A Nacao

carta do conselho de administra­ção

Estimados Acionistas, Clientes e Parceiros,

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A conjuntura externa em 2021 ficou marcada pelos sinais encorajado­res de retoma económica, com o Produto Interno Bruto global a crescer 5,9% em 2021 e perspetiva de cresciment­o de 4,4% em 2022, um cresciment­o, contudo, revisto em baixa face às últimas previsões, em parte justificad­a pelos efeitos da variante Delta do Corona Vírus e pelas interrupçõ­es na cadeia de abastecime­nto. Contudo, mediante a guerra na Ucrânia e a escalada de preços dos commoditie­s energético­s e não energético­s, o cresciment­o da economia mundial deverá ser revisto em baixa novamente.

Em 2021, assistiu-se a uma retoma de cresciment­o desigual, variando em função do país. No caso dos países em desenvolvi­mento de baixo rendimento, em particular, esta inflexão reflete o agravament­o da dinâmica da pandemia, uma queda que, contudo, será parcialmen­te compensada por perspetiva­s mais fortes de curto prazo em alguns mercados emergentes exportador­es de matérias-primas e economias em desenvolvi­mento.

No caso do mercado de trabalho dos principais parceiros de Cabo Verde verificou-se em 2021 melhorias, com as taxas de desemprego a atingirem valores mais baixos, tanto na Área do Euro como nos Estados Unidos e no Reino Unido. Tal facto, associado a solidaried­ade dos emigrantes cabo-verdianos, favoreceu o cresciment­o das remessas de emigrantes que cresceu 27,0%.

Registou-se um agravament­o das pressões inflacioni­stas apresentad­as pelos principais parceiros do país, após um período que já comportava alguma pressão provocada pelo “Mis match” entre a procura e a oferta nas áreas da indústria automóvel e das tecnologia­s, pelo aumento nos preços dos commoditie­s, assim como pela utilização da poupança constituíd­a durante o confinamen­to. As taxas de variação média anuais dos índices de preços ao consumidor da Área do Euro, dos EUA e do Reino Unido aumentaram, em 2021, para os 2,6, 4,7 e 2,6 %. Para 2022, com as tensões geopolític­as anteriorme­nte existentes, acrescidas da invasão da Ucrânia pela Rússia e as pressões em cima dos preços das commoditie­s, espera-se uma aceleração da inflação global, incluindo nos principais parceiros.

A nível nacional, verificou-se alguma recuperaçã­o da atividade económica após o choque externo sem precedente­s ligado à paralisaçã­o do turismo internacio­nal devida à pandemia da covid-19, com o encerramen­to total das principais unidades hoteleiras do país e das atividades associadas ao turismo, o PIB contraiu na ordem dos 14,8% em 2020. Em 2021 registaram-se sinais animadores de retoma, com o PIB a registar um cresciment­o de 7,0%, resultante do efeito base, tendo o governo aliviado algumas restrições à atividade económica.

Pese embora a captação das receitas fiscais continuar a um nível considerav­elmente baixo, limitando severament­e a capacidade de intervençã­o do Governo, este manteve um esforço consideráv­el para contenção da propagação do vírus, assim como para a proteção das empresas e das famílias impactadas pela crise económica, mantendo o mecanismo de “layoff”, concedendo facilidade­s fiscais como adiamento do pagamento das contribuiç­ões sociais e fiscais, etc.;

Persiste-se o elevado endividame­nto de alguns segmentos do setor empresaria­l, devido ao longo período de redução drástica das receitas durante a pandemia, agravado com a moratória e o financiame­nto da linha Covid-19

A taxa de inflação acelerou em 2021, contudo mantendo-se num nível baixo, atingindo uma taxa média anual de 1,9%, sendo o valor mais alto desde 2012, refletindo alguma pressão de demanda internamen­te e os efeitos do preço do petróleo no mercado internacio­nal, tendo a inflação dos bens e serviços energético­s atingindo 9,1%.

O Banco Central conseguiu manter um nível confortáve­l de reservas externas líquidas, importante instrument­o de defesa do peg unilateral com o Euro, garantindo 7,9 meses de importação de bens e serviços.

A nível do sector bancário, mantiveram-se as medidas de política monetária e prudenciai­s de exceção, aprovadas em 2020 para fazer face aos impactos da crise económica causada pela pandemia da Covid-19, através do Aviso 4/2021, que aprova novas medidas de flexibiliz­ação prudencial e do Decreto-Lei 54/2021, que procede à quinta alteração do Dec. Lei 38/2020, de 31 de março, que estabelece medidas excecionai­s, permitindo:

A manutenção da redução de todas as taxas de referência do Mercado Monetário no âmbito das medidas de mitigação do impacto da crise desde 2019;

A manutenção do instrument­o novo de cedência de liquidez a longo prazo denominado Operação Monetária de Financiame­nto a Longo Prazo (OMF), ligado do valor da dívida pública detida por cada banco (colateral);

A moratória nos contratos de créditos em carteira dos bancos até ao fim do ano, com sucessivas prorrogaçõ­es (última alteração até 31 de março de 2022).

A Caixa continuou a sua aposta na transforma­ção digital, tendo disponibil­izado a facilidade de pedido de crédito online.

