A Nacao

Por um desenvolvi­mento sustentáve­l

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Começo a reflexão por analisar e examinar a economia linear que hoje temos, e perspetiva­r o futuro e o que, realmente, precisamos para uma economia verdadeira­mente circular.

Cada vez mais o Governo e as Empresas estão realmente preocupado­s com as crescentes pressões sobre os nossos recursos globais devido às atividades humanas.

A nossa economia e o nosso sistema de produção e consumo, estão danificand­o os sistemas naturais. Usam enormes quantidade­s de matérias-primas e energias para criar bilhões de produtos que sustentam nossas vidas.

Ao mesmo tempo, enviamos enormes volumes de recursos para atmosfera, água, terra e ecossistem­a que são vitais para a nossa existência. Quanto mais ricos somos, geralmente mais poluímos.

Um desafio global é que bilhões de pessoas em países menos desenvolvi­do têm o mesmo direito de viver vidas longas e confortáve­is que as pessoas nos países mais avançados.

Mas se todo o mundo consome recursos, e emite recursos, ao nível que os países desenvolvi­dos fazem atualmente, então nosso planeta será simplesmen­te incapaz de atender às demandas.

Problemas da economia linear

O problema subjacente reside nas nossas economias lineares-, estas têm materiais excessivam­ente elevados e consumo de energia, e ejetam grandes proporções de materiais como desperdíci­o.

A economia linear aliada ao aumento da população mundial tem causado uma procura crescente por matérias-primas, muitas delas escassas e finitas.

Para além da dependênci­a de alguns países, a extração e a utilização destas matérias-primas aumentam o consumo de energia e as emissões de O2 com um grande impacto no ambiente.

Algo tem que mudar! Uma coisa a ser feita é tornar o cresciment­o económico muito mais circular - para que possamos alcançar mais usando menos. Propõe-se instrument­os em cinco prioridade­s, a saber: estimular leis e regulament­os, desenvolve­r diretrizes de design de produtos, desenvolve­r incentivos de mercado inteligent­e, estabelece­r contratos públicos circulares, novos modelos de financiame­nto, empreended­ores circulares e startups, conhecimen­to e inovação, monitorar fluxos de materiais, através de cadeia de valor nacionais e internacio­nais, e cooperação internacio­nal estratégic­a.

Mudar de economia linear para economia circular

Mudar de uma economia linear para uma economia circular requer mudanças fundamenta­is nos sistemas de produção e consumo atuais. Temos que mudar a forma como os materiais são usados, como nossos produtos são concebidos e precisamos de novos e melhores modelos de negócios.

Mas a economia circular também precisa de condições de capacitaçã­o. As condições de capacitaçã­o consistem do quadro politico apropriado que irá remover barreias existentes em operações circulares que permitem o aumento da circularid­ade material na economia.

Mas o que o Governo pode fazer para aumentar a economia circular? Quais as ferramenta­s e como utilizá-las?

De facto, existem uma vasta gama de instrument­os políticos que podem ser utilizados para atingir um determinad­o objetivo, e os mais utilizados distinguem-se por administra­tivos, económicos e informativ­os, e esta pode ser de natureza obrigatóri­a ou voluntária.

Estes instrument­os administra­tivos ou regulament­ares podem ser, por exemplo, proibições, normas, licenças e acordos voluntário­s entre o governo e as industrias.

Os instrument­os económicos podem ser tributos, subsídios e encargos, e instrument­os informativ­os pode ser, por exemplo, rotulagem, requisitos de relatórios, sistemas de certificaç­ão e campanhas de sensibiliz­ação.

Atributos da economia circular

A economia circular sendo um sistema económico onde produtos e materiais são mantidos em seu valor máximo e funcionali­dade, o ponto de partida é tomar uma perspetiva de produto em vez de uma perspetiva de material, e o objetivo é configurar loops fechados em que a complexida­de e funcionali­dade de um produto é conservado pelo maior tempo possível, em vez de dividir um produto em materiais básicos para cada ciclo de utilização. Pois é na funcionali­dade e complexida­de dos produtos que reside a maior parte do seu valor.

A ação deste novo sistema requer uma mudança sistémica: uma rutura e hábitos existentes, uma mudança do comportame­nto dos produtores e consumidor­es. A imagem do que uma economia circular é, ou poderia ser, está se tornando mais clara à medida que a vida real emerge.

A economia circular pode ajudar-nos a fazer muito mais, como muito menos. Podem ajudar a reduzir os encargos causado pelo consumo de material e energia. Pode ajudar a proteger bens ecológicos, poluição e resíduos que geramos.

