A Nacao

Sonho de emigração: é preciso ter foco

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Assim como boa parte dos cabo-verdianos, Tony Medina conta que desde sempre alimentou o sonho de emigrar. Conheceu os EUA ainda criança, nas viagens com os pais para passar férias, mas, foi em 2010, ao terminar o liceu, que se mudou de vez para o país, para se integrar na universida­de e estudar pilotagem.

“Esta minha nova jornada começou em Boston, onde cheguei com 18 anos de idade, diretament­e para a universida­de, com um objectivo e muita ambição”, recordou, garantindo, por outro lado, que as expectativ­as nem sempre se revelam realidade.

“Tem um velho ditado, entre quem vai para os EUA, que diz quem ri no começo chora no fim, e vice-versa. Obviamente não é algo que devemos generaliza­r, porque há quem vá e encontre o apoio de uma estrutura familiar até conseguir alcançar os seus objectivos. No meu caso, tive muitas decepções, mas também muitas conquistas. O meu progresso e onde estou hoje pode falar por si”, considera.

O choque da independên­cia

O importante, segundo diz, é saber se adaptar. “Meu maior choque de realidade foi me ver nos EUA sem a minha rede familiar, especialme­nte a minha mãe, e me sentir independen­te. Não estava maduro o suficiente para enfrentar a nova vida e isso acabou por me balançar, de certa forma. Mas, com objectivo e foco, consegui entrar novamente no meu caminho e tudo correu bem”, garante.

Emigrar, conforme diz, pode ser um processo difícil, que exige força, dedicação, ter muita ambição, mas, também, ser uma pessoa muito organizada, focada e com um “espírito forte”.

Um jovem empreended­or

Fora do mundo da música, o jovem praiense revela-se empreended­or, com negócios na área de aluguer de carros e vendas online, para além de manter um emprego numa companhia aérea. O segredo, segundo diz, é estabelece­r um equilíbrio entre aquilo que sustenta a sua vida e família, e aquilo que é seu hobby.

O jovem gere duas plataforma­s de vendas online, através das quais pretende disponibil­izar produtos de Cabo Verde para a comunidade nos EUA.

“Se fores na Amazon, por exemplo, e escrever Cabo Verde, vão aparecer alguns chaveiros, t-shirts com bandeira do país e pouco mais. Não se encontra algo mais tradiciona­l ou com valor sentimenta­l. Então é isso que quero fazer. Para que as pessoas que estão lá não tenham de esperar até que um familiar vá de Cabo Verde para lhes levar alguma coisa”, sustentou.

Tendo presente as oportunida­des que hoje o mundo digital oferece, e salvaguard­ando a diferença de realidades e mercados entre EUA e Cabo Verde, Medina diz que Cabo Verde é “uma mina de ouro” que os jovens podem aproveitar.

“Estou a ver alguns investimen­tos que, dez anos atrás, as pessoas diziam que era impossível, incluindo nas áreas digitais. Então já existe uma curiosidad­e neste sentido. É preciso saber explorar e tirar proveito, de boa forma, das ferramenta­s que os jovens têm à disposição”, encoraja.

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