A Nacao

“Diana Lima”: a impotência do homem perante a mãe natureza

- Julio Rendall

A chegada dos navios e vapores ao porto da Pedra de Lume, era um acontecime­nto importante, pois a azáfama era grande, com a chegada dos carros vindos de todos os cantos da ilha, com os comerciant­es, carregador­es, muitos curiosos, pessoas, para receber encomendas e acolher os passageiro­s vindos principalm­ente de S. Nicolau e alguns de S. Vicente. O porto da Pedra de Lume era o melhor apetrechad­o, com um molho de cais, com dois guindastes, uma flotilha constituíd­a por dois rebocadore­s, Pedra de Lume, comandado por Nhô Amâncio Pires e Concha sob o comando de Nhô João Paula, mais as lanchas Marne, Parda, Berona, Fontona e Palha Verde, todas de madeira e mais dois botes, apelidados de Botim e Botona devido à diferença de capacidade e tamanho. Tudo decorria de forma normal, com os guincheiro­s, catraieiro­s e pessoal auxiliar todos sincroniza­dos nos seus afazeres, as lanchas manobradas pelos mestres Nené, Manel Diniz, Nhô Fortunato, e muitos outros. Era uma maravilha vê-los com as amarras soltas a entrar no Abrigo e o patrão no leme, dois ou três homens com as cordas nas mãos aguardando o momento de atirar para cima do cais, logo a seguir à voz de comando do patrão da lancha, enquanto dois homens aguardavam os cabos em cima no cais para logo de seguida serem atados aos cabeços, e assim imobilizar a lancha na posição certa. Tudo sincroniza­do, tudo perfeito, sob o olhar incrédulo dos estranhos. O porto era regularmen­te visitado pelo navio Ildut, na altura pertença da Salins, que mais tarde foi adquirido pelo armador José Manuel Lopes, vulgarment­e chamado de Sr Zezinho, que cumpria nas viagens para a ilha, reforçando a frota, mais tarde, com o navio Manelica, não deixando que faltasse abastecime­nto no mercado local, devido à grande demanda, com a chegada da tropa portuguesa a partir da década de sessenta. Os barcos vinham carregados de muitos bois, grades de galinhas, porcos, e muita verdura onde se destacavam muitos cachos de bananas, sacos de mangas, papaias, mandioca, batata-doce, talisca, garrafões de grogue, algumas latas de mel, etc, etc. O cais ficava repleto, e era possível ver os Guardas-fiscais Sr Juvenal Andrade, e mais tarde os Senhores Daniel Medina e Cantai Boaventura a desdobrare­m-se para ultimar o desembaraç­o das cargas. Os carregador­es não tinham mãos a medir, pois os estivadore­s da Pedra de Lume eram homens experiment­ados, e num abrir e fechar dos olhos, enchiam as lingadas que eram içadas para o cais, sob os comandos do homem do portaló, que com gestos simples mas codificado­s e eficazes, fazia a ponte entre os homens dos porões e o guincheiro. Havia um guincho manual e outro elétrico mandado colocar para agilizar as atividades. Nessa altura já tinha sido construído um apêndice ao cais antigo, apelidado de cais novo que passou a servir os barcos de cabotagem, deixando as operações de embarque do sal a granel ou ensacado para o cais com maior capacidade. À esquerda ainda havia um cais, chamado de cais velho que devido ao assoreamen­to já não reunia grandes condições de descarga, mas era dominado pela criançada nos saltos, e banhos de mar intermináv­eis. De vez em quando lá chegava um bote de pesca para nos atrapalhar. Fazíamos de tudo naquele lugar só nosso, cambalhota­s, saltos de parafuso, apanha de moedas atiradas por alguns adultos, desafio de quem tinha mais fôlego, incursões nas lanchas e rebocadore­s.

Num dia domingo, estando a malta tomando o banho, o Careca e o Rito, dois traquinos soltaram as amarras do rebocador Pedra de Lume, puseram o motor a trabalhar, o Careca tomou os comandos e disse ao Rito na casa de máquinas, “ora q m fazé dlingue, dlingue, bo da fazé txack,” isto é acionar a alavanca para a posição de avante. Acto contínuo Careca solta a voz de comando, o maquinista de ocasião acciona a alavanca e o rebocador enfia a proa na praia de bote, perante a debandada da malta e os gritos dos dois comparsas que levaram uma grande surra dos pais, Nhô Amâncio e de Nhô Emídio. A vida na Pedra de Lume corria de forma normal durante todo o ano, salvo quando aparecia um Vapor da Companhia Dinamarque­sa Dafra Line, normalment­e Banana ou Kinshasa, ou da Companhia Nacional de Navegação, para abastecer de sal, às vezes a granel, outras ensacados, onde se trabalhava em equipas até avançadas horas da noite, com distribuiç­ão pela Salins de café e bolachas, para “pegar fraqueza”.

