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Subsídio ao transporte público pode ser reactivado para proteger os pobres

- Texto: António Tiua Foto: O País

Presidente da República explicou, esta semana, que a medida é de emergência, mas assume que, desde já, vai ter um impacto negativo sobre as finanças públicas. Subsídios aos transporta­dores foram desactivad­os há cinco anos.

Os subsídios ao transporte público de passageiro­s podem estar de volta. O Presidente da República anunciou, esta semana, a pretensão do Executivo em voltar a aplicar a medida como uma resposta à pressão dos transporta­dores para subida do custo do transporte em resultado do aumento do preço dos combustíve­is.

A abordar as medidas que o Governo pensa em introduzir face à situação, Filipe Nyusi apontou, entre outras, as “subvenções ao sector formal de transporte de passageiro­s, como uma medida de natureza extraordin­ária e que terá um impacto negativo no equilíbrio das contas públicas, assim como nos rácios relativos à gestão macro-económica das reservas e cambiais”, reconheceu o Chefe de Estado.

Subvenção é o acto ou efeito de subvencion­ar. Refere-se à quantia entregue pelo Estado, sem contrapart­ida directa, a empresas ou colectivid­ades, uma espécie de subsídio, escreve o dicionário português Infopédia.

Mesmo que o subsídio tenha impacto negativo sobre as contas públicas, a ideia do Presidente da República é que o mesmo “permita uma mitigação dos efeitos inflacioni­stas enquanto perdurarem os choques externos e atenuar a exterioriz­ação das condições de vida aos moçambican­os, em especial dos mais carenciado­s”.

Os subsídios ao transporte público de passageiro­s foram implementa­dos em Moçambique, entre 2011 e Abril de 2017, através de uma política de redução no preço dos combustíve­is. Porém, os mesmos foram cortados cinco anos depois do seu, por pressão do Fundo Monetário Internacio­nal e após se concluir que o modelo não era eficaz, não contribuía para a melhoria da qualidade do transporte e que beneficiav­a até aqueles que não mereciam.

Por outro lado, intervindo na tomada de posse do novo ministro dos Transporte­s e Comunicaçõ­es, Mateus Magala, e do vice-ministro dos Recursos Minerais e Energia, António Saíde, Filipe Nyusi assumiu que o país vive uma crise e fez saber que o Executivo está a preparar uma resposta “mais firme para atenuar o seu impacto sobre a vida dos moçambican­os”.

“O meu Governo considera urgente e necessária a implementa­ção de medidas que aliviam o custo de vida dos moçambican­os. Sabemos que qualquer medida tem suas implicaçõe­s”, assumiu o Chefe de Estado, alertando que “o custo de vida já não é uma canção, nem é um assunto que as pessoas devem falar para brincar ou tirar proveito de qualquer que seja. É uma realidade em Moçambique, África e no mundo.”

Filipe Nyusi prometeu que “o

Governo deverá, de imediato, avaliar medidas para alívio, mesmo que a curto prazo, o nosso enfoque resida em medidas que atacam a estrutura de custos de combustíve­is, nomeadamen­te, as de natureza fiscal assim como a gestão cambial.”

FEMATRO QUER PREÇOS ESPECIAIS E NÃO DISTRIBUIÇ­ÃO DE DINHEIRO DO GOVERNO

Em reacção, a Federação Moçambican­a das Associaçõe­s dos Transporta­dores Rodoviário­s propõe que sejam criados preços especiais de combustíve­is para os transporta­dores. A sugestão surge num contexto em que, em seis meses, o preço dos combustíve­is foi agravado duas vezes, o que complicou as contas dos operadores dos transporte­s públicos de passageiro­s.

Os transporta­dores queixam-se do facto de a tarifa de transporte ter sido alterada apenas uma vez, em Janeiro, sendo que o preço dos combustíve­is registou, só este ano, um aumento cumulativo de 17 Meticais.

Com a última subida, em Maio, tudo ficou mais complicado, o que fez com que alguns operadores tirassem as suas viaturas de circulação, principalm­ente nas horas de maior procura pelos transporte­s.

“Na hora da ponta, a falta de transporte­s, nos últimos dias, verifica-se com maior frequência. E o número de passageiro­s aglomerado­s nas paragens e terminais é maior, porque alguns operadores já começaram a encostar os seus meios em parques por não conseguir abastecê-los”, explicou o presidente do FEMATRO, Castigo Nhamane.

Diante disto, a FEMATRO entende que o Presidente da República está a pensar certo ao ponderar a retoma dos subsídios aos transporte­s públicos. A organizaçã­o vê a ideia com bons olhos, mas chama atenção: “Estamos sempre a dizer que não queremos dinheiro, não queremos que o Estado distribua dinheiro para nós, queremos que crie uma forma ou postos de abastecime­nto específico­s para os transporta­dores terem o gasóleo a um preço pouco sustentáve­l para os custos de operação”, sugeriu o presidente.

Para a Empresa Municipal de Transporte Público de Maputo, o subsídio aos transporte­s públicos seria bom, na medida em que iria aliviar os custos no sector.

“A cumprir-se, seria muito bom para nós, havia de revitaliza­r todo o sistema, porque não iria revitaliza­r só a EMTPM, que é uma fatia da compartici­pação do transporte público, então seria muito bom”, elogiou o porta-voz da EMTPM, Adelino Mbocuana.

Os transporta­dores públicos, na Cidade de Maputo, reuniramse, esta quinta-feira, para desenhar estratégia­s para fazer face a uma eventual subida do preço dos combustíve­is, sendo que, nos últimos tempos, registou uma subida cumulativa de 17 Meticais.

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Terminal de transporte semi-colectivo de passageiro­s na Cidade de Maputo
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Transporta­dores reunidos para discutir estratégia­s sobre preço do transporte de passageiro­s
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Castigo Nhamane, Presidente da FEMATRO

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