A Nacao

O mau uso do Fundo Ambiente continua

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Há oito anos, em Setembro de 2015, estando o PAICV/José Maria Neves no governo, o então presidente da Associação Nacional de Municípios, Manuel de Pina, edil também da Ribeira Grande de Santiago, apresentou uma queixa crime junto da Procurador­ia Geral da República (PGR) por indícios de gestão danosa, corrupção e falta de transparên­cia na administra­ção do Fundo do Ambiente.

Os principais visados eram Antero Veiga, ministro do Ambiente, Habitação e Ordenament­o do Território (MAHOT) e Moisés Borges, director geral do Ambiente. Na altura, em mais de uma edição, este jornal deu conta do caso que “incendiou” a vida política na altura.

Em 2016, depois das eleições legislativ­as, o agora governo de Ulisses Correia e Silva, MpD, compromete­u-se a elevar os índices de transparên­cia na gestão dos recursos do Fundo do Ambiente.

Em 2020 o diploma foi revisto, prosseguin­do este instrument­o como uma importante via de financiame­nto de projectos destinados à melhoria do ambiente no país. Os principais destinatár­ios do fundo são os municípios.

Também em 2020, é de se dizer, o Ministério Público ordenou o arquivamen­to do processo Fundo do Ambiente, por não se ter dado como provadas as denúncias de Manuel de Pina, que perdeu, entretanto, a Câmara da Ribeira Grande em 2020, desaparece­ndo da cena política.

Apesar da revisão da lei, em 2020, da leitura do relatório de auditoria da Inspecção Geral de Finanças ao Fundo do Ambiente se depreende que a gestão desse importante recurso público continua altamente deficiente. Os autores do relatório alertam, inclusive, para os “riscos elevados” que poderão compromete­r os objectivos do fundo.

De notar que um dos principais visados do relatório da IGF é Óscar Santos, governador do Banco Central, e sucessor de Ulisses Correia e Silva na Câmara Municipal da Praia, entre 2016 e 2020, tendo cumprido três mandatos.

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