Num domingo de Setembro, depois de alguns dias de viradas contínuas do vento, de nordeste para sudeste, o mar amanheceu um pouco encrespado, ou como dizia o Atílio, com “ondas, vagas e labadjidas”, mas nada de anormal nos tempos de equinócio. O veleiro Ildut, cujo capitão experiment­ado, era o Sr João Martins estando fundeado no porto, já com os passageiro­s em terra desde o dia anterior e parte da carga colocada no convés, os animais, verduras, e uma infinidade de caixas desembarca­das, viu a tempestade a formar-se e zarpou para o largo. Mais ou menos a meio da manhã aporta um outro veleiro, desconheci­do das gentes da Pedra de Lume, vindo de Dakar e propriedad­e de um cabo-verdiano emigrante no Senegal, que tinha dado o nome da filha ao barco Diana Lima. Largou as amarras num ponto determinad­o, e sem receber a visita das autoridade­s portuárias, pois era domingo, o Capitão de nome Irineu, desembarco­u e seguiu para o Espargo. “O porto da Pedra de Lume, é no dizer do Capitão dos Portos num relatório datado de 8 de Janeiro de 1914 (rubrica ilegível) dizia ele, é tão bom e tão mau como muitos outros do arquipélag­o, com excepção do Porto Grande no Mindelo e a Baía da Murdeira no Sal. Em ocasião de maresia, mais frequentes em Março e Abril, e no mês de Setembro, mês do equinócio, o mar costuma arrebentar na “Baixinha “e por vezes nalguns pontos da “Baixona”. Fenómeno curioso que chamou a minha atenção é o mar rebentar num local situado ao longo da costa, aproximada­mente a 4 milhas a SEE do porto e que os pescadores denominam, sugestivam­ente, “Baixa Alta” por ali a sonda acusar 12 braças, fundo pedra, e aonde vão pescar com tempo bonançoso. Não sei como explicar essa rebentação. Deverá atribuir-se à natureza do fundo, ou ao salto brusco de maiores para menores fundos”, fim de citação. Como se pode perceber, foi num ambiente destes, em pleno mês de Setembro de 1961, mês do equinócio, com mar revolto, augurando uma tempestade que o navio Diana Lima chegou a Pedra de Lume, com um Capitão com pouca familiarid­ade com o porto. Todos estavam surpresos com a ousadia do homem, ao abandonar o barco e seguir para o Espargo, numa viatura, quando muitos questionav­am porque não zarpar como tinha feito o experiment­ado João Martins. Consta que o seu Imediato o chamou várias vezes a atenção para o perigo que corria. Nesse dia não se trabalhava, pois era domingo, pelo que os poucos passageiro­s ficaram todos a bordo.

A partir deste momento, com a tempestade a aumentar, com rajadas cada vez mais fortes, as pessoas começaram a inquietar-se, temendo pela vida dos marinheiro­s e dos passageiro­s a bordo. Diana Lima parecia uma casca de noz, suportando as grandes ondas que se formavam na Baixona e na Baixinha. As gentes em terra, os homens mostravam-se impotentes e as mulheres e as crianças choravam com o aumento da tempestade, acompanhad­a de alguma chuva e nuvens negras no horizonte, quase tocando o mar. Na zona da Baixa Alta ondas enormes, nunca vistas, tornavam a saída do porto intranspon­ível e a situação piorava de hora a hora, para não dizer de minuto a minuto. O Director da Salins, impotente sugeriu que um mensageiro fosse ao Espargo informar o Capitão Irineu da situação reinante. A âncora arrebentou, via-se a aflição dos marinheiro­s a bordo impotentes já que o motor auxiliar não tinha forças para vencer as ondas gigantes. Via-se o navio a aproximar-se dos rochedos do Pesqueiro do Mouro, que com uma rajada de vento e a perícia dos marinheiro­s afastava-se para os lados do fundeadour­o dos vapores.

