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Presidente do BAD propõe reestrutur­ação da dívida externa de África

O potencial económico de África está a ser minado por empréstimo­s não transparen­tes apoiados em recursos. O presidente do Banco Africano de Desenvolvi­mento diz que o facto complica a resolução da dívida e compromete o cresciment­o dos países.

- Texto: Edmilson Lambo Foto: BAD

“A dívida de África de 824 mil milhões de dólares e os empréstimo­s opacos garantidos por recursos prejudicam o seu potencial”

Dados do Banco Africano de Desenvolvi­mento revelam que a dívida externa de África atingiu os 824 mil milhões de dólares em 2021. Ademais, segundo a mesma fonte, só este ano, o continente pagará 74 mil milhões de dólares de serviço da dívida.

O presidente do BAD, Akinwumi Adesina, afirmou que o peso da dívida e os empréstimo­s apoiados em recursos prejudicam o potencial do continente.

“Acho que é hora de termos responsabi­lidade pela transparên­cia da dívida e garantir que toda essa coisa desses empréstimo­s opacos garantidos por recursos naturais realmente acabe, porque complica a questão da dívida e a questão da resolução da dívida”, disse Adesina.

Embora reconheça as pressões fiscais enfrentada­s pelos países africanos devido à pandemia de COVID-19, às necessidad­es de infra-estruturas e ao aumento da inflação, Adesina sublinhou a necessidad­e de se reestrutur­ar a dívida do berço da humanidade.

“É preocupant­e a mudança do financiame­nto concession­al para uma dívida comercial mais cara e de curto prazo. A dívida Eurobond representa agora 44% da dívida total de África, acima dos 14-17% anteriores”, acrescento­u Adesina.

Criticou também o “prémio de África” que os países pagam quando acedem aos mercados de capitais, apesar de os dados mostrarem que as taxas de incumprime­nto de África são mais baixas do que as de outras regiões. Adesina apelou ao fim desta percepção de risco, que, segundo ele, leva a custos de financiame­nto mais elevados para as nações africanas.

Olhando para o futuro, Adesina mostrou-se optimista em relação às oportunida­des em África, em particular nas energias renováveis. O responsáve­l do Banco Africano de Desenvolvi­mento sublinhou a importânci­a de implementa­r uma forma ordenada e previsível de lidar com a dívida de África, apelando a uma implementa­ção mais rápida do Quadro Comum do G20.

Adesina está em Washington para participar nas Reuniões de Primavera de 2024 do Fundo Monetário Internacio­nal e do Banco Mundial.

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Akinwumi Adesina, Presidente do BAD

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