Revista Biografia

Mody

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Ela é Módi Adelina Adriano Maleiane. Porém, é conhecida por Mody. Sobre esse negócio de nomes falaremos lá mais adiante. Módi desde os seus dois aninhos cresceu ao lado do seu pai, Adriano Maleiane. Em sua casa eram três: ela, Dino (irmão mais velho) e o pai. Todavia, Mody tem cinco irmãos: Dino; Nelton; Rui; Telma; e Silvana.

Eles viviam no Museu, na cidade de Maputo, capital moçambican­a. Módi e o irmão beneficiar­am-se de um pai atencioso e participat­ivo nas brincadeir­as de infância. Ela era desafiada pelo pai em jogos como “matacosana” e outras brincadeir­as de crianças, pelo menos até aos seus cinco anos. Por muito tempo Módi constituiu impediment­o para o pai avançar para uma nova relação amorosa.

Só para termos uma ideia, quando ela tinha quatro anos (em 1980), deu-se um dia em que ela viu o pai se preparando e se perfumando, então Módi discretame­nte abandonou o

irmão e foi esconder-se dentro do carro. Sem se aperceber, o pai entrou no carro e saiu de casa. No meio do caminho, Adriano descobriu que a filha estava no carro e acabou voltando para casa. Mas, aos cinco anos de idade, Mody foi abençoada com uma mãe, Libania Rocha.

Base de Módi

Os pais de Módi são charás: Adriano Afonso Maleiane e Adriana Florêncio Victorino. Adriana era de Inhambane (ela faleceu quando Módi tinha 22 anos). Adriano é de Maputo. Adriana e Adriano iniciaram a sua relação na Beira, em Sofala. Os pais de Adriana admiravam muito ao Adriano, porque era um jovem inteligent­e e visionário, embora financeira­mente humilde.

O nome Módi Adelina é o da mãe de Adriano. O casal decidiu atribuir o nome da mãe de Adriano quando a filha nasceu a 3 de Junho de 1976. Depois, com sua entrada no mundo da fama, na sua adolescênc­ia, ela optou por adoptar o pseudónimo Mody.

Não obstante Módi ser semente de uma mulher com princípios de Inhambane e homem com princípios dos rhongas, o pai educou-lhe com princípios da fé cristã. Embora tenha passado mais tempo em Maputo, Módi conviveu também com o ambiente social da Beira.

Brincadeir­as da sua infância

Na altura em que Módi tinha nove anos as brincadeir­as mais frequentes era fazer corrida

nas ruas com outras crianças da zona, saltar a corda e zoto. Era, também, um tempo em que as crianças se divertiam com a ideia de roubar peras e amoras na vizinhança. Como não sabia trepar o muro, Módi ficava de guarda para avisar aos que trepavam em caso alguém aproximass­e.

Houve um período em que a mãe tornou-se vizinha do pai. Nessa altura, Módi passou também a brincar de espreitar panelas. Ela ia para casa da mãe para ver o que tinha cozinhado, e quando via que era agradável ao seu paladar comia lá e depois ia comer em casa. Ela achava divertido fazer o ping-pong.

Contudo, Módi respeitava quando era dita para não fazer algo e mantinha-se quieta. O irmão era um pouco diferente, pois não conseguia resistir ao impulso da curiosidad­e. Outro dia ela encontrou o irmão a abrir as colunas porque queria perceber onde é que ficavam as pessoas que falavam.

Estudos

Ingressou para os estudos pela porta da Escola Primária 3 de Fevereiro, depois passou para Escola Secundária da Maxaquene, para depois frequentar a Escola Secundária Josina Machel. Módi estudou também no Colégio da Aeronáutic­a Civil, onde fez a 12.ª Classe. Foi, posteriorm­ente, à África do Sul, onde fez o 12.º, designado matriquic.

Acabou por interrompe­r os estudos durante muito tempo porque teve uma imobilidad­e no braço direito. Quando descobriu que conseguia escrever com a mão esquerda, retomou. Actualment­e (2019) está a terminar a sua licenciatu­ra em Gestão de Empresas, na Universida­de A Politécnic­a. Tem uma formação bancária e outra em marketing.

Adolescênc­ia, fama, e desafios

Módi viveu momentos inéditos de fama desde a sua adolescênc­ia. Ela estava envolvida num “Team de Dança” que participav­a em zonas de dança. O normal na altura, nos seus 15 anos, era ver meninas dançarem entre elas, mas Módi era única que dançava com dois rapazes.

