A Nossa Prima

JUSTIN AMORIM

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A amizade entre Joana Ribeiro e Justin Amorim selou-se com um salto de paraquedas. “Já a conhecia como atriz, e através da Alba [Baptista] combinámos saltar os três. A primeira vez que a vi foi mesmo quando ela me apanhou em casa para irmos para o Aeródromo de Évora”, conta o realizador e produtor de 30 anos. O episódio foi marcante o suficiente – “ela já tinha saltado, eu quis desistir, mas ela não me deixou. É muito determinad­a com os outros, sabe sempre ver que caminho devemos seguir” – e foi o princípio de uma boa relação. Transladad­a, entretanto, para a esfera profission­al. Joana entrou na série 5Straz, realizada por Justin, acaba de fazer a campanha For Good, da ModaLisboa, também com os mesmos créditos de realização, e participou no filme Sonhar com Leões, a estrear em 2024, e do qual Justin foi produtor. Filho de pais portuguese­s, emigrantes no Canadá, nasceu em Toronto e mudou-se com a família para Algarve aos 4 anos. Cresceu a ver cinema da Disney, saltou depois para o de super-heróis e o primeiro contacto com uma câmara de filmar aconteceu no 9.º ano, quando filmava amigos e cenas várias na escola. “Depois editava em casa, brincava com a música.” Aos 16 anos, foi para Nova Iorque fazer um curso de Cinema de duas semanas e aos 18 mudou-se definitiva­mente para lá, onde estudou Cinema na School of Visual Arts. Regressou a Portugal em 2017, para divulgar a sua primeira longa-metragem, Leviano, e acabou por se estabelece­r em Lisboa. “Foi o meu filme de fim de curso e, sem querer, criei um objeto comercial”, diz. Um ano depois, fundou a própria produtora, a Promenade, e tem estado sempre ocupado, com um pé na produção, outro na realização. “Fazemos curtas, longas, vamos estrear o Amo-te Imenso em abril, estamos sempre com cerca de 25 projetos em curso”, comenta. Tanto aos 30?, perguntamo­s.

“O meu pai, advogado, foi igual. Reformou-se aos 40”, conta Justin, ainda longe de querer parar de trabalhar. Assume-se viciado no ofício, e hoje sobra-lhe pouco tempo para escrever ou realizar. “Quando quero trabalhar num guião, tenho de me isolar, o processo criativo não é compatível com a vida de escritório ou de set. Para mim esse trabalho envolve café, cigarros, incenso, muita música.” Sobretudo Lana Del Rey, “a minha pessoa favorita, no mundo, que não conheço”. A sua assinatura anda entre o cinema autoral e o comercial, é fã de realizador­es como Xavier Dolan, Sofia Coppola, “na adolescênc­ia”, Terrence Malick, Yorgos Lanthimos – “É um génio a criar. Faz-me questionar se não devia ser contabilis­ta”, brinca –, é viciado na versão 2.0 do cycling, com aulas às escuras e performers a ensinar – “aquilo é tipo culto, dava um bom filme” –, em jogar ténis e em alimentar uma vida estética minimalist­a, como nos conta num apartament­o forrado a branco. Sem distrações. “Preciso desta clearness para criar.”

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