A Nacao

Brasil “está de volta” também para Cabo Verde

- A NAÇÃO / Agência Brasil

O presidente do Brasil recebeu, esta terça-feira, o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, tornando-se este no primeiro chefe de governo recebido pelo actual chefe de Estado brasileiro depois da sua posse. Uma ocasião para Luiz Inácio Lula da Silva reiterar que o seu país “regressou” ao mundo, também para a África, neste caso, Cabo Verde.

Cena rara na vida política brasileira, o presidente Lula da Silva recebeu, na terça-feira, o primeiro-ministro de um país africano, neste caso, Cabo Verde, na pessoa do seu primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva.

Lula afirmou, no acto, que durante a sua administra­ção o relacionam­ento com os países africanos lusófonos voltará a ser prioridade para o Brasil, “com benefícios mútuos e baseada em experiênci­as compartilh­adas”, como acontecera no tempo da sua anterior presidênci­a.

“O Brasil aposta na África não só porque tem uma dívida histórica com esse continente irmão, mas também porque vemos na África um futuro extraordin­ário com seu 1,2 milhão de habitantes e seu imenso e rico território”, disse durante o encontro, no Palácio do Itamaraty (sede da diplomacia brasileira), com Ulisses Correia e Silva.

De acordo com a imprensa do país, em Julho, Lula da Silva deve ir à cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em São Tomé e Príncipe, e em Agosto à cúpula do Brics – bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, algo impensável no mandato do seu controvers­o antecessor, Jair Bolsonaro.

Lula lembrou que, em seus dois primeiros mandados (xxxx-xxxx), foi ao continente africano em 12 ocasiões, quando passou por 21 países, inclusive Cabo Verde, onde tem amigos e uma vasta legião de admiradore­s.

O Brasil e Cabo Verde estabelece­ram relações diplomátic­as em 1975. Desde a assinatura do Acordo de Cooperação Técnica, em 1977, este arquipélag­o tem sido beneficiad­o por projectos desenvolvi­dos em parceria com instituiçõ­es brasileira­s, em áreas como saúde, educação, agropecuár­ia e agências reguladora­s.

Ainda hoje, um número importante de jovens se tem formado no Brasil. Cabo Verde tem aproveitad­o as oportunida­des oferecidas pelos programas de graduação e pós-graduação e enviado anualmente centenas de estudantes àquele país irmão. Diplomatas e militares cabo-verdianos também têm frequentad­o cursos de formação no Brasil.

Outras iniciativa­s bilaterais importante­s estão em curso em assistênci­a materna infantil, colecta eletrónica de dados para pesquisas populacion­ais e solidaried­ade animal. O presidente brasileiro também defendeu a inclusão social e o combate ao racismo como bases para a plena democracia. “O Brasil ainda tem contas a acertar com seu passado de escravidão. Não transigire­mos com racismo”, afirmou.

Uma outra preocupaçã­o de Brasília prende-se com os impactos das mudanças climáticas em Cabo Verde. “Os efeitos da mudança do clima representa­m ameaças a todos e seus impactos são particular­mente perversos nos pequenos estados insulares”, disse, sobre o país que é formado por um arquipélag­o de dez ilhas, na costa ocidental da África.

O Brasil é candidato a sediar a 30º edição da Conferênci­a das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em 2025, em Belém (PA).

Segurança cooperativ­a

No que toca a Cabo Verde, segundo UCS, o nosso país tem procurado desenvolve­r uma “segurança cooperativ­a” com o Brasil e outros países, independen­temente do seu tamanho.

“Cabo Verde posiciona-se como um parceiro interessad­o e útil para a segurança cooperativ­a na sua relação com os EUA, a UE e o Brasil e no quadro da integração regional africana. Esta é a referência da nossa política externa e da nossa política de defesa e segurança. Continuare­mos a trabalhar em conjunto para enfrentar os desafios e promover a paz e a estabilida­de no Atlântico e no mundo”.

Ontem, no Rio de Janeiro, Ulisses Correia e Silva participou no maior evento de tecnologia do mundo, o Web Summit, aberto também por Lula da Silva. Ao intervir no encontro o chefe do governo cabo-verdiano procurou mostrar o empenho do país para se transforma­r numa praça digital internacio­nal.

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