Francisco Sequeira, de marinheiro a discotecário
“Pelo 25 de Abril de 1974 eu estava na vida marítima, como maquinista do navio Gavião dos Mares, propriedade do Sr. Daniel Silva, do Paul, ilha de Santo Antão, que fazia a ligação entre essa ilha e São Vicente. Foi nele que viajei pelas ilhas porque, ainda no Governo de Transição (de Janeiro a Julho de 1975), o navio foi contratado para transportar géneros alimentícios, na altura um grande problema”.
Decorridos 50 anos, Sequeira, como é mais conhecido, diz não se recordar, exactamente bem, como ouviu a notícia do golpe de Estado em Portugal, mas das reacções, sim, lembra-se muito bem.
“Eu morava na Rua António Nola, tinha como vizinho o saudoso Djunga d’Tribunal (João Batista Rodrigues, escritor), e foi ele que me deu algumas pistas mais fortes das consequências boas em relação à Independência. Isso encheu-me de ânimo. O 25 de Abril, para mim, foi determinante para que os povos de Cabo Verde e das demais colónias, e mesmo o povo português, pudessem construir um futuro melhor. O seu impacto mais importante em Cabo Verde foi claramente a Independência”.
Com a independência, Sequeira deixou a vida de marítimo e passou a trabalhar, depois, na discoteca da Rádio de Cabo Verde, herdeira da antiga Rádio Voz di São Vicente, mais tarde Rádio Nacional, encontrando-se na reforma, porque o tempo corre para todo o ser humano.
“Hoje, embora tenhamos tido grandes avanços, poderíamos estar melhor, sobretudo tendo em conta as falhas que temos estado a ver a nível dos transportes marítimos. Já lá vão cinquenta anos e não temos meios adequados, agora que decidimos apostar no turismo interno também... Eu não percebo.”