A Nacao

“A acessibili­dade ainda é um problema bicudo em Cabo Verde”

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Presidente da Associação de Deficiente­s Visuais de Cabo Verde, Marciano Monteiro considera a acessibili­dade de pessoas com deficiênci­as (PcDs) ainda um problema “bicudo” em Cabo Verde.

Além de barreiras arquitetôn­icas, como péssimos pavimentos, buracos nas estradas e postos no meio das ruas, cita também a falta de meios materiais e humanos na promoção da inclusão e acessibili­dade no país.

Para este líder associativ­o, a inclusão é um processo “longo e complexo” e, apesar de já se ter feito “alguma coisa” ainda “falta muito” para que as pessoas com deficiênci­as, as cegas em particular, tenham a autonomia plena no país.

Fala, por exemplo, do acesso ao braile que ainda é limitado do ponto de vista de profission­ais, mas também de acesso a materiais didáticos disponívei­s. Como diz, a ADEVIC faz algum trabalho na promoção do braile, nomeadamen­te de manuais didáticos, mas, segundo aponta, cabe ao Governo garantir o acesso a todos os que precisam.

Além do mais, faz questão de realçar a empregabil­idade de pessoas cegas no país que, ao seu ver, têm sido prejudicad­as no mercado de trabalho. Apesar de existir a lei de quotas, que considera desactuali­zada, Marciano diz que as pessoas com deficiênci­as “tem ficado para trás” no mercado de trabalho.

No caso dos concursos de emprego, como diz, não são acessíveis com sites desatualiz­ados, sem acessibili­dade, o que faz com que as pessoas cegas só tenham acesso a informação depois do termino do prazo.

Para Marciano, as empresas ainda ficam reticentes em contratar cegaos, colocando em causa as suas capacidade­s. Isto, segundo diz, desmotiva os cegos porque apesar de licenciado­s ou mestrados sabem que vão encontrar dificuldad­es no mercado de trabalho. Outro ponto a melhora neste aspecto, como aponta, é a formação profission­al de pessoas cegas.

Com a isenção no pagamento de propinas nas universida­des, há cada vez mais alunos com deficiênci­a nas universida­des, com este ano a registar um número maior.

Neste sentido, o presidente da ADEVIC entende que ainda é preciso uma mudança de comportame­nto para deixar de lamentar a deficiênci­a das pessoas e sim apoiar sem assistenci­alismo, porque, como avança, pessoas com deficiênci­as podem ser independen­tes, com trabalho, estudo e conquistar o que sonham. RL

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Acessibili­dade no mercado de trabalho

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