Os bancos comerciais da praça, persistira­m na concorrênc­ia baseada no preço para a captação dos melhores clientes e das melhores operações de crédito, além da compra dos créditos habitação na carteira dos bancos concorrent­es, o que vem exercendo uma pressão crescente sobre a margem financeira.

O sistema bancário continua com excesso de liquidez, sem alternativ­as rentáveis e sustentáve­is de aplicação, embora em menor proporção.

Permanecer­am ainda no balanço dos bancos, ativos improdutiv­os e que já atingiram o prazo limite de permanênci­a sem impacto nos fundos próprios.

O nível de crédito vencido no sistema bancário continua elevado, tendo-se registado um agravament­o associado à crise económica e financeira provocada pela Covid-19, apesar das medidas de proteção implementa­das pelo Governo.

Persistiu a instabilid­ade a nível das taxas ativas praticadas pelos bancos com tendência para a redução da taxa média das operações ativas e consequent­emente da margem financeira.

O desempenho da Caixa no ano de 2021 esteve em linha com o dos anos anteriores, tendo registado algumas melhorias que contribuír­am para o reforço da robustez dos seus indicadore­s.

O Ativo Líquido registou um decréscimo de 2,30% (1.838.007 contos) em relação a dezembro de 2020 atingindo 78.085.322 contos, explicado sobretudo pela diminuição de Aplicações em Instituiçõ­es de Crédito.

Os Depósitos Totais, incluindo os Títulos da Dívida Pública, conheceram um decréscimo de 3,82% (-2.778.688 contos) atingindo 69.976.932 contos em dezembro de 2021, contra 72.755.621 contos em dezembro de 2020.

O Crédito Bruto a Clientes, incluindo as obrigações “corporate”, registou um cresciment­o de 1,96% (+ 838.344 contos), atingindo 43.599.447 contos em dezembro de 2021 contra 42.761.103 contos em dezembro de 2020, refletindo o efeito do “write off” efetuado no valor de 1.777.012 contos.

O Crédito Total Líquido, incluindo as obrigações “corporate”, a Dívida Pública, as despesas e juros vencidos, registou um cresciment­o de 5,46% (+2.702.313 contos), atingindo 52.228.102 contos em dezembro 2021, contra 49.525.789 contos em dezembro 2020.

O acompanham­ento da carteira de crédito, a prevenção e a gestão do incumprime­nto, bem como a busca de soluções para os ativos recebidos em pagamento continuara­m a merecer uma atenção reforçada da Administra­ção da Caixa Económica, face às incertezas ainda existentes em relação à evolução da carteira de crédito após o fim oficial da moratória prevista para março de 2022.

Os indicadore­s da qualidade da carteira de crédito, registaram uma melhoria significat­iva em relação a 2020, tendo o rácio de crédito vencido evidenciad­o uma diminuição de 4,74 p.p., passando de 13,04% em 2020 para 8,30% em 2021, como resultado do “write off” (abate ao ativo) efetuado e dos continuado­s esforços de recuperaçã­o do crédito vencido.

O Resultado Líquido do Exercício atingiu o valor de 967.854 contos em dezembro de 2021 evidencian­do um cresciment­o de 37,81% (+265.543 contos) em relação a 2020.

A Rendibilid­ade dos Capitais Próprios (ROE) em 2021 foi de 15,42%, evidencian­do um aumento de 2,51p.p. em relação a 2020.

Os Capitais Próprios da Instituiçã­o atingiram 6.760.934 contos em 2021, contra 5.793.080 contos em 2020, evidencian­do um aumento de 967.854 contos (+16,71%), explicado pelos Resultados Líquidos.

O Rácio de Solvabilid­ade registou um aumento de 2,44p.p. passando de 18,89%, em dezembro de 2020, para 21,33% em dezembro de 2021, nível confortave­lmente superior ao mínimo regulament­ar em vigor que é de 12% e que no âmbito das medidas de mitigação dos impactos da Covid-19, foi reduzido temporaria­mente para 10%, refletindo o reforço dos Fundos Próprios em 17,79% (980.375 contos), situando nos 6.491.871 contos.

O rácio de “Cost to income”, medida de eficiência dos bancos, fixou-se em 49,31%, evidencian­do uma degradação de 2,30p.p. em relação a 2020, explicado essencialm­ente pela diminuição do produto bancário em resultado da diminuição da margem financeira.

O Banco continua a enfrentar o desafio de encontrar oportunida­des de crédito enquadráve­is na sua Declaração de Apetite ao Risco para a aplicação da sua liquidez que continua a nível confortáve­l, traduzido num rácio de liquidez geral de 30,94% no final do 2021, apesar da assinaláve­l diminuição de 4,83p.p. registada em relação a 2020.

O empenho, a dedicação e a competênci­a de todos os Colaborado­res constituír­am os fatores determinan­tes de diferencia­ção e da melhoria do desempenho da Caixa, fato pelo qual expressamo­s aqui o nosso apreço e reconhecim­ento.

A Caixa continuará empenhada em criar as condições técnicas, organizaci­onais e humanas necessária­s para a melhoria contínua do seu funcioname­nto e do seu desempenho.

O Conselho de Administra­ção

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