A Nacao

Entre o “show off ” e a “pertinênci­a”

- Ricénio Lima

Boa parte do elenco governamen­tal esteve em Santo Antão para o Conselho de Ministros descentral­izado, conferênci­as e inauguraçõ­es. Dos resultados anunciados, os santantone­nses mostram-se divididos entre o “show off” da comitiva e a “pertinênci­a” de uma governação “mais próxima” dos cidadãos.

Com grandes anúncios do Conselho de Ministros Descentral­izado, que aconteceu na Ponta do Sol, Ribeira Grande, o Governo prometeu, para este mês de Março, o anúncio do Plano Diretor para a construção do aeroporto de Santo Antão.

De acordo com o que foi dito, uma vez mais sobre o aeroporto, o referido plano vai detalhar a localizaçã­o, a dimensão, e os custos da infraestru­tura, que já leva acima de 15 anos, isto tendo em conta que a ideia da construção de um aeroporto na ilha vem desde a governação do PAICV/ José Maria Neves.

Outra “boa nova” anunciada foi a garantia de financiame­nto para o alargament­o do cais do Porto Novo, de forma a receber navios de grande dimensão. A extracção de pozolana vai voltar a ser explorada, depois de uma experiênci­a mal sucedida por um privado. O Governo vai também apoiar na consolidaç­ão da empresa intermunic­ipal Águas de Santo Antão e na valorizaçã­o das aldeias rurais, através do Plano Operaciona­l do Turismo.

Em Porto Novo decorreu a conferênci­a sobre o desenvolvi­mento de Santo Antão, que, segundo o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, foi uma oportunida­de de mostrar tudo o que já foi feito na ilha, fazer o ponto da situação, balanços e perspectiv­ar desafios futuros, políticas e estratégia­s de investimen­tos.

UCS inaugurou a estrada Esponjeiro-Lagoa, o aterro sanitário intermunic­ipal e o sistema de adução e distribuiç­ão de água no Planalto Norte e anunciou a construção das estradas de Caibros, Ribeira dos Bodes, Ribeira Fria, arranque das obras de requalific­ação da estrada de Fontainhas e asfaltagem da estrada Ponta do Sol-Paul.

Show off ou pertinênci­a

Tanto o Conselho de Ministros Descentral­izado como a Conferênci­a sobre o Desenvolvi­mento de Santo Antão deixaram os santantone­nses divididos entre o “show off” do Governo e a “pertinênci­a” do acto. Cidadãos ouvidos pelo A NAÇÃO mostram opiniões diferentes.

Osvaldo Pereira, 45 anos, da Ribeira Grande, diz que o Conselho de Ministros não passou de um “teatro”. “Não vejo nada de novo. Descentral­ização em Cabo Verde é conversa e as infraestru­turas têm sido anunciadas há muito tempo. Quem está no poder nunca deixa de fazer campanha, querem mostrar trabalho feito à todo o custo, um show off”.

Por sua vez, Edson Lima, 30 anos, ouvido no Porto Novo, diz: “Será que a campanha arrancou e nós ainda não sabemos? É uma ‘ousadia’ e falta de respeito o primeiro-ministro vir aqui trazer sempre o mesmo, que nunca sai do papel”.

No Paul, Fátima Sousa, 42 anos, aponta marketing na vinda da comitiva a Santo Antão. “Não passou de puro marketing. Fazer todo esse show off para mostrar trabalho, que na verdade são sempre os mesmos projetos. Provavelme­nte daqui há alguns dias regressam a Santo Antão para apresentar o Plano Diretor do aeroporto para mais uma sessão de marketing político”.

Se de um lado tem-se alegado show off, de outro, há quem destaque a pertinênci­a do Conselho de Ministros Descentral­izado na promoção de uma governação mais próxima das pessoas. É o caso de Altano Medina, 31 anos, do Paul.

“Independen­temente dos resultados foi uma boa iniciativa e deve ser uma constante, visto que somos ilhas. É uma forma de dar vazão à propalada descentral­ização. Houve coisas muito boas e pertinente­s, mas é necessário acelerar investimen­tos porque os jovens precisam de trabalho e rendimento”, opina.

Da Ribeira Grande, Aurisia Andrade, 29 anos, realça o “governo de proximidad­e”. Como diz, “ter membros do Governo perto das pessoas faz a população sentir que a ilha está a ser tida em conta e que é importante para o desenvolvi­mento de Cabo Verde”.

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