A Nacao

Carlos Veiga reúne vida política em livro

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À semelhança de outros estadistas, ao longo da História, o ex-primeiro-ministro Carlos Veiga lançou, na última terça-feira, na Praia, “O Poder e Oposição em Cabo Verde”, uma compilação de discursos, mensagens e intervençõ­es, abrangendo o período entre 1990 e 2015. São 25 anos de vida política registada, repartidos, em três partes, pelos tempos de líder da oposição ao partido único, em 1990, como primeiro-ministro (1991-2000), e como líder da oposição (2009-2015), finalmente como deputado, até 2015.

Os primeiros textos, deste livro com mais de 700 páginas, editado pela Livraria Pedro Cardoso, são o registo da movimentaç­ão política e social no país, no ano de 1990, que acompanham a constituiç­ão do MpD, que se iria implantar rapidament­e em Cabo Verde, levando à vitória deste partido, nas primeiras eleições livres, em 1991, a 17 de Fevereiro.

Socorrendo-se de outros escritos e intervençõ­es, que não de sua autoria, como a Declaração Política do MpD e da primeira conferênci­a de imprensa deste partido, a compilação destina-se, em parte, a reconhecer a importânci­a de medidas tomadas pelos governos constituci­onais de Veiga, no chamado período reformista dos anos 90.

A Nota Introdutór­ia, de José Tomás Veiga,

ministro da Economia do primeiro governo de Carlos Veiga, destaca a ausência de referência­s, actuais, a essas reformas, nesse mesmo período.

O antigo governante e irmão do autor, aponta a comunicaçã­o social, que «continua a ignorar os anos 90 e que os manuais escolares mal se referem a esses anos decisivos. Quando o fazem, revelam uma superficia­lidade e ignorância penosas», escreve José Tomás, para quem o tratamento dado, nos órgãos de comunicaçã­o, «das poucas vezes em que (os anos 90) são retratados e têm alguma menção, como uma espécie de aberração que não se sabe de onde veio, uma não-existência.»

O ex-governante ressalta o ‘orgulho’ nesta década da história recente do país, destacando as medidas reformista­s, como o desmantela­mento da polícia política, os tribunais e as milícias populares e todo o sistema de partido único», tendo, ainda, «dado voz e liberdade aos cabo-verdianos», o seu direito de manifestaç­ão, associação, de produção cultural e de livre circulação, entre outras.

Para o autor da Nota, a situação actual do país é devedora das reformas da década de 90 e não dos 15 anos de partido único. «E é essa matriz que, na realidade, fundamenta o prestígio e a credibilid­ade do país no concerto das nações.» JA

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