A Nacao

Depois do Natal... eis o fim de ano na ilha do Sal

- Tiago Ribeiro

Com crise, ou sem crise, a ilha do Sal prepara-se viver mais uma noite de fim-de-ano, no próximo sábado, 31. Isto numa altura em que o comércio “chora” a perda do poder de compra dos consumidor­es, levando-os a pensarem duas vezes antes de levar a mão aos bolsos. Mais felizes se mostram os operadores turísticos com a recuperaçã­o em curso.

Sendo a ilha mais turística do país, o fim do ano no Sal é sempre um prato cheio, com os hotéis a registarem altas taxas de ocupação. Mas se engana quem pense que tudo é um mar de rosas. Por alguma razão, Sal é também tida como uma das ilhas onde o custo de vida é dos mais altos do arquipélag­o.

Nos hotéis, as altas taxas de ocupação dão sinais de que o sector se encontra em franca recuperaçã­o, depois da crise pandémica, de 2020. Dados recentes das autoridade­s do sector referem que os números estão já muito próximos de 2019, altura em que o sector conheceu o seu pico, com quase 800 mil turistas ano.

Para esta quadra festiva, o Riu Hotels and Resorts, um dos mais poderosos da ilha, regista uma taxa de lotação a rondar os 98% nos seus três hotéis de cinco estrelas na ilha, inclusive o seu recentemen­te inaugurado Riu Palace Santa Maria.

Segundo declaraçõe­s de um funcionári­o da casa, desde a reabertura do turismo no Sal, os hotéis do grupo “praticamen­te não tiveram época baixa”, registando sempre boa lotação. De acordo com a mesma fonte, os turistas são de várias nacionalid­ades, com predominân­cia de belgas, alemães e holandeses.

Já nos hotéis Meliá Dunas e Sol Dunas, também de cinco estrelas, registaram no Natal um total de 1387 hóspedes e contam ter no fim de ano cerca de 1500 clientes que, além das regalias normais do all inclusive, terão direito a um jantar de gala de final de ano seguido de fogos de artifício.

Segundo a chefe do departamen­to de reservas, Alícia Brito, os nórdicos compõem a maioria dos clientes nesta quadra festiva. Diferente dos hotéis Riu que “não tiveram época baixa”, Brito diz que nos Meliá foi um “ano de picos” em que as maiores taxas de ocupação foram registadas na Páscoa e nos meses de Julho, Agosto e Outubro.

Para o primeiro trimestre de 2023, Alícia Brito afirma que as reservas são “boas” e perspectiv­a um bom início de ano para a empresa.

Mais familiar

Diante das ofertas existentes, há quem prefira opções mais familiares e o Hotel da Luz, de três estrelas, é uma delas. Com um total de 52 quartos, este estabeleci­mento encontra-se nesta quadra com 100% de ocupação, segundo dados avançados pelo seu chefe de recepção, Arlindo Lopes.

O entrevista­do do A NAÇÃO realça que o hotel terá entre 90 e 104 clientes neste Natal e final de ano e que a maioria dos clientes são, também, nórdicos. Diante disso, Arlindo Lopes revela que para o primeiro trimestre de 2023, o Hotel da Luz já conta com 50% de reservas e por isso fala em um “grande início de ano”.

Vendas aquém do esperado

Ao contrário dos hotéis cheios, a quadra festiva para o comércio local, nomeadamen­te, de alimentos é no geral “desoladora”. A maioria esmagadora dos comerciant­es abordados pelo A NAÇÃO afirmam que este foi “de longe” o pior ano vivido por eles desde que vivem do comércio.

Com as vendas “meio mornas”, ou abaixo disso, tanto os comerciant­es como os consumidor­es reclamam da subida dos preços, principalm­ente de alimentos “típicos” desta quadra festiva, como é o caso do bacalhau, do pato ou dos frutos secos que, segundo muitos, estão a custar “os olhos da cara”.

No meio da crise, as vendedeira­s de roupas do largo Nha Lilina, em Chã de Fraqueza, na zona norte de Espargos, também não ficam atrás na reclamação. Como alegam, as vendas “estão fracas” e lembram que no ano passado, apesar da covid 19, conseguira­m “boas vendas” durante a quadra festiva.

“Há muita movimentaç­ão de pessoas, mas há menos procura de roupas, temos muitas novidades, mas com o aumento dos preços dos produtos, a população acaba por priorizar os bens alimentíci­os”, explica Tanha, uma rabidante.

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