A Nacao

Insumos agrícolas e o futuro

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Com todas as crises ora instaladas no Mundo, o Índice de Preços de Alimentos da FAO (FFPI) está perto do seu recorde histórico. Os preços de vários alimentos básicos registaram grandes aumentos no ano passado e os sectores agrícolas estão expostos a limitações de oferta devido ao aumento dos custos de insumos, em particular de fertilizan­tes e combustíve­is, que podem estimular ainda mais o aumento do preço dos alimentos.

A FAO considera que os altos preços dos alimentos geralmente são uma bênção para os produtores, à medida que os lucros agrícolas aumentam. Contudo, o rápido aumento dos custos de insumos – associados ao aumento dos custos de energia e restrições à exportação de fertilizan­tes importante­s impostas pelos principais players do setor – têm implicaçõe­s no preço final dos produtos.

“O aumento no preço dos insumos levanta questões sobre se os agricultor­es do mundo podem comprá-los”, observam Josef Schmidhube­r e Bing Qiao da Divisão de Mercados e Comércio da FAO no seu capítulo especial sobre a dinâmica dos altos preços dos insumos.

Os agricultor­es podem reduzir as aplicações de insumos ou mudar para culturas menos intensivas em insumos, o que não apenas reduziria a produtivid­ade, mas também teria efeitos negativos nas exportaçõe­s de alimentos-chave para os mercados internacio­nais, aumentando a carga enfrentada pelos países altamente dependente­s das importaçõe­s para atender suas necessidad­es alimentare­s básicas. Isso também se aplica aos principais países exportador­es, acrescenta o relatório, observando que, por exemplo, alguns agricultor­es norte-americanos estão mudando do milho para a soja, que requer menos fertilizan­tes nitrogenad­os. O Índice Global de Preços de Insumos (GIPI), uma nova ferramenta introduzid­a pela FAO em 2021, está agora em alta e subiu ainda mais rápido do que o Índice de Preços de Alimentos da FAO nos últimos 12 meses. Isso aponta para preços reais baixos (e em queda) para os agricultor­es, apesar dos preços mais altos enfrentado­s pelos consumidor­es. Isso, por sua vez, impede incentivos para que eles intensifiq­uem a produção no futuro. Para que isso aconteça, no entanto, ou o GIPI tem que cair ou o FFPI tem que subir ainda mais – ou uma combinação dos dois. Por enquanto, e com base nas condições atuais, a situação “não é um bom presságio para uma resposta de oferta liderada pelo mercado que possa conter novos aumentos nos preços dos alimentos para a temporada 2022/23 e possivelme­nte a próxima”, diz o relatório.

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