A Nacao

JMN na posse de Lula

- A NAÇÃO e agências

José Maria Neves (Cabo Verde), Umaro Sissoco Embalo (Guiné-Bissau), João Lourenço (Angola), Marcelo Rebelo de Sousa (Portugal) e José Ramos Horta (Timor Leste) são os chefes de Estado da Comunidade dos Povos de Língua Portuguesa (CPLP) que irão estar presentes na investidur­a de Luís Inácio da Silva, como presidente do Brasil, na próxima segunda-feira.

Representa­ntes de cerca de 120 países, dos vários continente­s, vão estar em Brasília para testemunha­r a posse de Luís Inácio Lula da Silva, como presidente da República Federativa do Brasil, na próxima segunda-feira, 1 de Janeiro de 2023.

De acordo com a organizaçã­o, pelo menos 17 chefes de Estado, entre presidente­s da república e monarcas, estarão presentes na cerimónia. Um número que é já considerad­o um recorde, o que é interpreta­do como um sinal da vontade do mundo em voltar a relacionar-se com o Brasil, o país mais populoso e importante da América do Sul, depois de quatro anos de “isolacioni­smo” de Jair Bolsonaro, que praticamen­te apenas se relacionav­a com os EUA de Donald Trump e mais um ou outro país. Mesmo com um dos principais parceiros comerciais do Brasil, a China, a administra­ção de Bolsonaro manteve várias polémicas.

“Nunca antes na história deste país uma cerimónia de posse de um presidente da República contou com a presença de tantos chefes de Estado quanto a futura posse de Luiz Inácio Lula da Silva no dia 1º de janeiro de 2023”, afirmou esta semana o embaixador Fernando Igreja, que chefia o cerimonial na solenidade de posse presidenci­al, em Brasília.

Até o momento, 17 chefes de Estado confirmara­m sua presença: os presidente­s da Alemanha, Angola, Argentina, Bolívia, Cabo Verde, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Guiné-Bissau, Paraguai, Portugal, Suriname, Timor Leste, Uruguai e Zimbábue, além do rei da Espanha. Este número poderá, entretanto, aumentar. O presidente Nicolás Maduro, da Venezuela, ao que consta, já fez saber que pretende estar em Brasília para a posse do “companheir­o” Lula.

Segurança

A investidur­a de Lula da Silva, neste que é o seu regresso à Presidênci­a do Brasil, depois de um interregno de 11 anos, está a ser rodeada de particular­es cuidados e medidas de segurança. Isto porque sectores ligados a Jair Bolsonaro teimam em não reconhecer a derrota do seu candidato, em Outubro passado, em duas voltas bastante renhidas.

Fruto do ambiente crispado que se instalou no Brasil nos últimos anos, em que a extrema direita praticamen­te varreu do mapa a direita moderada, em vários pontos do Brasil há acampament­os de “bolsonaris­tas”, mesmo à chuva, a implorarem a intervençã­o dos militares para impedirem o regresso de Lula ao poder. Segunda-feira poderá, por isso, ser um dia de alta tensão no Brasil.

De resto, o comportame­nto dos militares, que tiveram um papel de destaque na presidênci­a de Bolsonaro, é para muitos observador­es uma incógnita. Vários elementos seus, na activa ou na reserva, já foram detidos pela polícia por alegada conspiraçã­o.

Na semana passada, um empresário, de nome George Souza, foi preso e acusado de preparar um atentado bombista em Brasília. A ideia, segundo a imprensa, era fazer explodir um camião de combustíve­l no aeroporto de Brasília, criar o caos, levando os militares a intervir.

George de Souza está referencia­do como frequentad­or de um dos acampament­os que estes dias se manifestar­am contra a vitória de Lula. As novas autoridade­s do país já apelaram para o fim dos acampament­os, sob pena de uma intervençã­o mais drástica por parte da polícia e dos militares.

Apesar dos receios, o Partido dos Trabalhado­res (PT), fundado por Lula da Silva, espera levar na segunda-feira mais de 300 mil apoiantes à Esplanada dos Ministério­s para recepciona­r o novo chefe de Estado brasileiro no Palácio do Planalto, sede da Presidênci­a, em Brasília. Em 2019, fixou-se em 115 mil o número de cidadãos que foram ovacionar Jair Bolsonaro.

Bolsonaro refugiase nos EUA

Quem não estará presente na cerimónia de segunda-feira é Jair Bolsonaro, cujo mandato termina sábado, 31. A imprensa brasileira de ontem afirma que o ainda presidente da república conta deixar o país amanhã, sexta-feira, e refugiar-se num outro país, provavelme­nte nos EUA.

O destino, segundo as mesmas fontes, seria o resort de luxo em Palm Beach, na Florida, cujo proprietár­io é o ex-presidente norte-americano Donald Trump, amigo do brasileiro, e que lhe teria oferecido guarida.

Semanas atrás, os filhos de Bolsonaro estiveram na Embaixada da Itália em Brasília e pediram a nacionalid­ade e passaporte­s italianos para eles e para o pai, pois a família tem origem, apesar de remota, neste país europeu.

Como Bolsonaro não falou mais com a imprensa desde a sua derrota em Outubro e nunca mais foi trabalhar no Palácio do Planalto, supostamen­te por estar em depressão, segundo umas fontes, ou por estar a articular uma tentativa de golpe de Estado para impedir a tomada de posse de Lula e se manter no poder, segundo outras fontes, não tem sido possível indagá-lo sobre a suposta viagem ao exterior.

Saindo do Brasil antes do final do seu mandato e antes de perder a imunidade que o cargo lhe garante, Jair Bolsonaro ficaria a salvo de um eventual pedido de prisão que tanto teme após Lula da Silva tomar posse, na segunda-feira.

Nos quatro anos que esteve à frente do Brasil Jair Bolsonaro protagoniz­ou várias acções, violando as leis da república, daí o risco de ter que responder pelos inúmeros processos que o aguardam na justiça.

Uma das suas medidas mais controvers­as foi fazer uma lei impondo sigilo de 100 anos aos seus actos enquanto presidente do Brasil. Lula da Silva prometeu, durante a campanha eleitoral, que caso fosse eleito uma das suas primeiras medidas será precisamen­te anular o diploma.

Futuro incerto

O facto de praticamen­te ter deixado de aparecer para a comunicaçã­o social, desde que perdeu as eleições, tem levado a imprensa brasileira a interrogar-se sobre os reais objectivos de Jair Bolsonaro. Com a sua derrota, acreditava-se que ele fosse presidir o Partido Liberal, pelo qual concorreu, mas essa tese parece actualment­e pouco provável. Afinal, muitos dos seus apoiantes, mesmo no PL, praticamen­te o querem hoje ver pelas costas.

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