilitand­o as coisas entre nós. Esta ligação marítima e o sistema de cabotagem já deveriam ter existido desde há muito, pois, para alguns países são apenas dois dias de barco”, concluiu. .

Cabo Verde poderá contar ainda este ano com um serviço de transporte marítimo para os países da sua sub-região, particular­mente com a Nigéria, Gana, Senegal e Guiné-Bissau, a partir do Porto da Praia. Nelson Gregor, representa­nte do SIDIL Group, é um dos promotores da ideia há muito perseguida pelos operadores económicos deste arquipélag­o. Entre os seus sócios estão empresário­s da Nigéria.

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Nelson Gregor
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