Sal e Boa Vista dominam taxas de emprego
Os resultados do Inquérito Multi-objectivo Contínuo (IMC 2022) divulgados esta semana pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) estimam em 352.494 o número de indivíduos no país, com 15 ou mais anos, em idade para desempenhar uma actividade económica, e que representam a força de trabalho nacional. Sal e Boa Vista dominam as taxas de emprego, sendo que a taxa de desemprego nacional afecta mais de 51 mil jovens dos 15 aos 35 anos, que nem estudam, nem trabalham.
Os números do Inquérito do Mercado de Trabalho (IMC) 2022 mostram que a população economicamente activa foi estimada em 202.435 indivíduos, sendo que o número de mulheres activas é inferior ao dos homens, correspondendo a 94.479 e 107.956, respectivamente.
Por sua vez, no que tange à idade, constata-se que 86,5% da população activa está entre 25-64 anos e cerca de um pouco mais de metade (51,8%) está entre 35-64 anos. Os dados mostram ainda que a taxa de actividade fixou-se em 57,4%. Igualmente, a taxa de actividade é maior entre os homens, 65,5%, do que as mulheres, 50,4%.
Boa Vista e Sal dominam taxas de actividade
Da análise por concelho, Boa Vista e Sal continuam a ter as maiores taxas de actividade, de 70,6% e 66,7%, respectivamente, estando acima da média nacional, naturalmente devido ao sector turístico. Mosteiros (32,7%), São Miguel (34,4%) e Ribeira Brava (34,8%) estão na contramão e são os que apresentam as menores taxas de atividade, estando todos abaixo dos 35%.
População empregada e taxa de emprego
No que toca à população empregada/ocupada, esta situa-se em 178.016 indivíduos, o que representa uma taxa de emprego/ ocupação de 50,5%. Contudo, a taxa de emprego continua mais expressiva na população masculina, totalizando 58,7%, contra 43,3% registada na população feminina.
Numa análise por municípios, Sal e Boa Vista continuam sendo as ilhas com as maiores taxas de emprego/ ocupação, 65,1% e 64,6%, respetivamente. Seguem-se os concelhos da Praia (55,3%) e São Vicente (55,1%), com valores acima dos 55%. O que por si confirma o peso do turismo como o principal ramo de actividade no país.
De notar que os dados mos
tram que os grupos etários de 25-34 e 35-64 anos, apresentam as mais elevadas taxas de emprego/ocupação, 64,9% e 64,8%, respetivamente. Entre os jovens do grupo etário dos 15-24 anos, a taxa de emprego/ocupação é mais baixa, atingindo 25,6%.
Sector terciário domina
O sector terciário continua a ser que mais absorve a mão-de-obra, com 122.346 empregos e um peso relativo de 66,9%, enquanto o sector secundário regista um total de 37.642 empregos e representa 23,0% do total dos empregos.
Já o sector primário acolhe um total de 25.617 empregos e um peso relativo de 10,1%.
No geral, a actividade económica é dominada pelo ramo “comércio, reparações de automóveis e motociclos”. Inclusive, cerca de 16,5% dos empregados com 15 anos ou mais de idade trabalham neste ramo de atividade, seguindo-se os ramos de “construção” (12,2%) e “administração pública” (10,6%).
Já o ramo de “alojamento e restauração” incliu 8,2% dos empregados.
Privado, o maior empregador
O sector empresarial privado continua a ser o maior empregador, absorvendo 42,8% dos empregados do país com 15 anos ou mais, seguido de conta própria, com 23,6% e Administração Pública, que absorve 18,9%.
O IMC 2022 permitiu concluir ainda que 95.708 empregados trabalham na informalidade (ODS 8.3.1), representando um peso relativo de 53,8%. Estes são, na sua maioria, trabalhadores por conta de outrem (47,5%) ou por conta própria (38,2%).
Verifica-se ainda que 57,9% dos homens e 42,1% das mulheres laboram em empregos informais.
População subempregada e taxa de subemprego
No que toca à população subempregada, está estimada em 22.449 e a taxa de subemprego em 12,6%. Por meio de residência, o meio rural apresenta a maior taxa de subemprego, 18,6%, contra 11,1% no meio urbano.
Entre as mulheres, a taxa de subemprego é de 14,6% e entre os homens, é de 11,7%.
Desemprego
Já a população desempregada foi estimada em 24.420 pessoas e a taxa de desemprego em 12,1%. Da análise por sexo, verificou-se uma taxa de desemprego de 10,3% entre os homens e 14,0% entre as mulheres.
A taxa de desemprego nos jovens de 15-24 anos foi de 27,3%, enquanto que na faixa etária de 25-34 anos, estimou-se uma taxa de 13,8%.
População inativa e taxa de inatividade
Já os inativos, população sem emprego que não procurou trabalho ou que não está disponível para o mercado de trabalho, está estimada em 150.059 pessoas, e, em consequência, a taxa de inatividade é de 42,6%.
A grande maioria dos inactivos são jovens de 15-24 anos (34,9%) e a principal razão da inatividade é o facto de serem estudantes. Já os idosos, de 65 anos ou mais, representam 20,1%.
Subutilização da mão de obra
De referir ainda que, em 2022, a subutilização da mão de obra abrangeu 89.408 indivíduos e a taxa correspondente foi de 36,5%. Da análise por sexo, verifica-se que a taxa é superior entre as mulheres, atingindo 42,4%, e de 30,7% entre os homens.
Jovens sem emprego e fora do sistema de ensino ou formação
O IMC 2022 estima que 51.654 jovens de 15-35 anos está sem emprego e fora do sistema de ensino ou formação, representando 29,2% do total dos jovens nesta faixa etária.
Considerando a faixa etária de 15-24 anos, a proporção de jovens sem emprego e fora do sistema de ensino ou formação é de 27,8%, equivalente a 22.464 jovens (ODS 8.6.1).
Trabalho de produção para o próprio consumo
Os dados do IMC 2022 revelam ainda que 52.305 de indivíduos de 15 anos ou mais de idade, realizaram um trabalho de produção para o próprio consumo, o que corresponde a uma taxa de realização de 14,8%.
A realização de produção para o próprio consumo é maior entre as mulheres em comparação com os homens (15,0% contra 14,7%, respetivamente). Por meio de residência, verifica-se que o meio rural (34,0%) apresenta maior percentagem de indivíduos que realizaram trabalho de produção para o próprio consumo.
Trabalho voluntário
Já o trabalho voluntário realizado pela população de 15 anos ou mais na semana de referência do inquérito totalizou 10.430 indivíduos, o que corresponde a uma taxa de realização de 3,0%.
No que se refere ao sexo, verifica-se que a realização de trabalho voluntário foi ligeiramente maior entre os homens, em comparação com as mulheres (3,0% contra 2,9%, respetivamente).
Por meio de residência, verifica-se que o meio urbano (3,3%) apresenta uma maior percentagem de indivíduos que realizaram trabalho voluntário.