Médica Georgina Chantre agredida por utente no Hospital Agostinho Neto
A médica Georgina Chantre, do Hospital Agostinho Neto, denunciou na quinta-feira,11, uma agressão por parte de um utente, no seu local de trabalho. O apelo é para o reforço da segurança no Banco de Urgência, tendo em conta que esta não é a primeira vez que os profissionais de saúde enfrentam estes riscos. O indivíduo foi detido.
Conforme explica Georgina Chantre, o caso aconteceu na quarta-feira, 10. O agressor é um indivíduo que acompanhava um paciente, que deu entrada no hospital com úlcera crônica, com sinais de maus tratos e falta de cuidados.
“O indivíduo que o acompanhava dirigiu-se para mim de forma muito agressiva, já dando ordens de que ele tinha trazido o doente para ser internado e cuidado, referindo que ele não tem tempo para tomar conta dele”, contou a médica.
Procedimentos habituais
Essa profissional de saúde revela ainda que apesar da forma como foi tratada, seguiu todos os procedimentos normais.
“Passei os exames e quando os resultados ficaram disponíveis chamei o cirurgião e ele recomendou ortopedista porque os joelhos e a coxa deste paciente estavam em péssimas condições. No momento em que o paciente estava a ser passado da maca para uma cadeira de rodas, dada a sua situação que não era boa, manifestou
algum desconforto”, prosseguiu.
E ao que tudo indica, foi neste momento que o utente, (aparentemente filho do paciente) começou a “agredir” e a ameaçar a profissional de saúde.
Cenário “triste, vergonhoso e humilhante”
“Ele estava muito agressivo e inclusive, disse-me que se o paciente morresse iria matar-me. Começou a insultar-me e a soltar muitas palavras feias. Na altura que ia avançar para a agressão física, foi impedido pelo porteiro”, avançou a médica que descreve o cenário como “triste, vergonhoso e humilhante”.
No momento, segundo contou, não conseguiu reagir pois “não esperava aquela atitude, ainda mais sabendo todos aqui da forma como eu costumo tratar os pacientes”.
“Comecei a trabalhar aqui antes da pandemia, há cerca de quatro anos, e nunca discriminei, nem tratei mal as pessoas. Não trato as pessoas por status nem por classe social. Por isso, não esperava esta atitude deste senhor ou de qualquer outro utente”, desabafou.
Queixa prestada e indivíduo detido
Indignada com a situação Georgina diz que foi accionada a Polícia Nacional e que teve que deslocar “junto com o agressor” para a esquadra de polícia onde foi prestar queixa.
“Ele ficou preso e eu fui muito bem tratada pelas autoridades pois estava no meu direito. Não poderia deixar isto passar em branco. Fui muito humilhada no meu local de trabalho e sem motivo algum”, avançou, referindo que esta não é a primeira vez que vê agressividade nos utentes.
População agressiva e revoltada (nas redes sociais)
Para Georgina, parte deste cenário de agressividade e “revolta da população” para com as unidades de saúde e dos profissionais da área, vem da “má imagem” criada, sobretudo nas redes sociais.
“Hoje em dia, tudo é exposto nas redes sociais e as pessoas simplesmente não questionam se tais situações publicadas são ou não verdadeiras…se tudo aconteceu realmente como é contado.
Reforçar a segurança no Hospital da Praia
Para que esta situação “nunca mais se repita” Georgina Chantre diz que é necessário reforçar a segurança na Banca de Urgência do HAN pois há, a cada dia, mais riscos de vulnerabilidade.
Até porque segundo contou, certas situações enfrentadas são desmotivadoras e põem em risco a integridade física destes profissionais.
“Temos autoridades aqui presentes mas na maioria das vezes são mulheres e todos nós sabemos que elas não são respeitadas da mesma forma, sobretudo pelos homens. Por isso, nos sentimos vulneráveis considerando que lidamos diariamente com todos os tipos de pessoas, sem excepção”, termina.
O indivíduo foi detido e o caso segue os trâmites junto das autoridades competentes. Já o paciente ficou internado sob os cuidados de saúde no HAN e inclusive, pediu desculpas à médica Georgina Chantre, pelo comportamento do seu acompanhante.