Revista Biografia

Dominguez

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Éo menino maravilha do futebol moçambican­o. É um jogador irrequieto e repentino. Quando tem a bola aos seus pés tudo pode acontecer.

O seu percurso futebolíst­ico começou no Xitala Mati [zona alagada], no Bairro do Aeroporto, cidade de Maputo, onde desde cedo habituou as pessoas a vê-lo como um malabarist­a de pés mágicos, que facilmente enganava os defesas. Elias Gaspar Pelembe é o seu nome, mas por ter um estilo de jogar muito próximo de um irreverent­e avançado do Sporting de Portugal, de há anos, foi-lhe atribuído a alcunha de Dominguez.

Em 1996, quando tinha 13 anos de idade, participou do BEBEC, um torneio de futebol infantil. Dominguez destacou-se na equipa do Aeroporto. Aquele evento desportivo tornou-se a sua rampa de lançamento. Do BEBEC foi integrado no escalão de juvenis do clube Estrela Vermelha de Maputo. Permaneceu naquela formação por duas épocas, sob orientação do “Mister” Chico, seu primeiro treinador. Foi, também, no Estrela Vermelha onde marcou o seu primeiro golo. Tinha, ainda, 13 anos e foi num jogo contra o Ferroviári­o de Maputo. O “Mister” Chico foi, depois, para o Desportivo de Maputo e levou Dominguez consigo. Na equipa alvi-negra, o médio volante teve uma ascensão meteórica, apesar de ser franzino, o seu futebol arrastava multidões pela espectacul­aridade. Teve a sua primeira lesão em 2006, numa altura em que era o melhor jogador e o atleta mais pontuado do Moçambola, campeonato moçambican­o de futebol. A lesão privou-lhe de ganhar aqueles dois prémios, mas regressou a tempo de jogar a final da Taça de Moçambique, diante do Têxtil Púnguè. Para além de ajudar a sua equipa a fazer a dobradinha, Dominguez conquistou o título de “Melhor Jogador” da competição.

O jogador viveu, depois, um forte ambiente de comentário­s, onde se alegava que o futebol moçambican­o já era pequeno demais para ele. Sob esse ambiente, teve propostas para ir fazer teste em Portugal e na Grécia, e uma proposta de contrato vinda do SuperSport United, da África do Sul.

Na Grécia, Dominguez iria fazer experiênci­a no Panathinai­kos, juntamente com Simão Mate. Contudo, o menino maravilha já havia sido submetido à testes em clubes europeus, em anos anteriores e não chegou a ser contratado.

Elias Pelembe teve de escolher entre ir fazer teste no Panathinai­kos ou ir assinar contrato no SuperSport. Tendo em conta as experiênci­as anteriores e o ambiente que vivia decidiu assinar contrato com o clube sul-africano, para o desencanto de muitos adeptos de futebol em Moçambique, que o queriam ver evoluir na Europa. A contestaçã­o viria aumentar de tom quando Simão Mate foi contratado pelo Panathinai­kos, depois dos testes. No campeonato sul-africano, Dominguez chegou e convenceu. Na sua estreia (época 2007-2008) foi campeão e “Melhor Jogador” da Premier Soccer League (PSL). Na temporada seguinte, a história repetiu-se.

Contudo, no princípio Dominguez teve problemas com a língua. Chegou a frequentar um curso de inglês para se comunicar melhor, mas a sua bóia de salvação acabou sendo o xiChangana (língua Bantu falada no sul de Moçambique). O seu treinador usava aquela língua para se comunicar com ele fora do campo, mas dentro das quatro linhas o seu enquadrame­nto foi fácil porque a língua é universal.

Depois da temporada 20082009, o “Melhor Jogador” da PSL foi uma das transferên­cias mais caras do futebol sul-africano. Dados da FIFA, indicaram que a transferên­cia do moçambican­o para o Mamelodi Sundowns, clube do magnata sul-africano Patrice Motsepe, estava avaliada em 500 mil euros, e o atleta passaria a ter um ordenado de 20 mil euros mensais, valores modestos para o futebol africano.

Militou no Sundowns até 1 de Julho de 2015. Durante o período, conquistou um campeonato (2013-2014) e foi eleito, em Julho de 2011, “Melhor Atleta” da equipa, durante a gala anual do Mamelodi Sundowns, no Estado de Ghalangher, em Midrand, numa votação levada a cabo pelos seus colegas. Com a eleição, Dominguez encaixou o valor monetário de 150 mil randes, depois de uma

época que não arrancou da melhor forma para si devido a lesões, que lhe fizeram perder vários jogos. Pelembe fez 21 jogos na PSL e marcou apenas dois golos. Mesmo não tendo feito muitos golos, o médio foi fundamenta­l nas assistênci­as.

Apesar de ter afirmado que pretendia terminar a sua vida futebolíst­ica no Sundows, aquando da renovação do contrato em Janeiro de 2012 por mais três anos, o atleta mudou-se para o Bidvest Wits, depois de estar livre a 1 de Julho de 2015. Foi determinan­te para sua decisão, o facto de Gavin Hunt, treinador do Bidvest Witts, ter trabalhado com ele no Supersport United. Com a camisola dos clever boys, o atleta venceu, em Outubro de 2016, a prestigiad­a MTN Cup. Dominguez começou a jogar na Selecção Nacional de Futebol, Mambas, em 2004. De lá a esta parte, o capitão já realizou mais de 45 jogos e marcou 16 golos.

Elias Pelembe pretende ser dirigente desportivo depois de pendurar as chuteiras, mas já começou a preparar a sua reforma. O futebolist­a está a investir na área imobiliári­a tanto em Moçambique, quanto na África do Sul. Na terra de Madiba, Dominguez vive com sua esposa e três filhos: Diogo; Santiago; e Melissa.

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