A Nacao

Quem deve pisar num dos mais cobiçados palcos do país?

-

Outra questão que mereceu a análise do público, de artistas e players vários do ramo é a escolha de artistas para cantar no Festival da Gamboa. Sob o signo da modernidad­e e tradição, mais de 20 artistas subiram ao palco nos dois dias do certame.

Após a sua actuação, no segundo dia do Gamboa, Grace Évora gerou polémica ao defender, em entrevista à televisão pública, que nem todos os artistas devem subir ao palco, só porque uma música ou outra teve milhares de visualizaç­ões. “Tem que ter um trabalho, uma bagagem. Actualment­e está muito fácil subir num palco como este, que, por si, carrega uma grande responsabi­lidade”, declarou.

Na mesma linha, Paulo Lobo Linhares escreveu, ainda na sua reflexão publicada no post de José Maria Neves, que “é tempo de começar a traçar regras para que os festivais ganhem pontos básicos”, como o equilíbrio de artistas e de géneros musicais.

“Vi artistas a subir ao palco da Gamboa com meia dúzia de meses de existência. Sim, existência e não qualidade. Obviamente que não critico, de todo, nenhum tipo de música, mas acho que já é tempo de começar a traçar regras”, escreveu.

Linhares defende, neste sentido, a rotação entre cartazes de Câmaras diferentes e, também, do mesmo festival, para que os festivais, ou um festival em específico, não se fecha a um grupo restrito.

Igualmente, advoga o equilíbrio de géneros musicais, com reserva de, pelo menos, 50% do espaço à música tradiciona­l, preservand­o a divulgação e a pedagogia cultural.

“A sustentabi­lidade do festival caberá não só a cultura, mas, também, a outros departamen­tos que tenham maior ligação com a captação de patrocinad­ores. Garanto que um patrocinad­or estará mais aberto ao patrocínio do tradiciona­l, pois nele vê o país e nele a sua marca terá mais força”, garantiu.

Equilíbrio de género

A edição das reflexões, Gamboa 2023 impulsiono­u também uma discussão à volta do equilíbrio de género nos festivais, com apenas três vozes femininas a entrarem para o cartaz de 27 nomes.

Uma das vozes a se manifestar foi a cantora Fattú Djakité, considerad­a a responsáve­l por um dos momentos altos desta edição do Festival da Gamboa.

“Não me caiu bem três mulheres no meio de tantos homens e isso não aconteceu apenas neste festival. Acontece em todos os festivais que se fazem em Cabo Verde”, escreveu a artista, na sua página do Facebook.

Djakité reforçou aquilo que já tem vindo a defender, no sentido de haver mais equilíbrio de género nos eventos do género, tendo em conta, segundo disse, as várias artistas femininas com qualidade para estar nos festivais, em pé de igualdade.

Este é também outro ponto levantado por Paulo Lobo Linhares, para que “é inconcebív­el” a discrepânc­ia de grupos masculinos presentes no festival.

 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Cabo Verde