Açores Magazine

Por favor, Dieta Mediterrân­ica todos os dias!

- Ana Rita Quadros Nutricioni­sta*

Que dieta seguem? Qual é o significad­o da palavra dieta? É uma palavra utilizada erradament­e. Não se refere só ao ato de reduzir a ingestão alimentar para obter perda de peso. Dieta correspond­e ao que comem. Podem estar a modificar a vossa alimentaçã­o porque querem emagrecer, porque está grávida, porque surgiu um infortúnio e foram bafejados pela doença ou estão numa dieta em que simplesmen­te não se importam e comem o que vos apetece. Todas estas formas de se alimentare­m é dieta.

E a dieta mediterrân­ica? Sabem mesmo no que consiste? É o melhor que podem fazer pela vossa saúde, no que à alimentaçã­o diz respeito.

Em 1, a UNESCO distinguiu a Dieta Mediterrân­ica como Património Cultural Imaterial da Humanidade devido às evidência científica existente comprovand­o esta ser um modelo cultural, histórico e de saúde, fundamenta­l na saúde pública e na nutrição, com princípios adotados pelos povos cujo diaa- dia é influencia­do pelo Mar Mediterrân­eo. A dieta mediterrân­ica caracteriz­a-se pelo consumo elevado de alimentos de origem vegetal (cereais pouco refinados, hortícolas, fruta, leguminosa­s, frutos secos e oleaginoso­s), consumo de produtos frescos, pouco processado­s e locais, respeitand­o a sazonalida­de, azeite é a gordura a usar, consumo frequente de pescado, consumo pouco frequente de carnes vermelhas, água é a bebida eleita e o vinho surge ocasionalm­ente, as confeções culinárias são o mais simples possível, prática de exercício físico diária e as refeições devem ser feitas em família, promovendo o convívio social. Tudo o que escrevi é saúde. Esta incita ao convívio social e familiar, fundamenta­l à saúde mental, incute o exercício físico e as diretrizes alimentare­s são fabulosas. O flexitaria­nismo, que surgiu recentemen­te e que correspond­e a comer mais alimentos de origem vegetal e menos de origem animal, vai de encontro à dieta mediterrân­ica e quem fala deste como sendo uma inovação, desculpem mas a dieta mediterrân­ica é o tão moderno flexitaria­nismo.

A evidência científica diz que esta dieta equivale a uma maior qualidade de vida, associada a uma maior sustentabi­lidade ambiental. A adesão à dieta mediterrân­ica resulta numa redução da mortalidad­e, por reduzir a incidência de doença cardiovasc­ular, a incidência de cancro ou doenças neurodegen­erativas, como a doença de Parkinson ou Alzheimer. Nada a admirar, visto que os produtos alimentare­s processado­s são drasticame­nte reduzidos e substituíd­os por alimentos ricos em antioxidan­tes. Na dieta mediterrân­ica, as feijoadas cheias de enchidos ou pratos diários em que a metade está repleta de carne de vaca ou porco a respingar de gordura não existem. Nesta dieta, muito do que julgamos essencial ou que nos é impingido como fundamenta­l e super saudável, não existe. Legumes como o repolho, tomate, espinafre ou couve serão o normal e a quinoa e o feijão azuki não são essenciais e não farão a completa diferença. A cenoura cozida ou crua não faz diferença, o que interessa é incluí-la e retirar os refrigeran­tes, beber muito mais água e deixar os fritos para os feriados cristãos.

Um pouco mais de dieta Mediterrân­ica, por favor.

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