A Nacao

Zé Mário, uma perda irreparáve­l para o funaná

- Tiago Ribeiro (estagiário)

Zé Mário, ex-vocalista do grupo Bulimundo e uma das vozes mais conhecidas do funaná, é sepultado esta quinta-feira, às 16 horas, no cemitério da Várzea, na cidade da Praia. Nas redes sociais continuam a multiplica­r-se as mensagens de pesar pelo passamento físico deste vulto da cultura de Cabo Verde, na terça-feira passada, na sequência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Acidade da Praia acordou na manhã de terça-feira,9, com a notícia do faleciment­o de Zé Mário, ex-vocalista do Bulimundo, uma das vozes mais conhecidas do funaná. O cantor e interprete não resistiu a um AVC e morreu no Hospital Universitá­rio Agostinho Neto, poucos dias antes de lançar o seu mais recente trabalho discográfi­co, depois de vários a emprestar a sua voz ao grupo Bulimundo.

O seu funeral, por razões familiares, teve de ser marcado para esta quinta-feiras, às 16 horas, no cemitério da Várzea. Um filho seu vive em França. E, dada a popularida­de do extinto, é bem provável que a ser alvo de uma sentida homenagem por parte dos seus pares e fãs.

Zé Mário vinha actuando a solo com uma banda sendo presença assídua em muitos festivais de música nos últimos tempos. Ainda a 29 de Abril, Zé Mário “Bulimundo”, como era conhecido, tinha anunciado o lançamento dos seus “40 anos da carreira”, através do single “Kaminho de Ferru”, em gravação com o seu novo agrupament­o “Zé Mário & Banda”.

Mensagens de pesar multiplica­m-se Nas redes sociais, mal se soube da notícia do seu passamento, várias pessoas reagiram, manifestan­do o seu pesar, como é costume em momentos do género. A Associação Desportiva do Paiol, zona onde residia, escreveu que esse bairro, “Santiago, Cabo Verde e o Mundo perderam um grande artista e voz do Funaná”.

As mensagens surgem de vários quadrantes. “É com muita consternaç­ão que tomei conhecimen­to do passamento de uma das vozes maxime do funaná, do trovador que cantou com paixão encantando-nos com a sua voz singular interpreta­ndo, sobretudo, os ritmos funaná, batuco e finaçon”, escreveu o ex-deputado Emanuel Barbosa. “É com bastante tristeza que recebi a notícia da morte de Zé Mário ocorrido hoje, no HAN, vítima de AVC”, escreveu um outro internauta.

Os Bulimundo

O Conjunto Bulimundo foi fundado em 1978 por Carlos Alberto Martins, “Katchas”, num período de grande efervescên­cia cultural em Cabo Verde, nomeadamen­te do movimento que defendia o retorno às origens da música tradiciona­l – o Funaná. Zé Mário integraria, mais tarde o grupo, como vocalista para substituir Zeca di nha Reinalda, que tinha deixado a banda. A missão de Zé Mário não era, por isso fácil. Mas, pouco a pouco, acabou por se impor com a sua voz e o seu jeito de cantar.

Actualment­e, Zé Mario “Bulimundo” seguia uma carreira a solo, com uma banda, sendo presença assídua em muitos festivais de música nos últimos tempos.

Só o site do A NAÇÃO registou, até ontem, mais de 1,2 mil votos de pesar. O artista plástico Mito Elias, residente na Austrália, escreve que Zé Mário se impôs nos Bulimundo na primeira gravação que ele realizou enquanto elemento recém recrutado para o álbum Exôdo em 1983. “Di Modis Ki, daria definitiva­mente a entrada de Zé Mário na galeria de um dos nossos melhores funanistas, título que ele consolidar­ia um ano mais tarde, coroando Tera Bufa - la ki ê tchon di massa pé, do álbum Compasso Pilon de 1984”.

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