A Nossa Prima

NUNO MARKL

COMEDIANTE E RADIALISTA TEM NO LEGO UM ESCAPE CRIATIVO QUE O LEVA A ACUMULAR DEZENAS DE SETS ESPALHADOS PELA CASA

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Não me lembro de quando recebi os meus primeiros Lego, mas habituei-me a tê-los à minha volta desde tenra idade. Lembro-me do impacto que tinham coleções como a dos astronauta­s.

Mas em miúdo, mais do que sets concretos para construir, tinha caixas cheias de peças avulsas das mais variadas cores com as quais estava sempre a construir coisas – carros bizarros, casas estranhas, criaturas. Os originais da minha infância não sei onde param, mas sei que há muito pedaço da minha infância arrumado em caixotes na arrecadaçã­o da casa da minha mãe.

Hoje não faço ideia de quantos tenho, nunca os contei ou cataloguei. Sei que tenho estantes cheias deles e que, neste momento, a coisa está meio caótica. Um dos projetos para 2024 é reorganiza­r uma sala para conseguir arrumar decentemen­te todos os Lego que tenho. O problema é que a Lego está sempre a lançar coisas novas aliciantes – e as mais aliciantes são sempre grandes e difíceis de arrumar! Eventualme­nte, vou ter de começar a doar alguns para abrir espaço para outros.

O que explica que este hobby atravesse as nossas vidas? Lembro-me sempre de uma entrevista que vi com um fã ilustre de Lego, o Trey Parker, cocriador do South Park. Dizia ele que, em miúdo, o desafio do Lego era receber uma caixa cheia de peças, sem instruções e, simplesmen­te, criar coisas do nada. E dizia que na idade adulta, e sobretudo quando se tem uma profissão criativa, não há nada mais terapêutic­o do que pegar num bom set, abrir o manual de instruções e organizar a mente, fazendo o que nos mandam fazer, peça a peça. É um misto de desafio e de absoluto relaxament­o. Alguns sets adoro tê-los à minha volta depois de construído­s, outros constato que o que me deu realmente gozo foi construí-los. Isso vai facilitar quando tiver de abrir espaço.

Uma das questões que mais se colocam quando mostro sets de Lego no meu Instagram, é: “Como é que limpas o pó a isso?” É dramático, na verdade. Curiosamen­te, cheguei à conclusão de que o local onde as coisas menos apanham pó é na cave. Mas nos andares de cima, em que há mais portas e janelas abertas, cadelas a saltar para cima de sofás, etc., aí o pó entranha-se nos mais esconsos recantos das construçõe­s de Lego. De vez em quando, tenho de as lavar e secar com todo o cuidado; uso também espanadore­s suaves.

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