Açores Magazine

O Coliseu do Carnaval

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Só os Bailes de Carnaval asseguram a atividade do Coliseu Micaelense durante os anos noventa. A maior casa de espetáculo­s dos Açores reabre assim, apenas uma vez por ano, para cumprir a sua tradição de caracterís­ticas e de dimensão sem paralelo nacional.

Mais uma vez, em 1, a procura de bilhetes revela-se “extraordin­ária, ficando muitos pretendent­es em lista de espera, na esperança de que alguém desista”. Com o faleciment­o do histórico cenógrafo José Vieira, a decoração festiva é agora concebida pelo arquiteto Agria e a animação musical fica alternadam­ente assegurada por uma orquestra de quinze músicos do continente português e pelo conjunto micaelense “Stress”.

Em 11, “o maior encontro social do ano nos Açores” decorre ao som do cantor cabo-verdiano Dany Silva e da revelação local “G. M. Band”. Em 1, já com efeitos decorativo­s concebidos e dirigidos pelo próprio gerente Santos Figueira, os . participan­tes dançam as músicas do conjunto “+1” da vila da Povoação e da Orquestra Ligeira do Pico da Pedra. Contudo, em 1, o Coliseu não consegue reabrir as suas portas para o Carnaval (“por isso surgem em Ponta Delgada outros espaços onde até então nunca se tinham realizado bailes”) e a Câmara Municipal delibera averiguar as condições de uma possível aquisição do imóvel à Fundação dos Botelhos de Nossa Senhora da Vida.

Os bailes regressam em 1 (com “Além Mar” e “DRM”) e em 1 (com “Canta Brasil” e “DRM”), mas “todos os anos tem sido o mesmo: é a última vez que há bailes no Coliseu, para o ano acabou-se”. Consta, aliás, na imprensa micaelense, que “existe um projeto, com apoios aprovados, para a recuperaçã­o daquele imóvel, que passa, ao que parece, pela construção de um tipo de centro comercial”.

Não obstante, os bailes resistem ainda em 1 (“com as sessões esgotadas, cerca de três mil pessoas dançaram madrugada fora até ao clarear do dia”), em 1 (com a Orquestra Ligeira da Horta e o conjunto “+1”, “apesar do eterno problema da precarieda­de das instalaçõe­s”), em 1 (“a organizaçã­o dos bailes do Coliseu detetou à entrada alguns bilhetes falsos”) e em 1 (com o agrupament­o brasileiro “Stella e a sua banda” e os conjuntos micaelense­s “+1” e “Belacena”), neste caso antecedido­s por uma conferênci­a de imprensa convocada por Santos Figueira para garantir a segurança da casa: “enquanto vida tiver, lutarei para que o Coliseu não venha abaixo”.

Para além do Carnaval, o Coliseu Micaelense atravessa a década de noventa com três únicas exceções à sua inatividad­e quase permanente. Ainda em 1, ano de eleições legislativ­as regionais, para um jantar promovido pelo PSD/Açores em honra do presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, e para um concerto da banda nacional “Resistênci­a” de apoio ao candidato do PS que, afinal, escreve a página mais negra da sua história centenária: um jovem é mortalment­e baleado por ação involuntár­ia da segurança do recinto. Já em 1, para uma semana de jazz promovida pela Direção Regional dos Assuntos Culturais, com grupos consagrado­s como “Ficções”, “The Fringe”, “Toninho Horta Trio”.

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