Como a cidade da Praia lida com árvores
O povoamento instala nas ilhas uma economia agrícola e cultura predadora de árvores num ambiente de escassez de recursos naturais e inospitalidade climática. O desenvolvimento dos solos, da biodiversidade, dos recursos hídricos sofre revés e a aridez do clima é promovida. A multiplicidade de utilidades dada às árvores abre portas à depredação que mais degradação ambiental causa. Desafortunadamente, na Praia a predação alastra-se e tem sustentáculo na camada jovem. O desinteresse pela saúde vegetal na urbe convive com atos gratuitos de agressão e vandalismo sobre a escassa vegetação. A relação equilibrada entre as espécies vegetais e humana e o meio é subitamente quebrada. O praiense deixa de experimentar a sensação física e psicológica de bem-estar que resulta quando interiorizamos a natureza e então nos sentimos bem. Com o praiense a viver mais tempo e de posse de mais anos de escolaridade a predação pode não dar sinais de finar no curto prazo!
Muita gente contra-argumenta: É exagero! Alarme falso! As árvores e arbustos vegetam sem a ajuda de ninguém. Espécies desaparecem e surgem outras! Assim é e sempre será! OK! Compreende-se! Mas… há sinais claros que o convívio com a árvore na cidade da Praia é conflituante. Assim, no passado recente…
O crescimento e desenvolvimento da cidade abraçou a asfaltagem (rodovias), a betonagem (edifícios) e a cimentação (calçadas).
A asfaltagem condena à morte as árvores que ladeiam as vias contempladas. Árvores são abatidas a favor de espaço para asfaltagem, calçadas e edificação. A construção de habitações nem sempre ocupa espaços adequados em matéria de solos, exposição e declive! Ribeiras são ocupadas e obstruídas, pelas habitações e escombros das escavações, as passagens de água. As espécies removidas não são repostas e ou transplantadas e razões não são avançadas. O resultado é risco adicional de um desastre natural. Abates e podas drásticos. Abates acontecem a qualquer altura do ano haja floração e/ou frutificação ou não! As podas são drásticas e executadas haja floração e/ou frutificação ou não! O produto é deixado ao relento para ressecar. Os tocos raramente são recolhidos. A dispersão de folhas secas faz lembrar outono em outras terras. A exploração de lenha segue à secagem ao sol! Isto acontece em zona habitada e não habitada (ladeiras).
Aceita-se que, por razões de segurança física de pessoas e bens e defesa da saúde pública, o abate e poda drásticos possam ser justificados e sanados sim, mas, através de abate e poda controlados de galhos, ramos e raízes em contacto com a rede pública de transmissão de energia e comunicações e com a rede de distribuição de água potável e colecta de água residual. O uso de espécies adequadas a solos urbanos rasos e o funcionamento corrente e gestão fiável da vídeo vigilância montada na cidade podem sanar a situação.
Os praienses passam a enfrentar riscos acrescidos de derrocadas, enchentes e alagamentos. Subidas de temperatura, por vezes acompanhadas de corte de abastecimento de água e energia erodem as magras condições de vida dos praienses.
Acredita-se piamente que: a) praienses no geral sabem e entendem o valor e a importância das árvores para uma natureza “biodiversificada” saudável; b) onde quer que estejam, possam plantar consciência sobre a importância de uma natureza saudável para as suas vidas e considerem imperativo plantar árvores; c) a execução de um plano municipal de gestão da arborização urbana, onde a escolha correta de espécies arbóreas com potencial comprovado de uso urbano e ajustado ao solo magro esteja contemplada, o cumprimento judicioso das posturas municipais e uma atuação pedagógica da futura polícia municipal sejam capazes de finar a predação!