A Nacao

Montenegro em Cabo Verde

-

O novo primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, realiza uma visita a Cabo Verde este fim de semana. O partido do novo chefe de governo de Lisboa, o PSD, é da mesma família política do MpD, no governo em Cabo Verde, chefiado por Ulisses Correia e Silva.

Luís Montenegro, que há duas semanas foi empossado no cargo de primeiro-ministro, estará em Cabo Verde sábado e domingo, 20 e 21, começando a visita com um encontro de trabalho com o seu homólogo cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva.

Esta deslocação de Montenegro à cidade da Praia será a sua segunda deslocação oficial ao estrangeir­o, depois de na segunda-feira ter estado em Madrid, Espanha, onde foi recebido pelo homólogo Pedro Sánchez.

Cabo Verde surge assim, e uma vez mais, como um dos primeiros países a serem visitados pelos chefes de governo quando há mudança de titular no Palácio de São Bento em Lisboa. Tal facto simboliza, de certo modo, o lugar e o apreço que Cabo Verde ocupa hoje em dia desse seu importante parceiro bilateral, Portugal, mas também a atenção que o novo executivo português pretende conferir aos países de língua portuguesa.

O PSD e o MpD são ambos da mesma família internacio­nal, a Democracia do Centro. Além do aspecto simbólico, o encontro entre os dois dignitário­s servirá para um eventual aprofundam­ento dos dossiês já existentes, dado que as relações entre Praia e Lisboa há muito deixaram de depender da conjuntura política do momento.

Dívida cabo-verdiana

Recorde-se que Portugal, durante o executivo de António Costa, do Partido Socialista, da mesma família do PAICV (Internacio­nal Socialista), foi o primeiro país a abraçar a ideia de converter a dívida cabo-verdiana para um fundo global destinado ao ambiente e ao clima, num total de 12 milhões de euros. Com Costa ficou o compromiss­o de Lisboa poder chegar aos 140 milhões de euros, algo que deverá ser confirmado agora por Montenegro.

“A dívida que seria paga por Cabo Verde até 2025 – 12 milhões de euros – é integrada num fundo ambiental e climático para que o Estado cabo-verdiano apoie o financiame­nto e invista na transição climática no país. Em 2025, avaliaremo­s o sucesso desta operação. Estamos seguros que essa avaliação será positiva e poderemos alargar este mecanismo à restante dívida na totalidade da sua maturidade e no âmbito total, que são cerca de 140 milhões de euros”, declarou o então líder do executivo português, António Costa, em Junho do ano passado, aquando de uma visita do chefe do Governo cabo-verdiano a Portugal.

Ulisses Correia e Silva, que participou esta semana na cimeira do clima na Grécia, voltou a reiterar o interesse de Cabo Verde em estender a referida solução a outros países e governos, com os quais a cidade da Praia mantém algum tipo de relação.

Rebelo de Sousa também em Cabo Verde

Também o presidente Marcelo Rebelo de Sousa deslocar-se-á a Cabo Verde, entre os dias 30 de Abril e 03 de Maio, para no seu caso participar nas comemoraçõ­es do 50.º aniversári­o da libertação dos presos políticos do Campo de Concentraç­ão do Tarrafal, 1 de Maio, a convite do seu homólogo, José Maria Neves.

Rebelo de Sousa será um dos oradores no acto alusivo aos 50 anos do 25 de Abril e do 1 de Maio, data em que os então presos políticos de Angola e Cabo Verde foram postos em liberdade por exigência de populares que, de toda a ilha de Santiago, se dirigiram ao local para esse efeito.

Aberta em 1936, para receber presos políticos portuguese­s, a Colónia Penal do Tarrafal, também conhecida por Campo de Concentraç­ão do Tarrafal, mais tarde Campo de Trabalho de Chão Bom, funcionou nessa primeira fase até 1956, reabrindo em 1962 para receber militantes nacionalis­tas de Angola, Guiné e Cabo Verde. Aquando do golpe de Estado que derrubou o salazarism­o em Portugal, a 25 de Abril, já só restavam presos de Angola e de Cabo Verde – os da Guiné tinham sido devolvidos ao seu país em 1969.

Para assinalar o 1 de Maio deste ano a Presidênci­a da República de Cabo Verde, o Governo e a Câmara Municipal, em parceria com as embaixadas de Portugal, Angola e Guiné-Bissau, têm um vasto programa alusivo ao 25 de Abril a 1 de Maio, com conferênci­as, encontros e espectácul­os.

Além de José Maria Neves e Marcelo Rebelo de Sousa nesse programa está prevista também a presença de Umaru Sissoco, chefe de Estado da Guiné-Bissau, bem como de um representa­nte do presidente de Angola, João Lourenço, além de representa­ntes dos vários presos políticos.

 ?? ??
 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Cabo Verde