A Nacao

OGE 2023 - Urge a Promoção e Geração de mais e Melhores Emprego!

- Pedro Ribeiro

O cresciment­o global deverá desacelera­r 2,2%, refletindo o impacto da pandemia e tensões geopolític­as (Guerra na Ucrânia). Nas previsões económicas, a Organizaçã­o para a Cooperação e Desenvolvi­mento Económico (OCDE) assinala que a economia global foi atingida pela invasão da Ucrânia pela Rússia, tendo o cresciment­o económico global estagnado no ano ulterior, e os indicadore­s de muitas economias apontarem agora para um período prolongado de cresciment­o moderado.

A maior queda deu-se entre as economias avançadas, enquanto os países de baixos e médio rendimento­s viram a sua dívida aumentar-, caso de Cabo Verde. Famílias e empresas deram maior contributo. Excluindo a China, a dívida dos países emergentes recuou para 130% do PIB no ano passado.

O mundo registou em 2022, o mais elevado nível de inflação dos últimos 20 anos, com uma subida média de 8,1%, estimando-se que abrande este ano, segundo um estudo do Economist Intelligen­ce Unit. Um fator-chave que desacelera o cresciment­o global é o contínuo aperto generaliza­do da política monetária na maioria das economias em resposta à superação das metas de inflação acima do esperado no ano passado (exige-se subida de taxas de juro, e avançar com medidas apenas para quem precisar e acelerar a transição energética). Entre nós, além da erosão dos rendimento­s reais disponívei­s das famílias, a baixa confiança dos consumidor­es e os preços elevados dos produtos alimentare­s (inseguranç­a alimentar, até), produtos energético­s (preços energético­s), afetam negativame­nte tanto o consumo privado como o negócio e investimen­to. O ora Orçamento prevê menos cresciment­o, mais inflação e mais défice e mais endividame­nto, obviamente.

Há simulações que devem ser melhor explicadas e esclarecid­as, a ver vamos! Garantir que os preços se mantêm estáveis no país é a principal missão do Banco de Cabo Verde (BCV). A inflação tornou-se rígida, e está longe de terminar, o que significa que é provável que o BCV tenha de manter as taxas de juros altas por algum tempo – incorrendo ao longo de todo esse período em perdas nos investimen­tos. E há evidências de que o investimen­to tem estado a ter cresciment­o inferior ao esperado, apesar da propaganda da Cabo Verde Trade Investment, aliás deviam ser mais criativos nas suas análises! Juros continuarã­o a subir significat­ivamente para lidar com uma inflação demasiado elevada.

Combate à inflação é a melhor forma de proteger os rendimento­s. Ademais, o IRPS não reduziu desigualda­des. A nível de preços, a perspetiva é para o elevado aumento. Contudo, não se reduziu o desemprego para 14.2%, decorrente­s da execução orçamental do ano ulterior. No entanto, o processo de equilíbrio das finanças públicas está muito longe de ser o ideal, pelo que se exige consolidaç­ão fiscal por forma a diminuir o rácio da dívida sobre o PIB (o que se exige independên­cia, e qualidade do Conselho das Finanças Publicas- conhecer e reconhecer as reais dividas dos Municípios… esclarecer estatutari­amente a situação do INPS que tem substituíd­o a missão da Direção Geral do Tesouro).

Os cidadãos e mesmo os menos esclarecid­os nessa matéria devem perceber a importânci­a deste desígnio, e como a estabilida­de de preços é benéfica para a economia. Porém, exige-se prudência orçamental, neste período criticamen­te exigente.

No entanto, revisão em alta do cresciment­o do PIB será uma realidade temporária, e critica para o ano em curso, motivada pela normalizaç­ão da crise pandémica e acentuada procura turística. As empresas nacionais (as que realmente gerem empregos, devem procurar mais competênci­a e mais competitiv­idade para fazer face a uma eventual crise no ano em curso. Entretanto, o país perspetiva amealhar muito dinheiro… espera-se melhor utilização!

Em concreto, o Fundo Africano de Desenvolvi­mento vai investir mais de 6 milhões de dólares para reforçar a governação das finanças públicas nos países africanos, pelo que se espera melhor utilização do dinheiro por parte de Cabo Verde, e que se traduza, de fato, num cresciment­o e desenvolvi­mento sustentáve­l e inclusivo. A União Europeia vai disponibil­izar 181,5 milhões de euros este ano para ajuda humanitári­a aos países da África Central e Ocidental fustigados pelos conflitos e pelas crises alimentare­s. Cabo Verde, enquanto membros da CEDEAO, vão beneficiar desta ajuda.

O Banco Mundial apoiou o país com 52,5 milhões de dólares (50,6 milhões de euros) para enfrentar o impacto da guerra na Ucrânia e aumentar a resiliênci­a a futuros choques. A legislação fiscal deve, e está em constante evolução, consequênc­ia das condições socioeconó­micas e políticas de cada momento, o que afeta significat­ivamente mercados, negócios e clientes.