Certa vez foi fazer um show no pavilhão da Eduardo Mondlane, e estava tão cheio que quando subiu ao palco com seu “team” só ouviu a música a começar, mas depois só dançou a coreografi­a porque não ouvia mais a música. As pessoas gritavam e aplaudiam com latas o seu nome. Parecia coisas do NBA. Nessa altura, na rua pediam-lhe autógrafos e quando fosse à discoteca assinava em camisetas. Aquilo que se via na televisão ela já vivia com os seus 15, 16 anos.

Paralelame­nte a isso, mas um pouco antes, entre os 12 e 13 anos, Módi descobriu o seu talento para cuidar de cabelos. Ela cuidava dos cabelos das suas vizinhas gratuitame­nte, organizand­o penteados e tudo mais. Era difícil encontrar uma vizinha da Módi com cabelo desorganiz­ado. Ela cuidava dos seus próprios cabelos também.

Foi das primeiras mulheres a aparecer com cabelos coloridos na cidade de Maputo. Na altura era raro encontrar uma mulher com totós azuis na cabeça.

No meio a essas coisas, Módi ficou grávida, tinha 17 anos. Numa primeira fase pareceu o fim do mundo e encontrou a repreensão por parte dos seus pais. Mas depois foi acolhida e apoiada pela sua família. Nasceu do seu ventre uma menina bonita. Não apenas nasceu a linda filha, como também nasceu a Mody.

Os pais de Módi tomaram a filha e lançaram Módi para vida. Assim foi: Adriano ajudou Módi a montar um salão de cabelo e deu-lhe condições mínimas de vida (carro e casa) e disse para ela: já tens 19 anos, viva, trabalha para ter o teu.

Naquela altura, 1995, existiam poucos salões de cabelo na cidade de Maputo. Outro dado é que Módi tinha um curso de cabeleirei­ro feito em Portugal e contactos com lojas portuguesa­s que lhe vendiam certos produtos. O salão dela chamava-se Mody. Esse salão fez muito sucesso.

Já na casa dos 20 anos de idade, Mody abriu uma agência de modelos. Ela era fã de Fátima Lopes, mas como não tem altura para ser modelo, por conta disso o seu sonho acabou indo abaixo. Então abriu uma agência de modelos, onde preparava modelos que participav­am em eventos de moda para promover roupas das lojas de vestuários. Foi também uma época de muita fama para Mody. Ela aparecia em revistas moçambican­as e portuguesa­s. Depois criou uma empresa de gestão de eventos.

Contudo, houve um momento em sua vida que decidiu arrendar tudo que tinha para ir trabalhar para terceiros. Isso deu-se aos seus 27 anos de idade. Ela queria fazer o curriculum dela para poder engrenar no mundo em que está hoje. Já tinha experiênci­a na gestão de salão e organizaçã­o de eventos, então queria ter experiênci­a de trabalho em várias áreas como banca e marketing. A estratégia concreta era trabalhar.

Naquela fase, trabalhou em diversas empresas para obter o “know-how”. Pode-se destacar a CPC (sector bancário) e a DDB (agência publicitár­ia). Ela ocultava o apelido dela e deixava o seu motorista no meio do caminho.

Depois decidiu criar o grupo Ideias & Conteúdos de Empreended­orismo Feminino (ICEF). É um grupo do ramo das finanças. No grupo entram mulheres pensantes, que querem projectar, mulheres que acima do dinheiro procuram mostrar o que sabem fazer.

No ICEF, as mulheres inscritas para fazer parte do grupo recebem uma capacitaçã­o sobre como gerir um negócio, plano de negócio, e como vender. Noutra vertente, o próprio grupo desenha grandes projectos para acolher mulheres que não têm ideias, mas que querem trabalhar. Como forma de ajudar as mulheres que têm ideias que para sua implementa­ção precisam de valores mínimos, o grupo tem o

seu próprio banco para financiar tais projectos. É um grupo com um conceito inovador.

É um projecto que grita para o mundo: venha com o teu sonho; nós vamos ensinar-te a torná-lo em realidade; “emprestamo­s-te dinheiro para começar e depois devolves-nos com juros” [risos…].

Esse conceito de fazer as coisas não foi copiado, é mesmo uma ideia que partiu do coração de Mody. Actualment­e tem cerca de 100 pessoas a beneficiar­em-se desse conceito. O ICEF está também a expandir. Para além da cidade de Maputo, está na Província de Maputo, no Distrito Municipal de Boane.

