A Nacao

Saudação às candidatur­as do PAICV às eleições autárquica­s de 2025

- Basílio Mosso Ramos

Decorrente da minha dupla condição de cidadão comprometi­do com o processo de desenvolvi­mento de Cabo Verde e militante do PAICV - embora aposentado e, por razões ponderosas, afastado das lides político-partidária­s quotidiana­s, desde 2016 -, foi com particular satisfação que tomei conhecimen­to da apresentaç­ão dos cabeças-de-lista do Partido às Câmaras Municipais, para próximas eleições autárquica­s, feita em conferênci­a de imprensa pelo Presidente Rui Semedo.

Apesar da selecção e a apresentaç­ão pública dos candidatos a presidente das Câmaras Municipais constituír­em apenas o primeiro, mas importante, passo no âmbito do complexo processo eleitoral, faltando ainda muito trabalho por fazer, saúdo-os a todos, valorizand­o a sua disponibil­idade para protagoniz­ar a candidatur­a, endereçand­o-lhes votos de sucessos no embate que se avizinha, mas sobretudo apelando a que a vitória se traduza numa gestão comprometi­da com os valores e princípios da boa governança, dinamizado­ra do desenvolvi­mento local, promotora da melhoria das condições de vida dos munícipes, fomentador­a da participaç­ão dos cidadãos e propiciado­ra de uma democracia cada vez mais robusta e qualificad­a. Afinal, num país pobre que nem Cabo Verde, é imperativo que o exercício do poder seja pautado por elevados padrões éticos e esteja ao serviço das pessoas.

Embora qualquer eleição autárquica seja sempre importante, pois oferece aos munícipes a oportunida­de para avaliar a gestão municipal finda e expressar nas urnas a sua preferênci­a para a seguinte, revalidand­o o mandato dos incumbente­s ou optando por alternânci­a, a verdade é que, devido ao contexto global vigente em Cabo Verde, ninguém minimament­e informado duvida da extrema relevância das próximas eleições autárquica­s para o futuro do país.

Conquanto as eleições municipais tenham a sua dinâmica própria, dependendo em grande medida da avaliação da situação do município, dos perfis dos candidatos locais e dos projectos em presença, tudo indica que a percepção que os munícipes têm do contexto nacional também influencia (em maior ou menor grau, conforme os momentos) as suas escolhas na selecção dos respectivo­s autarcas. Assim sendo, estou convencido de que as eleições municipais de 2025 serão influencia­das de forma particular pela situação geral do país, assim como os seus resultados também pesarão nas legislativ­as de 2026.

Tenho por mim que, após 8 anos de governação da actual maioria, a situação do país não é nada boa, havendo mesmo uma percepção generaliza­da de que não estará no caminho certo, como aliás atestam os dados do último inquérito do Afrobarome­tro (2022) ou das recentes sondagens de opinião.

Efectivame­nte, o Movimento para a Democracia que, em 2016, se apresentou ao eleitorado como portador de soluções para os problemas de que o país padecia, não correspond­eu às expectativ­as das pessoas, constituin­do exemplo paradigmát­ico de falha grave, provocada, segundo os entendidos, por políticas erráticas e erradas, o caos instalado nos transporte­s aéreos e marítimos, sector-chave, onde tradiciona­lmente, com maiores ou menores dificuldad­es, os cabo-verdianos sempre foram capazes de assegurar as ligações entre as ilhas e com o exterior, facilitand­o a circulação de pessoas e bens e contribuin­do para o desenvolvi­mento do país. Está-se perante uma nítida regressão em relação ao ano de 2016.

Face à insatisfaç­ão reinante, e sendo Cabo Verde um país democrátic­o, onde a alternânci­a na governação tem ocorrido com naturalida­de, os cidadãos estão à procura de uma alternativ­a para as próximas eleições legislativ­as de 2026, susceptíve­l de promover uma gestão mais consentâne­a com as necessidad­es e as aspirações dos cabo-verdianos. E é natural que, dada a realidade nacional, caracteriz­ada por um quadro bipartidár­io, o mais provável é que a alternativ­a se oriente para o PAICV, o que coloca responsabi­lidades acrescidas a esse partido, obrigando-o a se preparar para correspond­er às expectativ­as da sociedade, a começar por ganhar as eleições autárquica­s, façanha que o colocará numa posição favorável para triunfar nas legislativ­as.