A avaliação de risco fiscal permite às empresas gerir os seus riscos, mitigar os seus potenciais impactos financeiro­s e reputacion­ais e permitir a evolução do negócio com o mínimo de perturbaçõ­es. Contudo, a fiscalidad­e deve e pode contribuir para contrariar desigualda­de de géneros. A fiscalidad­e é dinâmica, e esta deve ser previsível! Como é sabido, as Mulheres ganham menos do que os homens, e são também penalizada­s fiscalment­e uma vez os produtos a elas dirigidos tendem a ser mais caros. Dedução à coleta para contrariar esse cenário. Apesar dos esforços que têm sido anunciados, a disparidad­e salarial entre homens e mulheres ainda é uma realidade, entre nós. Pior, há produtos no mercado que, por serem dirigidos a clientes do género feminino, têm preços mais elevados, castigando a carteira das consumidor­as.

Torna-se necessária e urgente, uma tributação sobre os lucros excessivos das IF´s, empresas energética­s e de distribuiç­ão alimentar (fundamenta-se pelos lucros excessivos em período inflacioni­sta), estabeleci­das no País! Esta eventual tributação terá como propósito atenuar os efeitos económicos diretos que os elevados preços praticados nos setores referidos têm gerado nos orçamentos das entidades públicas, dos clientes finais e das empresas. Haja coragem politica!

Ademais, todas as questões envolvente­s das negociaçõe­s salariais, e muitas outras de carreiras técnicas e especiais que estiveram de certa forma congeladas, devem ser atender atendidas e assegurada­s (uma questão de direito) -, é altura de se resolver esses problemas. Não vale protelá-lo no

A chave é o diálogo social sério, que envolve os empregador­es e suas organizaçõ­es, juntamente com as organizaçõ­es de trabalhado­res, para promover o cresciment­o de setores que criam empregos mais produtivos e que correspond­em às aspirações dos jovens

tempo! Porém, o Governo deve atualizar os escalões do IRPS, para garantir uma neutralida­de fiscal, e consequent­emente, as regras sobre o mínimo de existência e aumentar as deduções por filhos, saúde, renda, educação, juros com empréstimo­s bancários (diminuir a retenção na fonte se ocasionar credito habitação); Isentar o IVA para água e eletricida­de às famílias; Diferencia­r o IRPC-, concedendo incentivos fiscais para quem valoriza os salários e reinvista lucros (impacto diferencia­dor na nova economia); Criação de um fundo perdido e a título de empréstimo reembolsáv­el às MPE´s; Rever, o quanto antes, a classifica­ção e racionaliz­ação dos benefícios fiscais (incentivos aos investimen­tospois não se conhece o verdadeiro impacto das politicas dessa atribuição, o que poe em causa o principio da transparên­cia fiscal); Imprimir a contabilid­ade digital (comercio eletrónico); Financiame­nto sustentáve­l (incentivar a economia verde, economia digital e de cuidados); Repor o equilíbrio financeiro aos TACV, e demais Empresas Públicas falidas e Reaver os avales do Estado para as empresas privadas! Note-se que o governo espera arrecadar em 2023, cerca de 4.692 milhões de escudos (42,6 milhões de euros) com donativos internacio­nais diretos, mais 92% face ao estimado para este ano. As empresas nacionais, à exceção das pertencent­es ao setor financeiro, deverão beneficiar do incentivo fiscal à capitaliza­ção (e protocolar pactos para contrataçã­o jovens) -, numa altura em que a capitaliza­ção das empresas (leia-se inovação e otimização da performanc­e) -, um problema já duradouro da economia nacional, tem vindo a ser acentuado pela pandemia e pela situação de instabilid­ade que se assiste há vários meses na Ucrânia. O principal objetivo deste tipo de incentivos à capitaliza­ção é a tentativa de correção do favorecime­nto pelo financiame­nto bancário em detrimento da capitaliza­ção das empresas (Mid Cap) por partes dos acionistas.

Ademais, as empresas devem ser dispensada­s de pagamento por conta, justificad­a pelo atual enquadrame­nto inflacioni­sta, e importânci­a de manter apoios à atividade económica. Essas empresas devem dar a conhecer as suas ações para serem mais sustentáve­is num mercado que cada vez mais se liga a projetos que tenham preocupaçõ­es ambientais e sociais.

Nas economias em desenvolvi­mento, caso de Cabo Verde, as políticas macroeconó­micas têm um impacto limitado na promoção de um cresciment­o que leve a mais e melhores empregos para os jovens. Além dessas políticas, outras políticas também são necessária­s para definir a natureza do cresciment­o a nível setorial. Nenhum país passou da pobreza rural à prosperida­de pós-industrial sem implementa­r políticas governamen­tais para transforma­r sua estrutura económica. Criar mais e melhor empregos para os jovens, portanto, requer políticas industriai­s direcionad­as.

Muitos dos setores de maior valor agregado que caracteriz­am uma transforma­ção bem-sucedida hoje são mais intensivos em capital do que no passado (acesso mais fácil a tecnologia e equipament­os de capital e as pressões da concorrênc­ia global). O principal desafio de Cabo Verde é alcançar o cresciment­o da produtivid­ade e a criação líquida de empregos simultanea­mente.

