O início de uma nova era para Cabo Verde
Cabo Verde já está ligado ao cabo submarino de fibra óptica de última geração – EllaLink. Na passada segunda-feira,6, deu-se início a uma nova era para as telecomunicações e internet no país. O EllaLink está projetado para atender à demanda de tráfego entre a Europa e a América Latina, com possibilidade de inclusão do tráfego da região da CEDEAO, a partir de Cabo Verde. Dez vezes mais capacidade de trafego, maior securidade e uma redução de 40% da latência são algumas das vantagens. Um mundo novo para os negócios digitais se abre.
Ocabo submarino de fibra óptica de última geração – EllaLink já é uma realidade em Cabo Verde.
Uma realidade que vai revolucionar as telecomunicações e o acesso à internet no país. Tudo graças à visão da CVTelecom, traduzida num investimento de 30 milhões de euros, sendo 25 mobilizados junto do Banco Europeu de Investimento (BEI).
A cerimónia que oficializou a entrada em funcionamento do EllaLink aconteceu na passada segunda-feira,6, no hotel Praia Mar, na cidade da Praia e foi presidida pelo Primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva, na presença de vários outros governantes, empresários e inúmeras personalidades de diferentes sectores.
O EllaLink surge como um passo de transcendente importância na estratégia nacional de transformação de Cabo Verde num Hub Digital.
As expectativas são, por isso, grandes no que toca a uma nova era, para a transformação digital no país e para a própria descarborização da economia, em curso a nível mundial, abrindo, assim, novas oportunidades para a criação de negócios digitais.
O início de uma nova era
O EllaLink vai dar resposta à demanda de tráfego entre a Europa e América Latina, com possibilidade de inclusão do tráfego da CEDEAO, a partir de Cabo Verde.
As bases para o início desta nova era, conforme recorda João Domingos Correia, Presidente do Conselho de Administração da CVTelecom, remontam a 2016, altura em que a empresa tomou conhecimento desse grande projecto transatlântico.
“Em 2018 celebramos o contrato que permitiu a adesão da CVTelecom ao projecto. Em Fevereiro de 2021 o cabo transatlântico EllaLink aportou e se amarrou à cidade da Praia. E, hoje, com a activação do sistema, fica um marco histórico de grande relevância para o país e para o sector das telecomunicações”, afirmou.
Vantagens
As vantagens, como explica o PCA da CVTelecom, são inúmeras, especialmente devido à maior largura de banda e rapidez, que abrem novas oportunidades para a criação de negócios digitais no país.
“A indústria de dados, a realidade aumentada, os jogos online, o 5G, os conteúdos em formato 3D, não se compaginam com
a velocidade que o cabo submarino WACS (Sistema de Cabos Submarinos da África Ocidental) pode disponibilizar”, enumerou, para exemplificar as oportunidades de mercado que o EllaLink vai permitir desenvolver.
Esse responsável destacou ainda que, ao abraçar este projecto da ligação ao EllaLink, está-se a criar novas oportunidades de gerar riqueza com foco no sector digital e tecnológico, em sintonia com a estratégia do Governo.
Hub Tecnológico em África – PM
Também o Primeiro-ministro (PM) de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, destacou a importância do projecto EllaLink para o arquipélago, indo ao encontro, como disse, à meta do Governo no que toca à transformação digital como um acelerador do desenvolvimento sustentável do país.
“Temos o propósito de posicionar Cabo Verde como um Hub Tecnológico relevante em África e no Atlântico Médio”, começou por dizer, avançando, depois, que este novo cabo submarino de fibra óptica de última geração, que liga Cabo Verde à Europa e à América Latina, “é um fator importante para o alcance desse objetivo”.
Ulisses Correia e Silva realçou que o mesmo representa, “uma nova era nas telecomunicações e internet em Cabo Verde”, uma vez que vai servir para aumentar “a competitividade do país”.
Nesse sentido, destacou que o EllaLink “responde aos requisitos cada vez mais exigentes da Internet: a conectividade e a velocidade e transmissão de grande quantidade de dados a grandes distâncias”.
Ingredientes
O capital humano, a boa localização geo-estratégica, o facto de Cabo Verde ser um país estável, de baixos riscos políticos e sociais, aliados ao percurso do país no desenvolvimento das telecomunicações, internet e governança eletrónica, são, no entender do Chefe do Governo “ingredientes” que permitem ambicionar posicionar Cabo Verde como um Hub Digital.
“Com capacidade de atrair investidores de referência, atrair nómadas digitais, exportar serviços, criar oportunidades de empreendedorismo e de emprego qualificado para os jovens e potenciar a centralidade da diáspora. E, aumentar significativamente a contribuição da economia digital no PIB”, destacou.
Meta de, pelo menos, 25% do PIB
O chefe do Executivo cabo-verdiano estima que, actualmente, o sector digital represente 6% do Produto Interno Bruto (PIB), mas garante que o objectivo é atingir os 25%, especialmente agora com a ligação ao EllaLink.
Para além do EllaLink, o governante lembrou ainda que está em curso o projecto do cabo regional do sistema Share Cable, que ligará Dakar (Senegal) à Praia, e vai também contribuir para a criação do Hub Digital.
“Está praticamente finalizado e entrará também brevemente em funcionamento. Permitirá melhorar consideravelmente a largura de banda total de exportação internacional entre Cabo Verde e Senegal e entre os países vizinhos da África Ocidental”, concluiu.