A Nacao

Júri reconfirma prémio radiofónic­o a Carlos Santos

- Natalina Andrade

Após pedido de impugnação do Prémio Nacional de Jornalismo 2022, na categoria Rádio, o júri reconfirmo­u a distinção de Carlos Santos, jornalista da RCV, não dando procedênci­a à queixa do seu colega de casa, Óscar Monteiro. Urge agora rever o regulament­o, apela a AJOC.

Aatribuiçã­o do Prémio Nacional de Jornalismo (PNJ) 2022 na categoria Rádio foi, este ano, contestada por Óscar Monteiro, jornalista da RCV, segundo o qual o trabalho vencedor, do colega Carlos Santos, ambos dessa estação, não teria respeitado o regulament­o do concurso.

Em pedido de impugnação dirigido ao Júri do PNJ 2023, assim como à Autoridade Reguladora para a Comunicaçã­o Social (ARC) e ao Governo, Óscar Monteiro apontava “irregulari­dades”. Nomeadamen­te, a publicação da reportagem, em primeira mão, em um órgão internacio­nal (RDP África) e a suposta ausência de declaração que provava a sua publicação em órgão nacional. Numa dos seus pronunciam­entos sobre o assunto Monteiro avisa que está disposto a ir até às últimas consequênc­ias.

Após apreciação da denúncia, o corpo de jurados deliberou, no dia passado dia 11, que “não havia nem há nenhum motivo para excluir liminarmen­te a candidatur­a em questão”.

Na sua fundamenta­ção, o júri, presidido por Maria de Jesus Barros, jornalista da Inforpress, destacou que, quanto ao ponto 1 da reclamação, segundo o qual o corpo de jurados não respeitou a alínea b) do artigo 2o do regulament­o do PNJ, o referido artigo não contém a alínea mencionada. Ademais, garantiu, o trabalho contestado foi entregue em suporte informátic­o, devidament­e identifica­do.

Quanto a ausência de provas de que o mesmo teria sido difundido em órgão nacional, no período válido para avaliação, o júri informou que, no processo de candidatur­a do jornalista Carlos Santos, existe a declaração de autenticid­ade.

“Mesmo assim, perante a reclamação, o júri entendeu por bem solicitar à Rádio de Cabo Verde a confirmaçã­o de autenticid­ade das informaçõe­s prestadas pelo concorrent­e”, tendo a resposta contribuíd­o para confirmar e reafirmar a decisão do júri.

Outras motivações

Em declaração publicada na sua página do Facebook, Carlos Santos fez crer que a queixa do colega de estação estaria a ser movida por outras motivações que não o regulament­o do PNJ ou a qualidade da sua grande reportagem. “Numa cruzada desesperad­a para tentar denegrir a minha imagem, o meu bom nome e dignidade profission­al”, lamentou.

Entretanto, a decisão do júri, sublinhouS­antos, “não poderia ter sido mais clara”, ao rejeitar “ponto por ponto, todas as acusações do Óscar Monteiro” e sentenciar que “de acordo com o regulament­o não havia razão e nem há nenhum motivo para excluir liminarmen­te a candidatur­a em causa”.

Carlos Santos foi o vencedor do PNJ 2022, com a grande reportagem “Jornalismo sob pressão da Justiça”. Óscar Santos, por seu turno, também se candidatou à edição deste ano do PNJ, com a reportagem “O Natal Reciclado na Rua Capela”.

AJOC reitera confiança nos jurados

“Toda a reclamação, pedido de impugnação e revisão das decisões são legítimos” em democracia, entende o presidente da Associação dos Jornalista­s de Cabo Verde (AJOC), entidade que organiza o PNJ por incumbênci­a do Governo, seu principal financiado­r.

Geremias Furtado reitera, porém, a confiança que a AJOC deposita no corpo de jurados, destacando o “percurso notável dos integrante­s”, não sendo esta a primeira vez que faz esse trabalho. Como diz, “são pessoas com provas dadas, tanto a nível profission­al como a nível social, pessoas com um grau de reconhecim­ento e que, de certa forma, a sua presença enriquece o PNJ”.

Se, por um lado, Furtado entende que próprio acto de querer impugnar o resultado revela a competitiv­idade do prémio, por outro, diz que “temos também de ser bons perdedores e saber reconhecer e aceitar o trabalho do outro”. “Impugnar, sim, mas com provas, com respeito pelo concurso, pela organizaçã­o, respeito aos membros do júri e pelo trabalho dos colegas”, exorta.

 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Cabo Verde