A Nacao

Um dos pioneiros na divulgação da música dos Palops em Portugal

O produtor e cantor caboverdia­no Zé Orlando morreu quinta-feira, 22 de Março, em Lisboa, cidade onde se notabilizo­u como um dos pioneiros da promoção e divulgação da música dos Paises Africanos de Língua Oficial Portuguesa.

- Analtino Santos*

Músicos e amantes da arte angolana em particular e dos restantes países da comunidade lamentam a morte de Zé Orlando. O seu nome e da produtora Sons d’África ficará marcado na história da cultura destes povos.

Em Angola, a primeira aposta foi Eduardo Paim, parceria que resultou nos álbuns “Foi Aqui”, “Do Kayaya”, “Luanda, Minha Banda”, onde encontramo­s sucessos como “A Minha Vizinha”, entre outros. Com a produção de Paim, outros artistas nacionais tiveram as suas obras lançadas pela editora Sons D’Africa, com destaque para Jacinto Tchipa, Paulo Flores, Ruca Van Dúnen, Robertinho e outros, que provam que também esteve na primeira linha do Kizomba.

O Semba está presente com Bon- ga, Carlos Burity, Carlos Lamartine, Os Kiezos, Jovens do Prenda, Dom Caetano, enquanto no Kuduro se destacam “Ta... Sebem”, de Sebem, Rei de Hélder, Dog Murras em “Natural é Diferente” e outras apostas como Alje-Fixo, Sidney, o Profeta, Camilo Domingos, África Tentação, Irmãos Verdades, Tropical Band e uma lista enorme.

Orlando Lima Pires, mais conhecido por Zé Orlando, nasceu em São Tomé e Príncipe. Filho de caboverdia­nos, foi um dos principais promotores da música africana em Portugal, tendo falecido no passado dia 23 de Março no Hospital Amadora Sintra. O produtor foi a enterrar no dia 27 no Cemitério de Amadora.

O empresário e activista cultural, era uma figura muito querida no seio da comunidade artistica africana pelo seu papel como fundador da mitica editora e distribuid­ora de música africana-Sons D’África e depois noutros projectos numa aventura que arrancou nos anos 80. Cantava e compunha, o que levou a que, na década seguinte, falar de Zé Orlando em Portugal era equivalent­e à música africana.

Antes músico, viu uma oportunida­de no mercado porque não havia música africana e assim apostou na produção de discos de africanos em Portugal. À semelhança dos artistas angolanos, as maiores referência­s dos Palops passam por Zé Orlando como Bana, Leonel Almeida, Luis Morais, Jorge Neto, Livity, Juka, Justino Delgado, África Negra, etc.

Reacções

“Nunca cheguei a gravar para a editora Sons d’Africa, mas lembro-me que o Zé Orlando foi o primeiro editor a mostrar interesse em investir num álbum meu, depois de lhe fazer chegar uma cassete com gravações caseiras, na Praça de Espanha. E eu era um ilustre desconheci­do. A verdade é que sem Zé Orlando, muitos grandes artistas dos PALOP não teriam existido. Descansa em paz Zé Orlando”, disse Don Kikas.

“Grande perda que nunca encontrare­mos jamais, por isso, Zé é uma perda não só para família, também para o mundo inteiro. Descanse em paz, que a luz de Deus console os vossos corações”, escreveu Firmino Borges.

“RIP meu tio. Nunca estamos preparados para nos despedir para sempre de alguém, mesmo sabendo que faz parte da vida, quando a hora chega, nunca conseguimo­s pronunciar as últimas palavras, o último adeus. Que as forças do alto te ajudem a seguir para o teu mundo de luz e voe alto, meu tio”, lê-se na publicação de Zely Delgado.

“Obrigado por tudo Zé Orlando. Vai com Deus”, “Eterno descanso ao Zé Orlando” “Nossa cultura ficou mais pobre. Zé Orlando artista e produtor musical partiu para eternidade” O pai da música africana. Zé Pires Orlando” e “O nosso melhor Tempo dos nossos pais. Um grande artista que deu vida às vozes africanas foi-se. Descansa em paz”, são outras mensagens deixadas a lamentar a morte.

*Jornal Angolano de Artes e Letras

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