Mitos e preconceitos à volta do crioulo
Criada a 11 de Novembro de 2022, segundo Ana Karina Moreira, a ALMA-CV pretende “impulsionar a mudança de política linguística no país”.
E, para isso, reúne entre os seus membros linguistas, historiadores, investigadores e profissionais de várias outras áreas, defensores da promoção da língua cabo-verdiana, tendo já lançado a Petição para a Mudança da Política Linguística Cabo-verdiana que, em Abril de 2021, foi entregue ao então Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca.
Karina Moreira diz que, tendo em conta os objectivos da associação, uma das suas missões é contribuir não só para a valorização, oficialização, padronização e preservação da língua cabo-verdiana, como também “desconstruir” os mitos e os preconceitos que ainda se colocam em relação ao crioulo, enquanto língua oficial e de ensino.
“É por isso que o nosso foco tem sido a divulgação do conhecimento da língua, da variação, das diferenças e semelhanças entre as variedades”, explica.
“Muitas vezes dizemos que o crioulo já falamos e que, então, está a ser valorizado. Mas, sabemos que falta um passo importante na sua valorização no futuro, sobretudo na Educação, e por isso temos sempre que manter o porquê da necessidade da sua oficialização”, observa.
Como lembra também, o último estudo de opinião da Afrobarómetro aponta que uma grande parte dos cabo-verdianos é a favor da oficialização da nossa língua materna. Contudo, “apesar dessa vontade, não se tomam medidas concretas para a oficialização”.
“Temos que exigir medidas concretas já que a população cabo-verdiana já mostrou que quer a oficialização da sua língua materna. Ou seja, mais do que falar, é hora de concretizar” e, para isso, desafia a classe política a assumir a sua parte deste combate.
Da sua parte, para atingir tal objectivo, segundo a nossa entrevistada, a ALMA-CV pretende apostar nos seus membros e integrantes confiando-lhes a tarefa de divulgar a língua, os trabalhos científicos e académicos que existem sobre esta questão, numa luta que não será fácil mas que acabará por atingir o seu propósito.
“Estamos dispostos a contribuir, apresentar medidas concretas e pôr todo o conhecimento dos nossos integrantes ao serviço da língua para a sua maior valorização, oficialização, padronização e preservação”, finaliza.