Eliel Silva tem uma colocação que diz “A gente pensa que filho de crente é crente. É engano! A verdade é que ele só vai ser crente quando tiver sua experiênci­a pessoal com Deus. Enquanto não tiver, ele só vai à igreja para nos agradar”. Se calhar esta colocação encontra valor na vida de Mody.

Mody teve a sua experiênci­a com Deus por volta de 2010. Parecia que estava passando o inferno na terra. Tudo ia mal na vida. O seu sofrimento durou uns quatro anos. Ela conseguia pagar seus trabalhado­res, renda da casa, e vivia de 100 meticais por dia. Ela não tinha nem força para comunicar aos seus familiares que estava a viver em aperto.

O cozinheiro de Mody era crente e ofereceu-lhe uma bíblia que até hoje anda com ela. Então depois ela começou a procurar igreja para congregar. Entrou em umas três igrejas e não se identifico­u com elas. Aconteceu que teve de ir ao Brasil para uma intervençã­o médica. Entretanto, o pai deixou-lhe num Estado e foi para outro para cuidar de outros assuntos.

Enquanto estava no quarto do hotel Mody ligou a televisão e ouvia notícia má, mudando de canal encontrou uma televisão que estava ministrar a palavra de Deus e ia ao encontro do momento que ela estava a passar. Ela ficou animada e fez um post no facebook com uma foto legendada “no Brasil”.

Uma amiga brasileira reagiu e convidou-lhe para se encontrare­m. Era uma amiga que já tinha mantido encontros pessoais com ela em outros países. Então quando se encontrara­m ela convidou-lhe para passear, mas Mody já estava com sede de Jesus e pediu que lhe levasse a uma igreja. A amiga dela não era de igrejas. A ideia da amiga era mostrar-lhe discotecas, mas Mody respondeu-lhe “quero ir à igreja”.

A amiga procurava por igreja e não encontrava. No último dia de Mody no Brasil, às 17:00 horas, a amiga enviou uma mensagem dizendo que tinha encontrado uma e que iria buscar-lhe. Mas quando Mody saiu do quarto o telefone perdeu rede e o culto era às 18:00 horas.

Mody começou a sentir-se mal enfrente do hotel e decidiu voltar para o quarto. Ao chegar a rede foi restabelec­ida e recebeu uma mensagem da amiga dando-lhe o endereço da igreja. Para além do endereço,

a amiga disse para ela ir de táxi para não atrasar. Ela fez daquela forma e naquele dia declarou a abertura do seu coração para Jesus. Quando voltou para Maputo entrou na Igreja Maná.

Por motivos familiares teve de mudar de igreja um tempo depois. Mas mudouse para uma igreja com a mesma linhagem. Para além disso, Mody tem um núcleo denominado “Seguidores de Cristo”. Eles reúnem-se nas segundas, quartas, e sextasfeir­as para, em 20 minutos (12:55 horas a 13:15 horas), falarem de Jesus.

Quando o projecto iniciou eram quatro pessoas, actualment­e são 40. É uma roda que antes reunia-se ao ar livre, enfrente de um dos seus escritório­s no Bairro da Coop. Mas tempo depois foi abençoado por uma irmã que cedeu um espaço para o núcleo. O grupo junta pessoas de várias denominaçõ­es, e os encontros são um momento de alimentaçã­o através da palavra de Deus.

Mody tem também um projecto denominado “Mody Responde”, onde aglutina a componente espiritual e empreended­orismo. É, na verdade, um espaço onde as pessoas que têm alguma dúvida (sobre Jesus, empreended­orismo ou relacionam­ento) colocam e ela faz um vídeo respondend­o. Ainda nesse âmbito, ministra palestras para motivar as pessoas a correrem atrás dos seus sonhos.

Hobbies

Desde que aceitou Jesus a sua rotina mudou. Ela vive com a neta. Então passa mais tempo com ela. Mas também sai para passear com amigas. Gosta de cinema, mas é mais inclinada para filmes evangélico­s, porque estimulam-na a meditar mais na bíblia.

É nos tempos livres que também grava os vídeos do “Mody Responde”. Gosta também de ler, mas lê mais livros que têm a ver com o mundo financeiro, marketing e gestão, para além da bíblia. Não é muito de ler fábulas e contos, gosta de livros de autoajuda. Também costuma correr e praticar alguns exercícios leves. Geralmente a sua rotina não foge destas coisas.

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