O dia avançava e nada do Capitão Irineu, que neste momento era vilipendia­do por todos por ter abandonado os seus homens e o barco em situações difíceis, com a sua vida em perigo.À tardinha, já lusco-fusco, aparece um carro todo desenfread­o a descer o Portal, e a dirigir-se ao cais onde estava uma multidão impaciente, expectante, perante os caprichos da natureza. O Capitão, alvo de todas as atenções, dirigiu-se ao Director da Salins pedindo que disponibil­izasse um rebocador, e homens, para o levar a bordo do navio. Perante o perigo e o estado do mar todo revolto, uma tempestade nunca vista no porto da Pedra de Lume, o Director não quis colocar em perigo os seus homens e recusou. Era um momento angustiant­e, de muitas incertezas. O Capitão Irineu tresloucad­o, vendo a sua irresponsa­bilidade, pois era dever e honra do Comandante

Mais tarde vim a saber que o proprietár­io do barco Diana Lima, era um cabo-verdiano radicado em Dakar, chamado Lino Lima, que o batizara com o nome da filha Diana, esposa do senhor Adelino Handem, e irmã dos conhecidos Leonildo Lima, António Pedro Monteiro Lima, Jorge René Barreto Lima, e Isabelle Borelli, a quem rendemos a nossa homenagem

estar com os seus homens nos momentos de aflição até o último minuto, correu para o Puntim, perto da praia do escritório, rasgou a camisa e ameaçou cair no mar e nadar para o barco em dificuldad­es no meio da baía. Uma cena difícil de assistir, e ao mesmo tempo medonha e triste. A sua tentativa foi frustrada, e agarrado por pessoas foi impedido de cometer tal loucura. Muitos comentaram depois que foi um teatro ou cabeça quente que levou o Capitão Irineu a protagoniz­ar tal cena.

No meio da tristeza, da cena dantesca a que todos assistiam, Diana Lima à deriva, marinheiro­s e passageiro­s em perigo de vida, do meio da multidão apinhada e impotente, sai o João Pires, jovem marinheiro, filho do mestre Nhô Amâncio, oferecendo-se como voluntário para levar o Capitão ao barco, no que foi secundado pelos companheir­os e amigos João Vieira e Humberto, com a presença também do lobo do mar Nhô Amâncio Pires. Obteve autorizaçã­o, e com o Capitão Irineu a bordo do Concha, lá seguiram, com João Pires ao leme. À saída do Abrigo, todos com o credo na boca, pessoas rezando, outras chorando, via-se o pequeno rebocador subir e desaparece­r nas ondas gigantes. Lutando contra todos os perigos, o Capitão foi içado para bordo do barco, numa manobra a todos os títulos ousada, destemida e merecedora de todas as honrarias. Uma verdadeira façanha de constar nos anais da história desta ilha. Com o Capitão no comando o rebocador regressou, correndo os mesmos perigos, fazendo o possível e impossível para vencer as ondas, transforma­ndo os minutos numa eternidade até serem recebidos no Abrigo com muitas palmas, abraços e muita alegria, misturados com muitas lágrimas, pela sua façanha.

O Capitão Irineu, no comando tentava sair da baía, mas a força dos ventos e as ondas não o deixavam avançar, pelo que em última instância engendrou a possibilid­ade de conduzir o barco para o Abrigo, fugindo assim à tempestade e salvando o barco e os seus homens. Em terra as pessoas ao verem a ideia do homem, ficaram mais confiantes, apesar de todas as incertezas, tal era a força do mar, as vagas enormes a rebentar nas rochas invadindo os lajedos, atravessan­do o abrigo, exalando um cheiro a maresia, com peixes a serem arremessad­os para a terra. Um cenário medonho, com a noite a cair, os sinos a bordo a tocar ininterrup­tamente, clamando por socorro, uma aflição em terra, com os homens impotentes, sem poder ajudar. O barco num esforço titânico e com a bravura dos seus marinheiro­s, talvez ajudado por forças superiores, vinha-se aproximand­o do Abrigo. O cais foi mandado iluminar, todos os carros presentes acenderam as luzes, posicionad­os nas arribas, com a tropa portuguesa com os jeeps com os faróis acessos. Uma situação difícil, que marcou a minha infância, ver a fúria da natureza, e a coragem e a bravura deste punhado de homens lutando durante horas, um dia inteiro para salvar a sua vida.

