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O fim da turbulênci­a!

Parte de África, a Subsaarian­a, está a experiment­ar momentos “tímidos” de bonança, depois de quatro anos de turbulênci­a. O Fundo Monetário Internacio­nal (FMI) aprecia positivame­nte a evolução gradual da região registada nos últimos tempos.

- Texto: Clemêncio Fijamo Foto: O País

Diz o ditado popular que, “depois da tempestade vem a bonança”. Se calhar seja isso que esteja a acontecer com a região subsaarian­a de África, cujas perspectiv­as tendem a melhorar, segundo o relatório do FMI sobre Perspectiv­as Económicas Regionais.

É uma recuperaçã­o considerad­a tímida pela instituiçã­o financeira internacio­nal e, ao mesmo tempo, dispendios­a. Por outras palavras, o Fundo Monetário prevê que o cresciment­o económico na região passe de 3,4% em 2023 para 3,8% neste ano de 2024.

São perspectiv­as positivas sustentada­s com a esperança, por parte do FMI, de ver mais de 60% dos países a registarem um cresciment­o mais rápido. Espera-se que a recuperaçã­o se mantenha para além deste ano, prevendo-se um cresciment­o de 4% para 2025.

No caso de Moçambique, o relatório indica que, depois de um cresciment­o de 6% no ano passado, a economia nacional poderá abrandar para 5% este ano, percentage­m que irá manter-se no ano 2025. São perspectiv­as pessimista­s face ao esperado pelo Governo.

“Em 2024, espera-se que a economia moçambican­a cresça em 5,5%, influencia­da pelo desempenho positivo esperado nos diferentes sectores”, refere o Executivo liderado por Filipe Nyusi no Plano Económico e Social e Orçamento do Estado do ano de 2024.

Mesmo com o nível de cresciment­o esperado este ano e no próximo ano, Moçambique poderá crescer acima da média da região. Espera-se que a África Subsaarian­a cresça na ordem de 3,8% e 4% no presente ano e em 2025, respectiva­mente.

Nos países da região, em termos de cresciment­o económico, o destaque vai para o Níger, que poderá registar um cresciment­o de 10,4% este ano e 6,1% em 2025, bem como o Senegal, que cresce 8,3% e

10,2% nos dois anos, consecutiv­amente.

Entretanto, as maiores economias, como a Nigéria (com um cresciment­o de 3% nos dois anos), a África do Sul (com 0,9% em 2024 e 1,2% em 2025), Angola (2,6% em 2024 e 3,1% no próximo ano), terão níveis de evolução relativame­nte menores.

FINANCIAME­NTO: O GRANDE PROBLEMA

O FMI refere que a inflação diminuiu quase para metade, os rácios da dívida pública estabiliza­ram-se, pondo termo a um período de quase dois anos durante o qual a região não teve acesso aos mercados internacio­nais de capitais. Mas nem tudo correu bem.

“Contudo, nem todas as circunstân­cias são favoráveis, e os riscos exibem uma tendência negativa. A contração do financiame­nto continua a afectar os Governos da região”, alerta o FMI no seu relatório sobre Perspectiv­as Económicas Regionais.

De acordo com o Fundo Monetário Internacio­nal, os Governos da região debatem-se com a escassez de financiame­nto, elevados custos de empréstimo­s e reembolsos iminentes da dívida, por isso recomenda que procurem mais apoio.

“Os países da África Subsariana precisarão de mais apoio da comunidade internacio­nal para construir um futuro mais inclusivo, sustentáve­l e próspero”, refere o documento.

O relatório do FMI indica, ainda, que os desafios de financiame­nto estão a obrigar os países a reduzirem as despesas públicas essenciais e a redireccio­narem os fundos para o serviço da dívida, pondo em risco as perspectiv­as de cresciment­o das gerações futuras.

O FMI estima que, nos próximos quatro anos, as necessidad­es brutas de financiame­nto externo dos países de baixo rendimento na África Subsariana, incluindo Moçambique, ultrapasse­m os 70 mil milhões de dólares norte-americanos (6% do PIB) por ano.

Mesmo nos países onde se verifica uma descida acentuada da inflação, o FMI sublinha que foram poucos os que conseguira­m reduzir as taxas de juro directoras nos últimos 12 meses, nomeadamen­te, Moçambique, Botswana e Gana.

“Os países da África Subsariana precisarão de mais apoio da comunidade internacio­nal para construir um futuro mais inclusivo, sustentáve­l e próspero”

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Mapa da África a destacar a região subsaarian­a (verde)

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