Retoma turística a duas velocidades em 2022
Os últimos indicadores turísticos oficiais dão sinais de uma retoma razoável do sector em 2022, que poderão beirar os dados registados antes da pandemia, em finais de 2019, que apontavam cerca de 819 mil turistas. Entre Janeiro e Setembro deste ano, o país já acolheu cerca de 550 mil turistas, faltando apurar os dados entre Outubro e Dezembro, a chamada época alta, que incluiu a procura de final de ano, que se perspectiva muito boa, especialmente na ilha do Sal.
Se as perspectivas se confirmarem para o último trimestre do ano, a chamada época alta de Inverno, entre Outubro e Dezembro, Cabo Verde deve atingir ou beirar dos cerca de 819 mil turistas verificados em 2019, antes da pandemia.
Porém, nem mesmo a conjuntura pouco favorável provocada pela Guerra na Europa, da invasão da Rússia à Ucrânia, ao nível dos combustíveis, incluindo no preço do Jet1, inibiu a “sede” de viagens registada a nível mundial com o levantamento generalizado das restrições pandémicas em 2022.
Cabo Verde não foi excepção e acabou por beneficiar, mais uma vez da proximidade da Europa, a quatro horas de viagem, e da retoma do mercado inglês, o maior emissor de turistas, associados à TUI e ao RIU, que acabam por ser dos maiores (senão os maiores) responsáveis pelos turistas que aportam o arquipélago.
Quase atingir números de 2019
Se atentarmos nos dados acumulados nos três primeiros trimestres do ano, que são os números oficiais disponíveis
da Movimentação de Hóspedes dos Instituto Nacional de Estatística (INE) vamos ver que, de Janeiro a Setembro, recebemos pouco mais de cerca de 550 mil turistas (cerca de 141 mil no 1ºtimestre; 170 mil no 2ºtimestre e 239 mil no 3º trimestre) veremos que a tendência é para aumentar entre Outubro e Dezembro, ou seja, no último trimestre de 2022.
Especialmente tendo em conta que é um período que abarca a procura de fim de ano, de réveillon que se perspectiva muito boa, especialmente na ilha do Sal, onde os operadores falam na elevada taxa de procura.
Sal domina
Até porque, no terceiro trimestre de 2022, os estabelecimentos hoteleiros do país acolheram cerca de 239 mil hóspedes, mais 405,6%, do que no período homólogo do ano anterior (de 2021). As dormidas, conforme o relatório da movimentação de hóspedes, referente ao terceiro trimestre deste ano, atingiram a cifra de 1.128.811 nesse período, traduzindo-se numa variação positiva de 381,7% em relação ao período homólogo de 2021.
Se atentarmos a análise por tipo de estabelecimento, os dados mostram que os hotéis continuam a ser os mais procurados, especialmente os grandes resorts, representando 95,9% do total das entradas. Seguem-se-lhes as residências, com 1,7% e as pensões com 1,2%. Relativamente às dormidas, os hotéis representam 97,8%. As residências e as pensões tiveram as mesmas percentagens, ou seja, 0,8%, respetivamente.
A ilha do Sal deverá, com certeza, fechar o ano a dominar no acolhimento, seguindo a tendência do terceiro trimestre, em que foi a mais procurada com 70,1% do total das entradas dos turistas, seguida da Boa Vista, com apenas 16,3% e Santiago com 8,0%. A ilha de São Vicente teve apenas 2,9% da procura.
O principal mercado emissor de turistas, entre Julho e Setembro, foi o Reino Unido, com os ingleses a representarem 32,3% do total das entradas, seguido de Portugal, Alemanha, Países Baixos e França, responsáveis por, respectivamente, 15,5%, 10,7%, 9,7% e 3,0% do total das entradas.
Boa Vista deve fechar ano com melhores números
Os dados mostram claramente a hegemonia de Sal, enquanto maior porta de entrada de turistas do país, nesta retoma pandémica, corroborando as queixas e preocupações que operadores da ilha da Boa Vista deram a conhecer, recentemente, ao A NAÇÃO sobre o facto da ilha das Dunas estar mais atrasada no processo da retoma turística.
A diminuição de para metade dos voos internacionais na pós-pandemia (eram 40 antes da pandemia) foi uma das causas apontadas para esta diminuição de procura pela Boa Vista.
Pese embora o facto de o Riu Karamboa já ter reaberto as portas em Outubro, o que deverá contribuir para um aumento do número de acolhimento da ilha das Dunas no quarto trimestre de 2022.
Isto porque, segundo fontes deste Grupo, as taxas de ocupação deveriam subir acima dos 90% até final deste ano nos três resorts que têm na ilha.
Contudo, estas perspectivas só serão confirmadas mais para o início do próximo ano quando saírem os dados oficiais da movimentação de hóspedes do quarto trimestre de 2022 e do acumulado desse mesmo ano.