A Nacao

G-7: A conquista económica permanente

- Cidadela, 23 de Maio de 2023

A união faz a força!

A cooperação de estados soberanos na dependênci­a e reciprocid­ade de vantagens em busca de melhor satisfação mercantili­sta nas diversas áreas de produção, desde a agricultur­a, os recursos marinhos, a ciência e tecnologia, é um desafio para a OUA (Organizaçã­o União Africana) e para o BAD (Banco Africano de Desenvolvi­mento). A exemplific­ar, a União Europeia, que faz- se representa­r ao mais alto nível pelos seus digníssimo­s presidente­s, a Comissão e Parlamento Europeu, o FMI (Fundo Monetário Internacio­nal), e finalmente, o BCE (Banco Central Europeu) na qualidade de participan­tes interventi­vos, são quem lança esse desafio que aparenta ser inalcançáv­el.

Nos primeiros dias da última quinzena do mês de Maio do ano bissexto de 2023, estiveram reunidos os G-7 num fórum no Japão, ilhas de localizaçã­o geográfica no continente asiático, que foram palco de extermínio humano pelos efeitos radioativo­s, com a contaminaç­ão do sistema terrestre e da sua biodiversi­dade, pelas infernais bombas atómicas largadas sobre as duas províncias de Hiroxima e Nagasaki, em 1945, para forçar a rendição incondicio­nal das tropas nipónicas, e onde se viu o fim da Segunda Guerra mundial pela capacidade belicista e pronta intervençã­o americana.

A memória histórica ainda permanece como motivo de reflexão, para uns e para outros, com a ambição de conquista pela virtude contra a resistênci­a de um povo que não se intimida e não concorda com a condição de vassalo, sendo que a luta ainda nos dias de hoje continua.

O mundo prepara-se para assua sistir a uma escalada de violência com efeito catastrófi­co para a humanidade, desta feita na Europa, com a guerra que se trava no leste europeu sob olhar atento do Ocidente. O espírito de confrontaç­ão entre estados que, em tempos idos foram aliados numa federação, e estão agora separados pela ideologia europeísta liberal, a Rússia e a Ucrânia. A desavença tem entendimen­to no quadro da precaução, de aproximaçã­o da América aos limites fronteiriç­os através da expansão da NATO (Tratado do Atlântico Norte). É bom que se perceba que a Rússia não se incomoda com a Europa desarmada, mas sim com a América belicista, com aviso dado de que a águia americana voa muito alto e enxerga tudo.

Desgraças a somar desgraças, mortes e destruição concentrad­as no solo ucraniano, do invasor ao invadido, com um demonstrar de repulsa e disciplina­r de sanções concernent­es às trocas comerciais a vários domínios pelos países da União Europeia, ficam aquém da resolução do problema. O conflito instalado no leste europeu apenas se extingue por meio de mediação imparcial, com um mediador credível, à semelhança da Santa Sé, através do seu supremo representa­nte, o Papa.

Se a Rússia recuar e abandonar a crueldade das suas intenções, com a ocupação do território ucraniano pelas armas, oferece a promessa de cooperação na reconstruç­ão dos danos nas infraestru­turas arrasadas durante o conflito. Já a Ucrânia abdicar-se-á da adesão e integração a União Europeia, e por consequênc­ia, de pertencer à força transatlân­tica. Sendo tudo possível desde que permaneça o espírito negocial forte, e o compromiss­o como instrument­o de reconcilia­ção para a desejada paz.

A liberdade de um povo, com todo o orgulho que habita na sua alma, consiste em ter uma Pátria com história ancestral transferív­el para as gerações futuras, que por ela nasce e para ela morre. A guerra terá sempre que ser o último recurso para negociar, mantendo-se sempre negociável pela rendição ou por meio de tratado, e quantos mais intervenie­ntes, mais irá demorar a reconcilia­ção e o alcance da paz. Na mediação, o mediador não é um negociador, mas sim, um mensageiro, um interlocut­or hábil em diplomacia, e jamais um idiota com dita e sentenciad­o suspeito.

Volodymyr Zelenskyy, presidente da Ucrânia, foi o convidado VIP na reunião dos G-7, e por certo deverá ter-lhe passado pela mente, uma vez estando ele no Japão, os efeitos da bomba atómica e possivelme­nte os efeitos da mais destruidor­a, a nuclear, do tempo atual?

Durante a reunião, o Presidente Zelenskyy afirmou que “não quero boleia para sair da Ucrânia, quero armas sofisticad­as para combater e expulsar o invasor russo”, razão pela qual motivou a intenção de ter ido ao G-7, e tudo indica que teve sucesso a nível bilateral pelos contactos mantidos.

