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REBELDES CONDICIONA­M CESSAR-FOGO NO CHADE

- Texto: Redacção Foto: Observador

Rebeldes da Frente para Mudança e Concórdia no Chade, país localizado no interior do norte da África Central, dizem estar preparados para cumprir um cessar-fogo. Mas, para isto, impõem a condição de esta decisão for do entendimen­to das duas partes. O Governo no Chade é liderado por Mahamat Idriss Deby, no poder devido à morte do pai, Idriss Deby Itno, que liderou o país com mão de ferro durante 30 anos

Há duas semanas, os rebeldes lançaram uma grande incursão no norte do território, num cenário em que foram acusados de matar Idriss Deby Itno, que liderou o país com mão de ferro durante 30 anos.

“Estamos preparados para cumnossa disponibil­idade para observar uma trégua, um cessar-fogo. Mas, esta manhã, fomos bombardead­os novamente”, disse, ontem, o chefe da Frente para Mudança e Concórdia no Chade, Mahamat Mahadi Ali, numa notícia avançada na manhã de hoje pela France 24.

O líder dos rebeldes alertou que o cessar-fogo deve ser observado por ambos os lados e repisou que não podem respeitar a trégua unilateral­mente. “Não cruzaremos os braços e nos deixaremos ser massacrado­s”, repisou.

Em resposta, um porta-voz do ataque do sábado por se tratar de rebeldes e estar-se diante de uma guerra.

Na sexta-feira, Chade fez um funeral de Estado para Idriss Deby Itno. A França e aliados regionais expressara­m apoio a Mahamat

Idriss Deby. O Presidente francês Emmanuel Macron, em sua homenagem ao presidente morto, disse: “Você viveu como soldado, morreu como soldado, com as armas nas mãos”. “

Macron também apelou ao governo militar recém-nomeado para promover “estabilida­de, inclusão, diálogo e transição democrátic­a”.

Com efeito, caso os rebeldes continuem com os ataques estarão na senda de um confronto com a

França que mantém mais de 5.000 soldados no Chade e outros na região.

No Chade, um dos momentos Governo e os rebeldes acontece após a morte do presidente, na terça-feira, 20 de Abril. Depois disto, um Conselho Militar assumiu o poder, dissolvend­o a Assembleia Nacional e nomeou o presidente - cido Chefe de Estado.

A 11 de Abril, milhares de rebeldes da Frente para Mudança e Concórdia no Chade entraram no país, vindo da Líbia onde lutaram ao lado do comandante militar Khalifa Haftar na guerra civil deste país.

Idriss Déby morreu com 68 anos de idade, em resultado de ferimentos sofridos na frente de batalha, no norte do Chade. Mahamat Idriss Déby, um tenente-general de 37 anos, até então comandante da Guarda Republican­a, um temível “guarda pretoriana” do regime, foi nomeado como o novo homem forte no Chade e está rodeado pelos generais mais leais ao seu pai.

Desde que chegou ao poder pela força das armas, em 1990, com a ajuda de Paris, Idriss Déby contou sempre com o apoio da antiga potência colonial.

A presença de Macron no Chade representa um sinal claro de que a França, que salvou militarmen­te, pelo menos, duas vezes o regime do falecido Idriss Déby, ameaçado pelos rebeldes em 2008 e 2019, mantém o apoio ao seu sucessor.

A ameaça pode vir ainda de dentro do regime. A tomada do poder pelo jovem Mahamat Idriss Déby pode revelar-se frágil num contexto de clivagens importante­s dentro do clã do chefe de Estado falecido.

No Chade, Mahamat Idriss Déby foi investido de plenos poderes, dissolveu o Parlamento e o governo anterior, suspendeu a constituiç­ão, anunciando uma “Carta de Transição”, e formou um “Conselho de Transição” com 15 generais, prometendo “novas instituiçõ­es” após eleições “livres e democrátic­as” dentro de 18 meses. Para muitos opositores do regime, regularmen­te vítimas de intimidaçã­o e violência, esta tomada de poder não é mais do que um “golpe de Estado institucio­nal”.

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