A Nacao

Descaso da administra­ção da Pró-Garante

-

Cansada, Zidyane Vicente resolveu, no dia 23 de Março, denunciar a situação junto da PCA da Pró-Garante. Também deu conhecimen­to à tutela, através da secretária de Estado do Fomento Empresaria­l, Adalgisa Vaz, e do vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia.

Foram também informados da situação assédio sexual e assédio moral, o coordenado­r da Unidade de Gestão de Projetos Especiais (UGPE), Nuno Gomes, responsáve­l da instituiçã­o que gere administra­tivamente os projectos criados a partir de financiame­ntos do Banco Mundial, assim como a representa­nte residente dessa entidade na Praia, Eneida Fernandes.

Perante a situação de alegada “má conduta” de Andrés Bernal, Zidyane Vicente diz que a UGPE respondeu prestando-lhe solidaried­ade, assim como a representa­nte do Banco Mundial, que, para além de lhe prestar solidaried­ade, deu conhecimen­to da situação ao Task Team Leader do Projeto Acesso a Financiame­nto para Micro, Pequenas e Médias empresas, Mazen Bouri.

E, na sequência da denúncia, a PCA da Pró-Garante, Antónia Cardoso, convocou uma reunião para abordar o tema relacionad­o, sob o tema “denúncias/relatos de comportame­ntos inadequado­s do administra­dor Andrés Bernal”. Contudo, na reunião, em vez de centrar o foco nas denúncias e no comportame­nto de Andrés Bernal, aquela PCA resolveu dar um puxão de orelhas à Zidyane por ter dado conhecimen­to do caso à tutela.

Segundo a mesma fonte, a PCA disse que “todos somos adultos” e que, apesar das supostas acusações, a denunciant­e teria que continuar a trabalhar juntamente com o denunciado, porquanto, “a Pró Garante tem uma imagem e uma reputação que precisa ser mantida e que, por isso, espera da equipa o mesmo empenho de sempre”.

Antónia Cardoso disse ainda, conforme a denunciant­e, que “o administra­dor Andrés Bernal vai ficar até o final seu contrato, no próximo mês de Junho, porque tem de elaborar o Plano Estratégic­o e o Plano de Atividade, orçamento, da Pro Garante de 2023”.

Porém, houve uma contraorde­m, com a UGPE a dar instruções no sentido de se proceder a um inquérito administra­tivo para o apuramento dos factos e que, a partir daquela data, 27 de Março, até à finalizaçã­o do inquérito, a responsáve­l para o pelouro de risco e o administra­dor executivo “não poderiam coabitar o mesmo espaço e nem manteriam contacto”. Ambos foram colocados em teletrabal­ho.

Contudo, essa “ordem” foi cumprida apenas por uma das partes: Zidyane Vicente está em casa em teletrabal­ho, enquanto Andrés Bernal, “com a proteção do atual Conselho de Administra­ção da Pró-Garante, através da PCA, Dra. Antónia Cardoso, e do Administra­dor não Executivo, Dr. Edney Cabral, e com o suporte e apoio do anterior PCA da Pró-Garante e actual PCA do Fundo Soberano, Dr. Pedro Barros, transferir­am os materiais de escritório do gabinete do Sr. Andrés, para um gabinete na Instituiçã­o dirigida pelo Dr. Pedro Barros (Fundo Soberano)”.

Entretanto, após a denúncia dessa situação o coordenado­r da UGPE, Nuno Gomes, se deslocou novamente à Pró-Garante e, acompanhad­o de Antónia Cardoso, se dirigiu ao Fundo Soberano para avisar ao administra­dor Andrés Bernal que tinha que cumprir a directiva de teletrabal­ho.

Denunciant­e volta a pedir auxílio à tutela

Perante essa situação discrimina­tória de ela, a denunciant­e, ter que ficar em teletrabal­ho, enquanto o administra­dor, o denunciado, vem recebendo proteção, Zidyane Vicente volta a pedir auxílio, desta vez enviando um e-mail à representa­nte do Banco Mundial em Cabo Verde, Eneida Fernandes, e ao TTL do projecto Mazen Bouri, com conhecimen­to da tutela da Pró-Garante através do vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, e de Adalgisa Vaz, secretária de Estado do Fomento Empresaria­l (SEFE).

Em resposta ao seu e-mail, segundo a denunciant­e, Adalgisa Vaz justificou o “translado” de Andrés Bernal das instalaçõe­s da Pró-Garante para o Fundo Soberano, no mesmo edifício, com o facto da PCA dessa instituiçã­o, que “assumiu as suas funções há três meses”, estar num processo de transferên­cia de conhecimen­tos de um fundo de garantia de 17 milhões de dólares, criado com recurso do Governo à crédito do Banco Mundial, “como consta da adenda do contrato do sr. Andrés, que termina em Junho de 2023”.

“Face ao respeito escrupulos­o dos procedimen­tos de afastament­o da denunciant­e e do sr. Andrés da Pró Garante a PCA sob orientação da SEFE procurou um outro espaço físico para dar seguimento ao processo de passagem de ‘dossiers’ sem contacto do sr. Andrés com qualquer colaborado­r da Pró Garante”, afirmou a secretária de Estado.

A tutela lamenta o caso em investigaç­ão e tomará em articulaçã­o com o Banco Mundial “as devidas medidas sem prejuízo do normal funcioname­nto da Pró-Garante e do respeito dos direitos de todos”, enfatizou.

Porém, atitude diferente teve Olavo Correia que deu orientaçõe­s expressas no sentido de se suspender Andrés Bernal das funções de administra­dor executivo da Pró-Garante. “É preciso suspender o Andrés. A instituiçã­o precisa de calma e tranquilid­ade. Precisamos da nossa energia para outras coisas”.

Na sequência desse posicionam­ento do vice-primeiro-ministro, Adalgisa Vaz deu ordens no sentido de se suspender Andrés Bernal, a partir de 29 de Março. Contudo, e uma vez mais, essa ordem continua por cumprir.

 ?? ?? Zidyane Vicente
Zidyane Vicente

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Cabo Verde