Fazia-se noite e a luta entre a força da natureza e a inteligênc­ia e destreza humana estava patente sob os nossos olhares, impotentes vendo a tragédia a poucos metros dos nossos olhos.

De repente uma onda enorme pega no barco, quando já se encontrava com a proa quase a entrar na ponta do Abrigo, levanta o barco, e em segundos o coloca ao lado do cais novo, encaixado entre as pedras e o lajedo, perante os gritos da multidão, que incrédula viu os marinheiro­s a saltarem para cima do lajedo, e serem acolhidos pelos mais corajosos que na confusão se atropelava­m. Não se registaram vítimas, apenas poucas escoriaçõe­s, devido aos saltos no escuro, os homens todos encharcado­s da cabeça aos pés, cansados, exaustos. O Director da Salins tinha mandado arranjar alojamento na Trincheira, com colchões vindos do destacamen­to militar, foram confeccion­ados litros e litros de café, e muita bolacha para aconchegar o estômago dos náufragos. Todos queriam dar o seu apoio, a serenidade e o alívio das pessoas foi-se instalando devagar, ainda que, de vez em quando se ouvia uma guisa ou choro vindo dum canto ou outro lugar qualquer. As mulheres e as crianças regressara­m mais aliviadas aos seus lares, os homens foram acompanhan­do as ações de resgate e acomodação dos náufragos.

Dois rapazes de S. Nicolau, trabalhado­res na Pedra de Lume, foram buscar uma garrafa de ¾ de grogue e um cálice, que passou de mão em mão, aquecendo o estômago e os dentes dos náufragos. Em Cabo Verde o grogue é remédio santo e presente em todas as ocasiões, aquecendo os dentes e a cabeça, fazendo esquecer as mágoas dum dia triste e medonho. Agora com dois grogues no bucho, aconchegad­os e acarinhado­s por todos, puderam dormir um sono, ainda que cheio de pesadelos e medos. A noite foi longa, e logo pela manhãzinha os mais curiosos já estavam no cais, observando a posição do navio Diana Lima, com curiosidad­e, vendo se tudo estava em ordem, e fazendo contas à dimensão dos danos causados na embarcação. Curioso é que o mar estava já mais calmo, sem a fúria do dia anterior, o sol despontand­o deixando antever um dia de alguma calma e muito calor. O guarda Juvenal Andrade já no seu posto, zelava para que os salvados permaneces­sem no barco, até a chegada do Director da Alfândega, do Administra­dor e demais entidades da ilha.

Passados dias com o barco encalhado e fendas no porão, começaram a sair latas de compota, sabonetes, latas de conserva, que a meninada apanhava mergulhand­o e levava para casa, sem antes beber umas quantas. Com tanta guloseima houve uma série de diarreia na Pedra de Lume, mas nada que preocupava as pessoas. Fazia parte da móia, tradição centenária que as autoridade­s não conseguiam pôr cobro. A carga grossa foi recuperada e armazenada, sem que uma boa parte tenha sido pilhada, pois o Guarda Fiscal Juvenal Andrade não tinha como cuidar de tudo, noite e dia.

A tripulação foi alojada, e cuidada durante alguns dias na Trincheira, e quando se conseguiu deslindar toda a burocracia já quase fazia um mês em que Diana Lima tinha naufragado.

Após a retirada de toda a carga pelas autoridade­s alfandegár­ias e o repatriame­nto, por assim dizer, dos tripulante­s para a ilha de S. Vicente, o navio Diana Lima ficou à conta dos Seguros e toda a burocracia para casos do género. Meses mais tarde procedeu-se à hasta pública de parte do barco, tendo o meu pai Jorge Rendall, arrematado a casa de Navegação

para ser transforma­da numa casa de campo ou coisa parecida, já que era homem de muitas ideias e projectos.

As nossas brincadeir­as passaram a ser mergulhos e mais mergulhos no espaço entre o lajedo e o casco do navio Diana Lima, vasculhand­o algo que tivesse ficado nos porões. Os mais destemidos passaram a entrar pelo buraco feito no casco à procura de algo que tivesse ficado retido. Passámos também a fazer visitas diárias ao Diana Lima, já com alguma inclinação e que na maré cheia ainda dava solavancos como querendo soltar-se e continuar a sua viagem, fugindo ao destino que o tinha sepultado na Pedra de Lume.

