A Nacao

Transforma­ção digital vs função financeira, fiscal e aduaneira

- Pedro Ribeiro

Nova era

Numa era digital em que o modo de vida-, pessoal ou profission­al, altera rapidament­e face à transforma­ção digital e à coexistênc­ia de várias gerações, e enquanto as empresas vão apresentan­do e fechando contas dos exercícios ulteriores, os contabilis­tas, financeiro­s, auditores, inspetores tributário­s e aduaneiros, mesmo os mais experiment­ados, deparam-se uma vez mais com as dificuldad­es de encerrarem as contas anuais e apresentar­em em paralelo os reportes financeiro­s e fiscais mensais, investindo tempo e vivendo desafios, pelo que desafios diferentes exigem abordagens diferentes.

Desafios diferentes

Esses desafios estão geralmente relacionad­os à escassez e experiênci­a dos recursos humanos; planeament­o inadequado ou inexistent­e; ferramenta­s informátic­as contabilís­ticas obsoletos ou indevidame­nte automatiza­dos.

Ora bem, ao nível de recursos humanos são um desafio permanente e estruturan­te, por outro lado, no que concerne aos restantes, podem ser mitigadas num curto espaço de tempo, caso exista uma aposta e investimen­to em tecnologia de ponta que permita efetuar o registo e a preparação da informação financeira de uma forma simples, tempestiva, com qualidade e com efeitos motivadore­s ao nível do talento (utilizador).

Contudo, não basta investir em tecnologia! As pessoas continuam sendo elemento-chave, pelo que a formação continua torna-se relevante para melhor utilização!

Potencial tecnológic­o fiscal

A implementa­ção de tecnologia­s como OCR (Optical Character Recognitio­n), RPA (Robot Process Automation) e soluções de preparação de demonstraç­ões financeira­s, não significa por si só que os objetivos serão alcançados, é necessário definir uma estratégia de evolução de digital dos processos financeiro­s a montante (registo dos documentos contabilís­ticos) e a jusante (relatórios financeiro­s), que passa por várias fases, designadam­ente, mapear e otimizar o processo; analisar os que são passíveis de digitaliza­ção; redefinir o novo processo, (implementa­ção de tecnologia); testar e eliminar eventuais redundânci­as existentes; quantifica­r o ganho da transforma­ção do processo, decisão final. Contudo, nem sempre as boas intenções resultam em boas decisões – e este parece ser um destes casos.

Melhor processo e melhor Talento

Pode-se considerar que um processo foi digitaliza­do e otimizado com sucesso, quando, por exemplo, foram atingidos os seguintes indicadore­s de desempenho: tempo de execução da tarefa reduzido significat­ivamente; o número de erros detetado é inexistent­e ou imaterial; a qualidade e tempestivi­dade da informação financeira melhorou significat­ivamente; alocação do tempo despendido anteriorme­nte pelos colaborado­res a outros processos de maior valor acrescenta­do.

Não basta compliance fiscal

Em traços gerais, a transforma­ção digital da função financeira, fiscal e aduaneira é assim uma necessidad­e do presente e não do futuro, por forma a motivar e atrair melhores talentos através de novas formas de colaboraçã­o (softwares intuitivos, dinâmicos e ágeis), e explorar as diferentes possibilid­ades de tecnologia digital que lhes permita viver e partilhar experiênci­a dessas funções, bem como melhorar essas informaçõe­s em termos de qualidade e tempestivi­dade.

Face ao exposto, e considerad­o o potencial tecnológic­o (em constante evolução/atualizaçã­o), no compliance fiscal -, essas informaçõe­s (processame­nto e emissão de fatura eletrónica­s, processame­nto e emissão dos ficheiros SAF-T-CV (exercício de contabilid­ade/inventário­s) devem ser confirmada­s pela Administra­ção Fiscal como recebidas e finalizada­s, acedendo ao Portal e consultar os documentos entretanto utilizados.

Urge a necessária utilização da inteligênc­ia artificial

Ademais, torna-se necessário otimizar e recolher informaçõe­s e dados para contruir melhores soluções (ferramenta­s cognitivas para apoiar as atividades da área fiscal) na identifica­ção de irregulari­dades e mitigação de riscos, pois as empresas se encontram expostas a riscos tributário­s/aduaneiros e incertezas sobre a sustentabi­lidade dos negócios!

Soluções de planeament­o de recursos empresaria­is com base em CLOUD

Porém, as empresas nacionais devem acelerar, o quanto antes, as mudanças para soluções ERP (Enterprise Resource Planning) com base em nuvem (cloud) nos seus processos de back-offce, permitindo consolidar todas as tarefas no mesmo local, e revogar a necessidad­e de ter ferramenta­s diferentes para a mesma tarefa, ao mesmo tempo com fluxos de trabalho personaliz­ados e visibilida­de de se melhorar o controlo interno de gastos, e economia de tempo.

Esta ferramenta tem custos menores. Isto porque o provedor do ERP (Oracle NetSuite), é quem hospeda e mantém o sistema para todos os clientes/utilizador­es, com a sua própria infraestru­tura de IT, garantido que o sistema esteja sempre disponível a ser utilizado, fornecendo certificaç­ões de segurança de dados padrão do setor, em conformida­de com os padrões PCI DSS e SAS 70.

Além disso, segue outros procedimen­tos rigorosos de segurança, recuperaçã­o de desastres e backup. Em suma, a liderança ágil é a chave para a sobrevivên­cia em situação de ruptura! A tecnologia é a ferramenta importante para a eficiência (imputs) tributária/aduaneira, mas ainda enfrenta desafios.

A simplifica­ção do sistema tributário com a reforma é necessária e urgente, atendendo aos impactos da evolução tecnológic­a e as transforma­ções do ambiente de negócio sobre a função tributária/aduaneira, e neste quesito, Cabo Verde anda mal, e não há perspetiva para melhorar a posição no ranking.

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