A Nossa Prima

RAQUEL CASTRO

ATRIZ E ENCENADORA

-

INSPIRAÇÃO

Annie Ernaux apaixoname a cada nova leitura, pela qualidade formal e poética da sua escrita. Como “fazedora” de teatro autobiográ­fico, ela é uma enorme inspiração. Memória de Rapariga foi o último livro que li dela. Nele, Ernaux [Prémio Nobel da Literatura em 2022] recua quase 60 anos para lembrar a rapariga que foi, num dos anos mais conturbado­s da sua juventude.

ABANAR O MUNDO

Comprei Youthquake, com texto de Tom Adams e ilustraçõe­s de Sarah Walsh, para a minha filha adolescent­e. Mas recentemen­te a minha filha de 6 anos pediu-me para lhe ler as histórias de vida de ativistas, desportist­as, cientistas, criadores e revolucion­ários que desde crianças se destacaram nas suas áreas. De Emma González a Iqbal Masih, este livro mostra-lhe contextos de vida diversos e um mundo plural.

ENREDO GENIAL

Raízes Brancas, romance de Bernardine Evaristo, apresenta-nos um mundo ao contrário, em que pessoas negras escravizam pessoas brancas. Um jogo satírico e subversivo que expõe a violência do racismo e da história da escravatur­a de uma forma genial – e absolutame­nte marcante.

VÁRIAS LISBOAS

Lisboa Mesma Outra Cidade é um belíssimo livro de fotografia­s e ensaios editado pela Ghost que nos permite olhar para as transforma­ções mais recentes de Lisboa, cidade onde nasci e vivo. E onde, apesar de tudo, quero ficar. As fotografia­s são de António Júlio Duarte, Beatriz Banha, Hugo Barros, Mariana Viegas, Pauliana Valente Pimentel e Pedro Letria; os textos de Djaimilia Pereira de Almeida, Joana Braga e Patrícia Portela, num calhamaço de 268 páginas.

FORMAS DE TRABALHO

O dia a dia de mais de 300 artistas está descrito nos livros Daily Rituals: How Artists Work e Daily Rituals: Women at Work, de Mason Currey. Os seus rituais, manias, hábitos, são tão variados e curiosos que me fizeram sentir que todas as formas de trabalho são possíveis – só temos de encontrar a nossa. A Gerturde Stein, por exemplo, andava pelo campo a observar vacas para procurar inspiração e, num dia bom, escrevia 30 minutos.

DIZ-SE UMA “FAZEDORA” DE TEATRO AUTOBIOGRÁ­FICO. COM PEDRO GIL, DIVIDE A DIREÇÃO ARTÍSTICA DA COMPANHIA RAZÕES PESSOAIS, PRODUZINDO PROJETOS EM NOME PRÓPRIO E EM COCRIAÇÃO COM OUTROS ARTISTAS

 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal