Ulisses faz balanço “positivo” de dois anos de governação e oposição torce o nariz
No balanço de dois anos de governação da X legislatura, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, afirmou na segunda-feira que o seu governo assumiu o compromisso de colocar Cabo Verde no “caminho seguro” e “estamos a cumprir”.
Segundo o chefe do governo, em dois anos, o país recuperou a forte quebra provocada pela crise pandémica, onde a economia cresceu 7% em 2021 e 17,7% em 2022, devido a investimentos feitos na recuperação e retoma económica nacional.
“Num contexto de crise que assola o mundo, o país resiliente como Cabo Verde progrediu economicamente, social e melhorou o seu posicionamento nos rankings regionais e internacionais da democracia, boa governança, da liberdade de imprensa, liberdade económica e igualdade e equidade de género”, realçou.
Em 2023, segundo UCS, “o país continuará a crescer” e, para o efeito, elencou um conjunto de projectos, com destaque para as reformas do Setor
Empresarial do Estado, na Administração Pública, no Trabalho e na Segurança Social. Essas reformas, conforme o PM, visam reduzir os riscos macro fiscais, melhoria na eficiência, a competitividade e aumentar o potencial do crescimento económico.
“Não só a economia está a crescer, como tem havido um forte investimento social refletido no crescimento do salário médio, do salário mínimo nacional, das pensões e da cobertura da Proteção e Segurança Social”, frisou.
“Estamos a trabalhar para, até 2026, reduzir a taxa de pobreza absoluta para 20%. E estamos a executar um forte programa para erradicar a Pobreza Extrema até 2026. É um desígnio nacional!” salientou.
“No próximo ano, lançaremos um novo pacote de reabilitação de casas e construção casas sociais, enquadrado no programa de combate a pobreza e promoção da dignidade das famílias mais pobres. Está previsto novos pacotes de investimentos públicos e público-privados no desencravamento de localidades, estradas, habitações, energias renováveis, água, infraestrutura de saúde, turísticas, portos, reparação naval e aeroportos” dando seguimento aos vários investimentos públicos e que estão em fase de conclusão.
PAICV e UCID descrentes
Se o quadro acima é o balanço de UCS aos seus dois anos de mandato, a que se soma os cinco da legislatura anterior, leitura bem diferente apresenta a oposição.
O presidente do PAICV, Rui Semedo, classificou de “propaganda enganosa” e “venda de novas ilusões” o balanço do PM. Como tratou de salientar, há uma “fuga de responsabilidade” para com compromissos, “considerados emblemáticos por Ulisses Correia e Silva”, tais como os prometidos 45 mil postos de trabalhos, empregos qualificados, tolerância zero a criminalidade, sistema de transporte regular, um Governo enxuto e dívida pública baixa.
“Fugindo a todos esses compromissos vem contemplar-nos com a sua conta criativa para nos convencer que andámos a crescer numa média de 12%”, acusou Rui Semedo, acrescentando que o Governo, “quando lhe convém” tem se escudado atrás das crises para fazer as suas contas.
Para Semedo, o balanço dos últimos dois anos desta governação é de “tempo e oportunidades perdidas, de grandes sacrifícios para as populações e do adiar do País”.
Já a UCID, pela voz do seu presidente João Santos Luís, classificou de surreal a comunicação do PM sobre a governação do país, criticando-o por sempre culpar o contexto da crise pela não apresentação de melhores resultados da governação.
“O primeiro-ministro culpabiliza sempre o contexto da crise pela não apresentação de melhores resultados da governação, mas nunca teve e ainda não tem a coragem de reduzir a máquina governativa que é o mais longo da história de Cabo Verde em plena crise, justificando sistematicamente que o Governo não pode ser avaliado pela extensão dos seus membros, mas sim pelos resultados da governação”, criticou.
João Santos Luís lembrou ainda que o PM prometeu, aos cabo-verdianos, a Regionalização das ilhas para que o poder possa estar mais próximo do povo, o aproveitamento de todas as potencialidades existentes e a promoção de um desenvolvimento mais harmonioso e equilibrado das ilhas.
“Fica-se com a percepção que o chefe do Governo tirou ganhos eleitorais em algumas partes do território, nomeadamente em São Vicente, com a problemática da Regionalização, fez uma tentativa, não teve sucesso e nunca mais falou sobre o assunto. Ou seja, conseguiu o que de facto queria e o processo para ele já terminou”, declarou João Santos Luís para quem, “da intervenção” de UCS “o que de positivo se pode extrair é o combate da pandemia covid-19”.