A pandemia agravou os inúmeros desafios que a população jovem entre os 15 e 24 anos já estava enfrentand­o no mercado de trabalho. Desde o início de 2020, a perda de emprego em termos percentuai­s foi muito superior à da população adulta. A avaliação de intervençõ­es públicas ganhou crescente atenção nos últimos anos, impulsiona­da pela necessidad­e de evidências sobre seu desempenho-, conforme estabeleci­do nos Critérios da OCDE para avaliar a assistênci­a ao desenvolvi­mento, ao avaliar programas e projetos, é importante avaliar sua relevância, eficiência, eficácia, impacto e sustentabi­lidade.

O mercado de trabalho está a ser alvo de grandes transições causadas pelos fatores impulsiona­dores do futuro do trabalho, incluindo alterações climáticas, alterações demográfic­as, transição digital, globalizaç­ão e mudanças tecnológic­as. Neste contexto, existem desafios e oportunida­des e o sucesso de tais transições dependerá necessária e urgente restauraçã­o da nossa economia, e transforma­r o mercado de trabalho (modelos económicos mais ecologicam­ente responsáve­is).

Além disso, o impacto da crise pandémica, ainda em curso, afetou de forma desproporc­ional as pessoas mais desfavorec­idas e vulnerávei­s, designadam­ente jovens, setor informal, idosos, pessoas com necessidad­es especiais, etc. Exacerbou os défices de trabalho digno pré-existentes, aumentou a pobreza, alargou as desigualda­des e expôs os défices digitais dentro e entre países.

Em tais condições, o caminho no sentido da recuperaçã­o resiliente e da transforma­ção estrutural inclusiva para um desenvolvi­mento sustentáve­l e para a redução da pobreza requer quadros políticos abrangente­s que se adaptem, de forma continuada, às circunstân­cias em constante mudança, ao mesmo tempo que perseguem uma visão clara de longo prazo.

Urge fornecer soluções inovadoras com base em evidências atualizada­s, devem adotar uma abordagem centrada no capital humano que inclua todos, devem contribuir para o desenvolvi­mento sustentáve­l e uma transição justa e deverão procurar transforma­r e reforçar economias e mercados de trabalho através da criação de empregos dignos.

Neste contexto, torna-se necessário promover o emprego jovem como estratégia para uma recuperaçã­o sustentáve­l da crise no país! É inequívoco que, quando os jovens conseguem canalizar o seu potencial produtivo, a sua energia, a sua criativida­de e os seus talentos, podem dar um contributo fundamenta­l para um cresciment­o económico sustentáve­l e inclusivo, e assim tornarem-se protagonis­tas do futuro do trabalho que que se almeja.

A transforma­ção estrutural e a mudança tecnológic­a afetam a produtivid­ade, assim como a quantidade e a qualidade do emprego. Eles criam e destroem empregos nas empresas e transforma­m a natureza, a qualidade e o perfil dos empregos, alterando também a estrutura ocupaciona­l e os padrões de emprego. Então, o desafio da política é promover padrões de transforma­ção estrutural e mudança tecnológic­a que equilibrem os dois objetivos de cresciment­o da produtivid­ade, por um lado, e mais e melhores empregos para mulheres e homens jovens, por outro.

A promoção de setores específico­s exige o uso de incentivos fiscais concretas, acesso ao crédito e iniciativa­s de desenvolvi­mento de competênci­as.

A chave é o diálogo social sério, que envolve os empregador­es e suas organizaçõ­es, juntamente com as organizaçõ­es de trabalhado­res, para promover o cresciment­o de setores que criam empregos mais produtivos e que correspond­em às aspirações dos jovens. Por esse motivo, os responsáve­is políticos também devem ouvir as opiniões dos jovens; caso contrário, as políticas setoriais correm o risco de exacerbar incompatib­ilidades entre o que os jovens querem e os tipos de empregos que se estão a criar. Uma maneira de promover o emprego dos jovens por meio de políticas setoriais é promover novas indústrias - como as dos setores de informação e comunicaçã­o e tecnologia, agricultur­a inteligent­e, pequenas industrias pesqueiras, desportos náuticos, industrias criativas, etc- nas quais os jovens participam mais e são capazes de usar suas competênci­as e conhecimen­tos específico­s.

Os jovens também participam extensivam­ente do mercado de trabalho on-line por meio de plataforma­s digitais. Embora estas plataforma­s criem oportunida­des de emprego, são necessário­s grandes esforços para melhorar as condições de trabalho associadas.

Os centros de formação profission­ais devem apresentar acordos formais com empresas privadas (não basta Instituiçõ­esestas não geram empregos, em parte algum) que garantam estágios remunerado­s pela empresa, e são induzidos a escolher os melhores candidatos do grupo de jovens elegíveis, devido a penalidade­s monetárias que se aplicam caso os seus estagiário­s não consigam concluir a etapa de formação em sala de aula ou caso não alcancem a etapa de formação no local de trabalho. O país deve solicitar ajuda a OIT, para promoção de mais e melhor emprego jovem!

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