ANTÓNIO PIRES
ENCENADOR
LUÍSA COSTA GOMES
Além de trabalhar com a Luísa Costa Gomes, gosto muito do que ela escreve, do seu humor, da forma como vê o mundo, como põe as coisas. É das pessoas que têm produzido mais obras para teatro, de uma forma consistente e de alta qualidade. Da sua obra, destaco o Cláudio e Constantino, um texto ficcional em que ela põe em causa os paradoxos clássicos da história da filosofia através dos personagens (dois irmãos). É um livro muito engraçado, para pensarmos sobre o mundo.
GAZA, A DIMENSÃO HUMANA DO CONFLITO
Saiu agora uma reedição de Oriente Próximo, da Alexandra Lucas Coelho, resultado das suas viagens a Israel e aos territórios palestinianos ocupados enquanto jornalista e correspondente do Público. Está a passarse algo de muito grave com a Palestina e este livro, o primeiro que publicou, ajuda-nos a olhar para aquele povo como pessoas, e não como seres humanos de segunda a quem é permitido tudo fazer.
MOBY DICK
Neste livro de Herman Melville, aprendemos imenso sobre os cetáceos [Risos]. Tem um capítulo, logo no início, dedicado às baleias, aos golfinhos, e por aí fora. Está escrito à luz da Ciência do século XIX, acho até que estará ultrapassado, mas a verdade é que nos dá uma base para compreendermos um comportamento animal que é natural, e não por vingança ou algo do género. No fundo, a baleia mais não faz do que refletir a intrínseca maldade do Homem.
PREPAREM OS LENÇOS
O Werther, de Goethe, foi dos livros de que mais gostei. Acho que os adolescentes deviam lê-lo, ou mesmo toda a gente. É sobre amor. Um livro que nos faz mergulhar em nós próprios, enquanto pessoas, através daquela paixão. É maravilhoso. Mas tenham cuidado, aquilo no fim é só chorar [Risos]. Comprem lenços.
UMA PEÇA DE TEATRO
As pessoas não têm o hábito de ler teatro, mas é uma coisa que pode dar muito prazer. Faço-o diariamente, porque esse é o meu trabalho, enquanto encenador – tornar uma coisa imaterial, ideias, em algo físico. Sugiro o Rei Lear, de Shakespeare, traduzido pelo Álvaro Cunhal durante um período em que esteve preso, nos anos 50. Está editado pela Página a Página, com uns desenhos da sua autoria. Muito bonito.
PARA O DIRETOR ARTÍSTICO DO TEATRO DO BAIRRO, EM LISBOA, O PRAZER DE LER PASSA TAMBÉM MUITO POR APRENDER