Já chega!
Ajudar é tirar a tristeza de alguém e sentir-se bem quando substituímos a aflição pela alegria na vida do outro. Por estas razões este é um dos actos mais nobres da humanidade.
Está a tornar-se normalíssimo o acto ridículo de convidar a Imprensa para cobrir ofertas à gente carenciada, sem que os recursos para tal ajuda tenham vindo, directa ou indirectamente, do campo mediático. É como quem diz:
- oh tvʼs, rádios, jornais e revistas venham lá mostrar ao mundo que eu estou a ajudar os pobres…
Por outra, na Pátria Amada a visão de ajuda como meio de troca da aflição por alegria no outro está a perde-se e a ser substituída por uma acção de interesse de visibilidade e reconhecimento público. Ou seja, quem ajuda não pretende sentir-se bem tirando a aflição no outro, mas pretende usar a aflição do outro para ganhar dois ou três minutos de fama na televisão, rádio e algumas páginas de jornais e revistas, alguns até capas de órgãos impressos.
A atribuição de preço monetário ao acto de busca do quarto nível da pirâmide de Abraham Maslow, denúncia quão ignorante é o “prestador de ajuda” moçambicano. É tão ignorante que não consegue ver a importância do simples acto de tirar tristeza no outro. É tão guloso que não consegue ficar satisfeito pela simples e nobre acção de dar alegria ao outro. É tão pobre de protagonismo na praça pública que até procura os economicamente pobres e se aproveita da condição social deles para “aparecer” e ter reconhecimento público.
Está na hora de a sociedade moçambicana dar uma lição nesse tipo de gente que está trocar as finalidades da ajuda ao próximo. É momento de a sociedade dizer com uma acção prática que os carenciados não são instrumentos de produção de imagem e reconhecimento público de ninguém, e quem os quer ajudar deve ficar satisfeito com o simples e nobre facto de dar-lhes alegria. Todo aquele que usa os pobres para ganhar protagonismo deve merecer a punição mais severa: o nosso desprezo profundo.
Dalton Sitoe