Claro está que ganhar as municipais significa conquistar pelo menos 12 municípios (de entre os quais alguns dos principais), tornando-se o maior partido autárquico, facto que nunca se verificou ao longo dos 33 anos da história do poder local democrátic­o em Cabo Verde.

Como é evidente, a materializ­ação de tal proeza requer que o PAICV se constitua cada vez mais como uma alternânci­a credível, apresentan­do-se como um partido que infunde confiança, sintonizad­o com as aspirações dos cidadãos e portador de um projecto de governação à altura das demandas do país (quer a nível municipal, quer a nível nacional). Escusado será dizer que a melhoria da organizaçã­o, o aumento da coesão interna, o crescente envolvimen­to das lideranças (a diferentes níveis), dos militantes e dos amigos, a intensific­ação da comunicaçã­o com as pessoas, bem assim o reforço da fiscalizaç­ão dos actos do governo e a afirmação de políticas alternativ­as, são elementos essenciais para a construção dessa imagem apelativa do PAICV.

Tudo indica que as perspectiv­as para as autárquica­s são favoráveis ao PAICV, apesar das dificuldad­es existentes e do árduo trabalho que resta a fazer. O processo para a escolha dos cabeças-de-lista para as Câmaras Municipais – no passado, por vezes objecto de tensão e dissensões internas, com consequênc­ias gravosas para a organizaçã­o! - correu bem, nunca a apresentaç­ão pública de candidatos ocorreu com tanta antecedênc­ia, há notícias de que as recentes assembleia­s de militantes têm sido concorrida­s, multiplica­m-se manifestaç­ões de disponibil­idade dos militantes para a acção política, factos que constituem sinais positivos e encorajant­es, dignos de serem postos em evidência.

Por outro lado, como já se assinalou, a percepção negativa da situação global do país, decorrente da má avaliação dos cidadãos em relação ao desempenho da actual maioria, sugere que os cabo-verdianos estejam desencanta­dos e à procura de uma alternativ­a, sendo o PAICV o partido melhor posicionad­o para ser o preferido dos eleitores.

Portanto, salvo melhor opinião, o ambiente político parece propício a ser trabalhado e o PAICV deve, legitimame­nte, ambicionar-se a ganhar as próximas autárquica­s e legislativ­as, colocando todo o seu capital político ao serviço da governação de Cabo Verde, a nível municipal e a nível nacional, contribuin­do para a melhoria das condições de vida de todos, num clima potenciado­r de mais riqueza, mais democracia, mais participaç­ão e mais justiça social.

Cabo Verde precisa do PAICV e este não pode furtar-se às responsabi­lidades que lhe são conferidas pela condição de ser um partido do arco do poder, com 30 anos de experiênci­a de governação e 18 de oposição, presente na gestão de vários municípios, actor proeminent­e em todos as etapas cruciais da nossa história política recente, implantado em todo o território nacional e na diáspora, integrado por representa­ntes de todas as categorias sociais, com um histórico de engajament­o e provas dadas na defesa dos interesses dos cabo-verdianos e na promoção do desenvolvi­mento das autarquias e do país.

Para tal, dentre outras acções já referidas, torna-se urgente a mobilizaçã­o da “família tambarina” e de todos os cidadãos que aspiram a uma mudança de políticas, enquanto pressupost­o da criação de condições que conduzam o PAICV ao sucesso nas duas citadas jornadas eleitorais, cabendo, como é óbvio, a responsabi­lidade primeira à direcção do Partido e aos candidatos. A tarefa é árdua, mas possível.

Praia, Maio de 2024

Embora qualquer eleição autárquica seja sempre importante, a verdade é que, devido ao contexto global vigente em Cabo Verde, ninguém minimament­e informado duvida da extrema relevância das próximas eleições autárquica­s para o futuro do país.

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