Santiago e São Vicente com maiores taxas de penetração
Ataxa de penetração das energias renováveis na produção de electricidade tem oscilado entre os 18 e os 20%, segundo dados avançados este mês pelo Governo.
A meta, segundo o executivo, é atingir 30% de produção de energia eléctrica a partir de fontes renováveis até 2025, ultrapassar 50% até 2030, e atingir quase 100% em 2040. E prevê-se que essas metas sejam atingidas com o aumento da capacidade de produção e de armazenamento de energias renováveis e com o aumento da eficiência energética.
“Estão já contratados, através de concursos competitivos internacionais, parques solares com baterias de armazenamento de energia, para a Boa Vista, São Vicente e Sal, numa capacidade total de 15 MW. Em fase concursal, está o parque de 10 MW na Praia”, precisou o primeiro-ministro, durante o debate parlamentar do mês de Maio, na Assembleia Nacional.
Segundo a mesma fonte, parques solares de menores dimensões serão instalados também em Santo Antão, Fogo, Maio e São Nicolau, e a Cabeólica aumentará a capacidade de produção de energia eólica na Praia de 11 MW para 24 MW, na sequência de memorando de entendimento assinado com o Governo, em Setembro de 2022.
Devido ao “importante contributo que tem proporcionado para a sustentabilidade de Cabo Verde”, diz Ciliana Lima, um exemplo de projecto renovável a ser seguido, não só em Cabo Verde, mas em todo continente, é a Cabeolica.
Segundo Lima, esse projecto tem contribuindo para que a energia eólica seja a principal fonte de energia alternativa, com cerca de 25.5MW de capacidade instalada, distribuída nas ilhas de Santiago, Sal, São Vicente e Boavista, e representando cerca de 18% de toda a energia produzida em Cabo Verde.
No panorama nacional, Antão Pedro aponta as ilhas de Santiago e São Vicente como as com as maiores taxas de penetração no consumo final de energia, em consequência também do próprio consumo de energia.
A nível global, dados do site oficial Energias Renováveis de Cabo Verde estimam que, em 2021, a utilização de energias limpas (gás butano e electricidade) para cozinhar tenha atingido os 80,9%, em comparação com os 73,8% de 2016. Neste mesmo ano, a taxa de penetração de energias renováveis situa-se em 19,6%, contra 16,9% em 2017.
Porto Novo como exemplo mundial
Entretanto, para Kenedy dos Santos, o concelho do Porto Novo, em Santo Antão, deve ser considerado um exemplo, não somente a nível nacional, mas mundial, no que toca as energias renováveis.
“Sem dúvida é um exemplo a seguir no domínio das energias renováveis, por causa os diferentes tipos de tecnologias existem nesse município”, refere, apontando como exemplos a comunidade de Monte Trigo de Tarrafal, no interior do concelho, que foi a primeira localidade 100% abastecida energeticamente por meios de energias renováveis, através de uma central Fotovoltaica, com armazenamento em Baterias e com uma Tecnologia de contadores pré-pago.
O projecto foi, entretanto, replicado em outras localidades pelo país, considerado um modelo nesse domínio.
Existem ainda, pontua dos Santos, algumas residências em zonas isoladas onde foram instalados Kits fotovoltaicos com baterias, para suprir a falta de acesso a energia eléctrica convencional.
A par disso, Kenedy aponta outras iniciativas, como furos para o abastecimento de água e sistemas de microprodução de energia residencial, hoteleira e para dessalinização de água.
“São diversos projetos interessantes com impactos sociais extremamente positivos nos meios onde foram implementados e que certamente devem ser alvo de Caso de Estudo e possível replicação”, encoraja.
No que toca a literacia para as energias renováveis e sustentabilidade energética e ambiental, os jovens defendem que tem surgido, cada vez mais, medidas de consciencialização para o uso eficiente de energia, entre as quais programas educativos dedicados ao ensino da eficiência energética.
Esta postura, garante Ciliana Lima, tem tido impactos positivos, com algumas empresas já optando pela melhoria da imagem institucional através da adopção de medidas eficientes, o surgimento de projectos de edifícios auto-sustentáveis, entre outras iniciativas.
Kennedy dos Santos defende, ainda, a criação de uma Academia Literária para as Energias Renováveis, que seja independente, responsável pela difusão de políticas públicas e incentivos no sector.
“Uma Academia isenta de partidarismo, com foco na Investigação Científica, em desenvolver estudos académicos, com base em Casos de Estudos de Projectos implementados”, especifica.
Custo/ beneficio
É importante, reforça Antão Pedro, mostrar os benefícios do uso de energias renováveis, quer para o ambiente, quer para a economia do país.
“Sempre compensa apostar nessa tecnologia em detrimento dos meios convencionais, seja para redução de factura eléctrica, seja para um sistema autónomo com uso da energia eléctrica da concessionária”, indica Kenedy dos Santos, segundo o qual, dependendo da tecnologia, o Payback situa-se abaixo dos 36 meses (3 anos) para sistema de redução de factura eléctrica e abaixo de 96 meses (8 anos) para sistema autónomo.