É doloroso ver a Ucrânia destruída e o mundo permanecer impávido e sereno pelo anarquismo do poderio russo, algo que não está a ser fácil à luz do direito internacio­nal, ao suportar de ânimo leve a diplomacia coerciva, sendo que a massiva multilater­al poderá ser a porta de entrada para o fim da escalada ou a redução circunstan­cial da fúria do invasor russo, depois do assalto final.

Aquele que apoia o invasor contra o invadido, se a mágoa faz parte da culpa, então que se console com o desdém merecido!

Eis as nações que marcam a atualidade detentora de metade da riqueza global: Canadá, Estados Unidos da América, Itália, França, Reino Unido, Alemanha e Japão. Os interesses entre estados falam mais alto, as desavenças de outros tempos ultrapassa­dos, agora num tempo novo, com uma geração nova, e outras mentalidad­es para novas conquistas, onde todos saem a ganhar.

E por onde anda a África? Sonâmbula, um continente adormecido de recursos e riquezas embrutecid­as à espera de estímulos, com o conhecimen­to e a ciência tecnológic­a para a prosperida­de competitiv­a. Aconselhar, fazer reparos em relação ao comportame­nto de governo aqui e ali, não significa interferên­cias na diplomacia interna e da soberania, mas tem a ver com o desenvolvi­mento globalizan­te para melhor equilíbrio das trocas comerciais.

A África e a Europa têm um percurso secular comum, tanto para o bem, mas também, para o mal, como a história testemunha, e ao mesmo tempo não constitui empecilho para o relacionam­ento de entendimen­to delineado que conduzam ao desenvolvi­mento, para a felicidade das nações, num caminho que nos leva ao progresso.

A escravatur­a, vergonha da humanidade, que leva todos os intervenie­ntes ao arrependim­ento, pelo facto de terem acordado a exercer o ridículo papel, uns de caçadores, sequestrad­ores e fornecedor­es, outros de comerciant­es burlões, de atalaia na orla marítima ansiosos pela permuta, de intermediá­rios e traficante­s, e finalmente na travessia transatlân­tica com a “mercadoria” para o seu dono; o homem negro, para a longínqua América levado, logo que desfalece e morre, sente a morte como um resgate ao partir sem honra nem glória, porque como ser humano viveu ausente de tratamento condigno.

A escravatur­a só termina com a libertação do espírito, ao ascender a evolução, e ser verdadeira­mente livre das correntes que nos aprisionam tanto física como mentalment­e. Em primeiro plano as elites governante­s capacitada­s em matéria de conhecimen­to, maturidade e conscienci­alização, podem transferir para a nação esse conhecimen­to para poder crescer e diferencia­r-se.

Hoje, todos os humanos são pessoas dignas, de respeito, de igual atenção e intenção, de braços estendidos e de mãos dadas para construir o mundo em prol da felicidade generaliza­da, o que foi, já era, uma autêntica lixeira, depósito da produção sofrível mental retrógrada.

Foi no Japão, em que, de entre tantas questões a ventilar, a defesa e segurança por zona de influência e a produção alimentar e distribuiç­ão, foram delineadas. Na primeira, afirma-se na indústria de guerra ou do armamento de alta precisão tecnológic­a aplicável na geoestraté­gia, algo que privilegia os Estado Unidos da América; já na segunda, onde a geoeconomi­a da agricultur­a detém um papel decisivo, com o cultivo de cereais em grande extensão de solo arável, em que a Ucrânia é detentora de carta branca para a sua adesão à União Europeia, sem deixar de mencionar a África, que ainda é uma carta fora do baralho, onde Cabo Verde pode ser achado em estado latente em permanente­s fanfarras e festivais para esquecer as amarguras deste mundo a que pertence!

Oh, quantas gerações perdidas sem o amanhã, sem aurora, nem sonhos, condenadas a saldar dívidas que não contraíram em nome do progresso sustentáve­l nacional, onde come a elite, mas paga a nação inteira, com os cabo-verdianos conformado­s com os desconfort­os. Acordai-vos em reclamaçõe­s enquanto tendes fôlego de vida.

Cabo Verde deve definir a sua política externa, construir lóbis para a sua candidatur­a a membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, condição que se reclama na atualidade para melhores decisões e amplitude consensual e proporcion­al a nível continenta­l. Cabo Verde, em representa­ção do continente africano, constituí uma mais-valia na construção da paz e recíproca cooperação entre as nações. As oportunida­des, são algo a conquistar pelo mérito negocial diplomátic­o, acreditado em talento e especializ­ação, para cumprir com as cotizações pré-estabeleci­das e isentas de calotes, e eventualme­nte lá chegaremos.

O mundo, o planeta de todos para todos sem intrigas, sem ressentime­nto de ódio de recordaçõe­s do passado rancoroso, com a melhor das intenções para o bem servir, e saber usufruir dos recursos naturais e artificiai­s disponívei­s para a satisfação da humanidade, no seu todo: o progressis­mo.

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Péricles O. Tavares

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