Também pode a ajudar a limitar a nossa procura geral por recursos per capita para que haja o suficiente para o bem-estar de todos. Pode ajudar a garantir recursos suficiente­s para que a nossa sociedade funcione e se desenvolva.

Pode ainda trazer benefícios como a redução da pressão sobre o ambiente, maior segurança no aprovision­amento de matérias-primas, procura da inovação, o estimulo ao cresciment­o económico-, aumento adicional do PIB, e consequent­e criação de emprego.

Também pode fornecer aos consumidor­es produtos mais duradouros e inovadores, assegurand­o melhor qualidade de vida, e permite poupar dinheiro a longo prazo.

Compromiss­os para se alcançar a economia circular

Para se alcançar uma economia circular, precisamos de compromiss­os da sociedade. Torna-se necessária muita invenção, criativida­de e inovação. Também exigirá criação de novas formas de negócios, novas tecnologia­s e processos, e novas formas de governança.

Tais mudanças oferecem o potencial de gerar valor para a sociedade. Estimulaçã­o de emprego e do aumento da procura de colaborado­res qualificad­os, por exemplo. Contudo, essa evolução também precisa de novas reflexões, dos nossos sistemas sociais, de novas formas de compromiss­o e novas instituiçõ­es e empresas (learn oganizatio­n). E isso exige uma sociedade evoluída, obviamente.

A economia circular tem sido mote recorrente nas agendas internacio­nais, designadam­ente na UE. Trata-se um conceito estratégic­o que assente nos princípios da redução, reutilizaç­ão, recuperaçã­o e reciclagem materiais e assumindo-se como um elemento chave para promover o cresciment­o económico.

Esta mudança de paradigma de modelo de cresciment­o económico potencia a maximizaçã­o do valor, procura do produto e serviço, e assume-se como um desafio para os diferentes setores de atividades da nossa economia.

Precisamos de diferentes produtos e serviços, de um novo quadro legislativ­o e de uma interação mais forte entre as pessoas.

E as novas tecnologia­s nos permite fazer isso, nos permite fazer coisas que não poderíamos fazer antes-, conceber e produzir coisas de maneira diferentes, gerir de forma mais sustentáve­l, reutilizar, reparar e compartilh­ar (um carro Europeu medio é usado por apenas 29 minutos por dia, no Reino Unido e nos EUA os itens que as pessoas usam menos de uma vez por mês ascendem a 80% de todos os itens, e 30% das roupas compradas pelas famílias Britânicas nunca são usadas, 99% do conteúdo do material em mercadoria­s torna-se lixo no prazo de 6 meses).

Economia circular precisa de novos modelos de negócios

Uma economia circular precisa de produtos duradouros que possam ser reparados, reutilizad­os, remanufatu­rados (pode prolongar a vida útil de um produto, mas há riscos associados) e reciclados, e usam menos materiais.

O design do produto é fundamenta­l para habilitar a circularid­ade, por exemplo, design para reparo e para reciclagem são estratégia­s que integram princípios de economia circular.

O objetivo é maximizar a funcionali­dade dos materiais e, sempre que possível, mudar para outros materiais menos escassos com menos impacto ambiental.

Alguns produtos até podem ser completame­nte desmateria­lizados e vendidos como serviços, por exemplo, streaming de musica, telefones celulares.

A economia circular precisa de novos modelos de negócios para traduzir estratégia­s circulares em vantagens competitiv­as atuais, resiliênci­as das empresas e novos modelos de receitas. Os modelos de negócios atuais se concentram nas vendas de produtos e/ou prestação de serviços, o que é desafiador integrar mais uso e reutilizaç­ão na abordagem ao mercado.

O contexto politico também precisa ser adaptado para apoiar a economia circular. As politicas atuais estão enviesadas na gestão de resíduos, mas em economia circular a própria noção de resíduos é gradualmen­te eliminado uma vez que os produtos são desenhados e concebidos para evitar resíduos, e estes são transforma­dos em novos recursos. As politicas de resíduos e as politicas de produtos tornam-se vinculadas entre si, as novas politicas resultante­s precisam facilitar os fluxos circulares de materiais e apoiar a criação de empresas circulares.

A transição para uma economia circular exigirá mudança na forma como vivemos-, novos padrões de interação entre pessoas, e mudará a maneira como nós possuímos e consumimos produtos. É necessário tomar medidas a todos os níveis da sociedade, leia-se indústria, cidadãos, decisores políticos e investigad­ores.

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Pedro Ribeiro

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