Economia mundial pode crescer 2,6% este ano
A Organização das Nações Unidas (ONU) prevê um crescimento económico global de 2,6% em 2024. Trata-se do terceiro ano consecutivo de crescimento abaixo da média prépandemia (20152019), de 3,2%.
AONU lançou a actualização de Abril do seu relatório sobre comércio e desenvolvimento.
No documento, a organização afirma que o comércio mundial de mercadorias caiu cerca de 1%, em 2023, marcando uma divergência significativa em relação ao crescimento económico global. A contracção deveu-se, em parte, às tensões comerciais entre algumas grandes economias e à procura global moderada.
“Estes factores adversos foram agravados por um efeito de base elevada devido à mudança temporária sem precedentes nos padrões de consumo, de serviços para bens duradouros com utilização intensiva de comércio, durante a pandemia de COVID-19. À medida que os hábitos de compra se normalizaram, e até ficaram aquém em alguns sectores, o comércio global de mercadorias diminuiu”, sustenta o relatório.
Analisando o crescimento económico por regiões, a ONU prevê que África cresça 3% em 2024, ligeiramente acima dos 2,9% em 2023. Os conflitos armados e os impactos climáticos colocam desafios significativos em vários países.
“Entretanto, as maiores economias do continente – Nigéria, Egipto e África do Sul – apresentam um desempenho insatisfatório, afectando as perspectivas globais”, acrescenta a ONU.
Ao nível das américas, o crescimento deverá desacelerar, com a Argentina a enfrentar uma inflação severa e a precipitação económico do Brasil atenuado por pressões externas e pela dependência de commodities. A América do Norte permanece relativamente resiliente, embora os desafios continuem.
Na Ásia, a China tem como meta um crescimento de cerca de 5% em 2024, capitalizando a produção e o comércio. A economia da Índia é impulsionada pelo forte investimento público e pelo crescimento do sector de serviços, com uma ex
pansão prevista de 6,5% em 2024.
A Europa, de acordo com as projecções da ONU, está a lutar contra uma actividade económica fraca, países como a Alemanha e a Itália enfrentam abrandamentos industriais e restrições fiscais, o que afecta as suas projecções de crescimento.
Sobre a Oceânia, a ONU avança que o crescimento económico na região, especialmente na Austrália, deverá permanecer moderado, com o período de baixo crescimento a estender-se até 2024.
Além disso, o relatório destaca que, nos últimos seis meses, as perturbações nas principais rotas marítimas, como a grave seca que afecta o Canal do Panamá e os ataques a navios no Mar Vermelho, prejudicaram ainda mais o comércio de mercadorias e aumentaram significativamente os custos de transporte.
Ainda no relatório, a ONU diz que os Governos dos países em desenvolvimento estão a debater-se com obrigações crescentes de pagamento da dívida. Em 2022, pagaram 50 mil milhões de dólares a mais aos credores externos do que receberam em novos empréstimos.
“As elevadas taxas de juro globais agravaram estes desafios, com a depreciação da moeda a tornar a dívida denominada em moeda estrangeira mais cara”, lê-se no documento.
De acordo com a organização, no período em análise, nove países de baixo rendimento caíram em situação de sobreendividamento, com outros 25 à beira do abismo, sublinhando o agravamento da crise da dívida global.
Olhando para os mercados de commodities, segundo a ONU, os preços das matérias-primas caíram 6,8% ano passado, mas, ainda assim, permanecem superiores aos níveis do período pré-pandemia.
“O sector da energia registou a maior queda de preços, de 16,1%, mas os preços ainda são cerca de 40% superiores às médias entre 2015 e 2019. Estes preços elevados beneficiam os exportadores, mas oneram fortemente os países em desenvolvimento importadores líquidos de matérias-primas”, explica a ONU.
A ONU defende reformas estruturais e esforços globais coordenados, propondo uma estratégia abrangente que inclua tanto políticas do lado da oferta para impulsionar o investimento como medidas do lado da procura para melhorar o emprego e o rendimento.
Prevê-se que África cresça 3% em 2024, ligeiramente acima dos 2,9% em 2023. Os conflitos armados e os impactos climáticos colocam desafios significativos em vários países.