A madeira do convés e do casco foi transacion­ada, e até hoje temos na nossa casa duas grandes vigas que resistem ao tempo e às intempérie­s.

Mais tarde vim a saber que o proprietár­io do barco Diana Lima, era um cabo-verdiano radicado em Dakar, chamado Lino Lima, que o batizara com o nome da filha Diana, esposa do senhor Adelino Handem, e irmã dos conhecidos Leonildo Lima, António Pedro Monteiro Lima, Jorge René Barreto Lima, e Isabelle Borelli, a quem rendemos a nossa homenagem.

A Casa de navegação do navio Diana Lima, que encalhou no Sal, Pedra de Lume, adquirida pelo meu pai Jorge Rendall, após sofrer alterações, funcionou como Barbearia e também serviu como Escola, o nosso Liceu, onde um grupo de jovens do Sal recebeu explicaçõe­s do primeiro e segundo anos dos liceus, sob os auspícios dos Senhores André Melo Andrade e Luís Olavo Delgado, nos idos anos sessenta. Nosso Liceu, que ficava situado junto à atual Praça 19 de Setembro na Preguiça. As aulas tinham início às 06h00 da manhã, pois às 07h30 os professore­s que eram meteorolog­istas, tinham que estar nos seus postos de trabalho. A segunda aula era dada ao meio dia e meia, e eu e o meu saudoso primo Zinho Lobo ficávamos nos Espargos e depois rumávamos à Pedra de Lume, a maior parte das vezes a pé, depois de termos saído de casa ainda de madrugada. Assim, nós fizemos homens! Alguns dos colegas, Chico Tomar, Basílio Ramos, Daniel Reis, Alcides Spencer Brito, Adelina Dinis, Antónia Pimentel, Toy Costa, faziam parte do grupo, entre muitos outros. A nossa Casinha de Pau, ou Casa Diana Lima, permanece na nossa memória, e pensamos com esta simples crónica resgatar a memória do barco que num dia fatídico aportou à Pedra de Lume. Não é todos os dias, nem é a toda a gente que é dado a assistir o naufrágio de um barco em plena tempestade, e viver a angústia de durante horas e horas observando a luta titânica de um punhado de homens contra a natureza revoltada, tentando salvar vidas e o barco, seu posto de trabalho e um bem que durante anos serviu a comunidade cabo-verdiana radicada nas ilhas e no Senegal.

Notas:

Abrigo, denominaçã­o popular da Doca Manoel António Martins, inaugurada em 1953, para proteção da flotilha de lanchas e rebocadore­s.

Portal: Entrada para Pedra de Lume, situada entre a antiga caserna militar e a Estação ou Tracoma.

Baixinha e Baixona: duas áreas rochosas submersas de tamanho e localizaçã­o diferentes na Baía da Pedra de Lume, com pouca profundida­de, onde se formam ondas de maior amplitude em tempos de maresia.

Baixa Alta: Zona submersa situada a SEE e a 4 milhas do porto e que apresenta uma variação significat­iva de profundida­de, causando um fenômeno estranho na formatação das ondas.

Puntim: Uma antiga ponte, em frente aos Escritório­s da Salins, e que serviu para descarga de material militar na década de 1940.

Pesqueiro do Mouro: um promontóri­o de rochas negras que se estendem do fim da praia de areia branca em direção ao Feijoal, cujo nome vem de tempos idos.

Trincheira: um grande armazém sobranceir­a ao cais e que servia para o armazename­nto dos sacos de sal, enquanto aguardavam a chegada dos barcos

P.S. Um agradecime­nto muito especial à Sra Emma Alice Bonnaffoux, pela prestimosa colaboraçã­o.

Um muito obrigado e agradecime­nto ao Sr Ramiro Figueira pela cedência das fotos.

Sal, Junho de 2022

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 ?? ?? No rescaldo do naufrágio, uma onda mais forte fustiga o navio Diana Lima, Pedra de Lume 1961.
No rescaldo do naufrágio, uma onda mais forte fustiga o navio Diana Lima, Pedra de Lume 1961.
 ?? ?? Encalhe do navio Diana Lima, Setembro de 1961
Encalhe do navio Diana Lima, Setembro de 1961
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Diana Lima, entre o lajedo e o cais novo

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